“O efeito Forer (também chamado de falácia de validação pessoal ou efeito Barnum, depois de P. T. Barnum ter dito que “temos de tudo para todos”) é a observação de que as pessoas julgam exageradamente corretas as avaliações de suas personalidades que, supostamente, são feitas exclusivamente para elas, mas que na verdade são vagas e genéricas o bastante para se aplicarem a uma grande quantidade de pessoas. Este efeito explica parcialmente a grande aceitação obtida por certas crenças e práticas como astrologia, etc.” (in wikipedia)
Como diz a imagem, o efeito Barnum é a tendência para as pessoas acreditarem que descrições vagas de personalidade se aplicam especificamente/unicamente/pessoalmente a elas.
Os exemplos dados são:
“Tu tens necessidade que os outros gostem de ti. Gostas que os outros te admirem.
Para os outros, mostras-te como uma pessoa disciplinada, com tudo sob controlo; no entanto, dentro de ti, por vezes sentes-te inseguro e preocupas-te com a tua vida.
Tu tens tendência para te criticares a ti próprio.
Sentes que tens capacidades que infelizmente não estás a utilizar na tua vida: tens muito mais potencial, que não estás a conseguir aproveitar.
Por vezes, duvidas das tuas decisões; não tens certeza que tomaste a decisão certa.
Orgulhas-te por pensares pela tua própria cabeça, e por isso não aceitas tudo o que te dizem gratuitamente.
Um dos teus maiores objetivos é teres segurança na vida.
Algumas vezes, és sociável e extrovertido; outras vezes, és mais reservado e introvertido.
Já te magoaram no passado. Por isso, tens tendência para protegeres os teus sentimentos. Proteges-te, mantendo as pessoas a uma “distância segura” até que consigas confiar nelas.”
Existem muito mais exemplos obviamente.
Certamente vocês conseguem pensar em vários outros exemplos que gostariam de ouvir sobre vocês.
Por exemplo: “Por vezes, sentes-te cansado e queres ficar em casa a descansar; outras vezes, sentes bastante energia e queres é festa.”
Um exemplo ainda mais eficiente é fazer elogios encobertos: “Tu sentes que és mais inteligente que as pessoas à tua volta. Por isso é que por vezes te sentes incompreendido.”
Isto são frases que se aplicam à maioria das pessoas.
Por isso é que os astrólogos, videntes, psíquicos, médiuns, etc, usam estas frases, porque o mais provável é acertarem no suposto “diagnóstico”. E a pessoa fica a pensar: “este pseudo sabe tudo sobre mim.”
O website Thinking is Power (Twitter, Facebook) tem vários artigos em que desenvolve o pensamento crítico das pessoas, aumentando-lhes a literacia científica.
Este artigo ensina as pessoas a tornarem-se “psíquicas”, “videntes”, sem serem precisos quaisquer poderes sobrenaturais.
Ou seja, ensina as técnicas que os pseudos utilizam para enganarem as pessoas, e, assim, previne que as pessoas sejam ludibriadas por eles. O que se pretende é inocular as pessoas contra estas vigarices (à luz do conhecimento).
Por exemplo, a técnica inicial é a da Leitura a Frio (Cold Reading), onde se inclui o efeito Barnum: diz-se umas frases vagas que se aplicam à pessoa (porque se aplicam à maioria das pessoas), e vai-se ganhando confiança e empatia com o cliente, ao ponto de ser o próprio cliente depois, sem se aperceber, a dar informações sobre a sua vida ao pseudo.
Para esta “precisão de acertos” ser ainda mais eficaz, o pseudo dirá coisas como: “Os espíritos falam de forma misteriosa (ou, a minha visão interior não é clara), por isso você vai ter de me ajudar a compreender a minha visão”.
Assim, o cliente é que estará a fazer as “previsões” sobre a sua própria vida, sem se aperceber. O cliente é que dá as informações.
Depois, o pseudo vai utilizando outras técnicas, como a observação do cliente. E a seguir infere características, criando um estereótipo.
Por exemplo, se o cliente é mais velho, o pseudo poderá dizer: “Sinto que um amigo ou alguém da família faleceu recentemente”. Ou também poderá dizer: “Os espíritos dizem-me que você tem tido alguns problemas na coluna”.
O mais provável, é acertar.
Seguidamente, o pseudo faz de conta que está a ser específico, quando na verdade está a ser muito vago (isto funciona melhor em frente de audiências).
Exemplo: “Sinto que o número 5 é importante para si”. Pode ser o dia 5 de qualquer mês. Pode ser o mês 5. Pode ser 5 anos de casamento. Pode ser 5 filhos, etc.
Nos EUA, por exemplo, utiliza-se muito: “Sinto que o mês de Novembro é importante para si”. Para os americanos, o Thanksgiving (Dia de Ação de Graças) é muito importante. É o dia da família.
Em Portugal, por exemplo, os pseudos usam mais o mês de Dezembro, porque é a altura do Natal, o feriado em que a família se reúne. Mas se o cliente fizer anos em Dezembro, vai imediatamente dizer: “Você acertou que eu faço anos em Dezembro”. O pseudo não disse nada disso, mas o cliente é que o disse, e por isso o pseudo vai confirmar: “Sim, os espíritos disseram-me que você faz anos em Dezembro”.
Outro exemplo: “Sinto que alguém está a falar comigo. Foi alguém que faleceu de problemas de coração.”
Quase toda a gente tem familiares que tiveram ou mesmo morreram de problemas de coração.
Ainda outro exemplo: “Sinto que é o J que está a falar comigo.”
Mais uma vez, João ou José são nomes extremamente comuns em Portugal. O pseudo só está a utilizar as probabilidades a seu favor.
Existem muitos outros exemplos deste género. São exemplos em que as pessoas (clientes) ficam plenamente convencidos que só se aplicam a elas, mas que na verdade são comuns.
Por exemplo: “Tens uma cicatriz na tua perna de quando caíste em criança.”
Outro exemplo: “Tens uma caixa com fotos antigas em casa, que ainda não tiveste tempo de organizar”.
Outro exemplo: “Tens joias em casa de uma pessoa que faleceu e que adoravas”.
Outro exemplo: “Ainda tens em casa alguns artefactos de um passatempo que já não praticas.”
Tudo isto são coisas aparentemente tão específicas, que os clientes caem logo.
Mas na verdade, são situações comuns. Os clientes é que não se apercebem.
Uma outra técnica é dizer frases que dizem uma coisa e o seu oposto. Assim, o pseudo tem a certeza que vai acertar.
Exemplo: “Muitas vezes és uma pessoa alegre, mas já existiram situações em que te tornaste negativo.”
Outro exemplo: “Tu és uma pessoa espontânea, mas também gostas de alguma rotina.”
O cliente precisa estar muito atento ao viés de confirmação.
Por exemplo, o pseudo pode dizer “ele morreu de forma rápida”. Nessa altura, o cliente responde: “Sim.” E o pseudo aproveita logo: “Pois foi.” E vai aproveitar esta confirmação para “fazer render o peixe”. O cliente vai ficar convencido que o pseudo só acerta.
Até porque o pseudo vai minimizar as vezes que falhar. E vai tentar “virar” isso a seu favor, assumindo que nunca falha.
Por exemplo, os pseudos têm tendência para dizer: “Então é porque isto ainda não aconteceu.”
Ou: “Você é que não notou”. Ou “Você não se lembra, mas aconteceu quando você era novo”.
Ou ainda continuar a insistir até acertar: “Se calhar o J não é da família, mas sim um amigo da família.”
Ou vai culpar os espíritos, dizendo que há energia negativa entre eles, que não deixa o pseudo ter as melhores visões.
Um outro truque é fazer elogios às pessoas.
Vamos supôr que vou a um psíquico para falar com alguém da minha família que morreu. Então, o pseudo sabe que eu gostava dessa pessoa. Por isso, vai dizer coisas como: “Ela era muito alegre e simpática.”
Além disso, o pseudo vai dizer coisas que o cliente quer ouvir.
Exemplo: “Ela está feliz onde está. E ela também quer ver você feliz.”
Uma outra técnica muito utilizada pelos pseudos é sumarizarem a informação que já foi dita e confirmada pelo cliente.
Ou seja, já para o fim da “consulta”, após as coisas serem ditas e confirmadas, o pseudo vai voltar a dizer as mesmas coisas, mas como se o próprio pseudo tivesse acertado nessas coisas (o cliente já nem se lembra que foi ele que disse).
Leiam todo o artigo, com todas as técnicas, no Thinking is Power, aqui.
A série South Park tem um episódio brilhante sobre estas técnicas, aqui.
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