Parte de foguetão colidiu com a Lua

Créditos: Le Voyage dans la Lune, Georges Méliès; via Wikipedia

Em Janeiro passado, neste artigo, demos conta de que o estágio superior de um foguetão não caiu na Terra e foi deixado à deriva no espaço, tornando-se lixo espacial.
Nessa altura, de acordo com os cálculos do astrónomo Bill Gray, dissemos que se tratava de parte do foguetão Falcon 9, da SpaceX, que tinha levado o Deep Space Climate Observatory para o espaço.
Nessa altura, também dissemos que esse lixo espacial iria colidir com a Lua, no “lado oculto” da Lua (o lado da Lua que não está virado para a Terra), a 4 de Março de 2022.

Nessa altura, também dissemos que “nos dias 7 e 8 de Fevereiro, o objeto será novamente visível próximo da Lua, o que permitirá recolher mais dados da sua órbita”. Assim, seria possível confirmar ou corrigir alguns dos dados sobre o objeto e sobre o impacto na Lua.

Ora, essa revisão de dados em Fevereiro, permitiu perceber que o objeto não era da SpaceX, mas é sim um propulsor do foguetão Chang’e 5-T1, que foi uma missão experimental chinesa à Lua, lançada em 2014. O foguete/objeto chama-se 2014-065B. Bill Gray corrigiu a informação, aqui.
No entanto, isto foi negado pela própria China, que disse que esse objeto reentrou na atmosfera terrestre, desintegrando-se. Mas, de acordo com Bill Gray, o Ministro Chinês poderá ter confundido as missões.

Assim, apesar de não se saber com certezas absolutas qual é o objeto (é lixo espacial de um foguetão, mas não se sabe de qual missão com 100% de certeza), tudo o resto estava compreendido: basta seguir as leis de Newton.

Assim, toda a gente assume que o objeto já colidiu com a Lua, no lado não visível a partir da Terra, perto da cratera Hertzsprung.
Os efeitos do impacto terão sido mínimos: deverá ter causado uma pequena cratera na superfície lunar, com cerca de 20 metros de diâmetro.

Esta pequena cratera deverá ser visível a partir de agora pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (da NASA) ou pela sonda indiana Chandrayaan-2.
Nas próximas semanas, deveremos ter a confirmação do local do impacto. Além das sondas passarem pelo local e tirarem fotografias à superfície lunar, é preciso depois identificar claramente na superfície lunar a nova cratera, comparando com imagens anteriores. Infelizmente, a pluma de pó que também terá sido criada com a colisão, não foi possível de detectar (porque a colisão foi no lado não visível a partir da Terra).
O estudo da nova cratera poderá trazer alguns dados sobre a geologia lunar.

Nesta animação, feita em computador, pode-se ver o que seria o impacto na Lua, caso o pudéssemos testemunhar:

Além do problema do lixo espacial poder colidir com objetos espaciais ativos ou poder cair sobre os corpos planetários, como disse o geólogo planetário David Rothery, existe ainda um outro problema: estas colisões podem contaminar a Lua com micróbios, que no futuro podem ser confundidos com “descoberta de vida extraterrestre na Lua”.

Em sentido contrário, David Rothery disse que não se preocupava com a formação de uma nova cratera na Lua: já existem cerca de 500 milhões de crateras na Lua com pouco mais de 10 metros de diâmetro. Mais uma ou menos uma, não é preocupante.

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