Extinção religiosa

Nos EUA, continua-se a discutir bastante o tema do “ensino da controvérsia”.

Apesar deste tema se ter alargado ao tema atual da pandemia (exemplos: será que existe doença? Será que as máscaras funcionam? As vacinas são más?), a verdade é que as personagens são sempre as mesmas e os propósitos são sempre os mesmos.

Normalmente são pessoas com pensamentos extremados (extremistas), que são anti-ciência devido às suas profundas crenças religiosas.

O propósito de “ensinar a controvérsia” é dar a versão religiosa, anti-ciência. Não é ensinar a controvérsia científica, caso exista, mas sim transmitir ideias comprovadamente falsas.

Por exemplo, qual é o interesse de, além de dar a explicação científica para a chuva, também ensinar que provavelmente até pode ser o deus Tlaloc ou Júpiter a chorar nos céus?
A não ser que seja para dar uma visão histórica (e social) de que os cenários religiosos nunca se concretizaram e as explicações científicas sempre venceram no conhecimento dos assuntos.

Um debate ainda atual nos círculos religiosos, mas completamente absurdo em termos científicos é a idade da Terra. A Terra não tem 6000 anos, como continuam a afirmar alguns fervorosos fundamentalistas religiosos.
Ensinar a controvérsia não devia ser apresentar a fantasia religiosa como provável cenário explicativo. Porque não o é.
Ensinar a controvérsia devia ser perceber as limitações científicas do conhecimento, incluindo em termos de métodos, e tentar perceber os intervalos de valores que essas limitações nos podem trazer.

A controvérsia mais conhecida é a da Teoria da Evolução.
Como já explicamos em dezenas de artigos, uma Teoria Científica quer dizer que existem factos comprovados objetivamente. Sendo assim, não estão sujeitos à controvérsia.
Além disso, neste caso (como em muitos outros) existe uma interpretação errada do que a ciência diz. A Teoria da Evolução explica a Evolução da vida. Não me parece controverso que a vida evolui (nascemos, crescemos, morremos).
O problema é que os religiosos pensam que a Teoria da Evolução é sobre a formação da vida. Não é. Esse é somente um mero ponto de toda a Evolução, e um ponto sobre o qual existe controvérsia… científica.

O mesmo se passa na outra controvérsia famosa: a Teoria do Big Bang.
A Teoria do Big Bang é sobre a evolução do Universo no seu todo (a partir do Tempo de Planck). Não é sobre o exato momento do chamado Big Bang, porque sobre ele não sabemos nada. Mais uma vez, existe controvérsia… científica.

Torno a repetir o que já disse atrás: o que a História nos ensina é que em todas estas controvérsias, os cenários fantasiosos da religião perderam, e a explicação científica venceu sempre.
Além da chuva, trovões, doenças, idade do planeta, etc, conseguem certamente encontrar dezenas de outros exemplos, alguns dos quais com que até lidam no dia-a-dia.

Um dos exemplos que li recentemente diz respeito às extinções.
Sabiam que ainda existe a controvérsia religiosa de que as extinções não existem?
Até recentemente (século 19), debatia-se isto abertamente.
Os fósseis que se iam encontrando de animais monstruosos que já não se viam na Terra, eram desvalorizados pelos religiosos dizendo que esses animais ainda existiam mas estavam escondidos e que os cientistas ainda não os tinham encontrado (falácia da inversão do ónus da prova). Além disso, segundo os religiosos, se Deus os colocou na Terra, certamente que não iria fazer desaparecer esses animais (falácia de assumirem que sabem o pensamento de deuses).
Como sempre, também aqui, as crenças religiosas foram suplantadas pelo conhecimento científico: atualmente, nem mesmo os muito religiosos colocam em causa a existência da extinção das espécies.

O conhecimento pode demorar, mas prevalece sempre sobre qualquer tipo de crença pessoal.
Por isso é que o ensino da controvérsia devia ser sempre baseado no conhecimento que se tem, sem misturas com qualquer tipo de crença religiosa.

1 comentário

    • Jonathan Malavolta on 21/04/2022 at 23:56
    • Responder

    Adorei terem colocado o Chuck Norris como causa da extinção dos dinossauros (apesar de saber que é piada, Chuck Norris não é tão “novo” assim; utilizadores de ironia entenderão).

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