Neste cartoon do Abstruse Goose fala-se sobre a Árvore do Conhecimento no Jardim do Éden.
No cartoon, tal como na Bíblia, a cobra incentiva Adão e Eva a comerem a maçã, de modo a “abrirem a mente”, “abrirem os seus olhos”, terem conhecimento do mundo.
Só que no cartoon, ao passarem a ter pensamento crítico, Adão e Eva percebem que, dada a fisiologia das cobras, a cobra não poderia falar (muito menos na língua deles).
Daí que a cobra desaparece numa nuvem de lógica.
Adão diz que se sente nú, sem as superstições antigas.
Eva considera que esta nova etapa do conhecimento é emocionante, entusiasmante.
Já disse isto, aqui, sobre a famosa série Lost:
“Se calhar, na série Lost, uns são o Homem de Negro, enquanto outros são o Jacob (que chamava ao Homem de Negro de Maldade, só porque o Homem de Negro quer ver o mundo lá fora, quer se desenvolver, quer melhorar, quer mais conhecimento).
Vejo o Homem de Negro como alguém que quer mais conhecimento, que não quer ficar preso a um lugar, que questiona o status quo, que tenta mudar as coisas – e a mudança é a única constante da vida e do Universo; enquanto vejo o Jacob como o seguidor das regras, do que lhe diziam para fazer, que não tem opinião própria (mindless).
Tal como na ilha do Lost, uns preferem escolher e fazer opções, e outros preferem seguir ideologias e pensar que já está tudo determinado.
Se calhar, uns querem comer a maçã do conhecimento (do Paraíso), e outros preferem viver na ignorância seguindo cegamente o que lhes é dito.”
É o mesmo que penso sobre a Árvore do Conhecimento, que está tão bem expressado neste cartoon.
A Árvore da Ciência, do Conhecimento, tinha frutos apetecíveis. Mas Deus não queria que Adão e Eva comessem esses frutos, porque senão ficavam com conhecimento: para se seguir religiões, pseudociências, ou ordens cegamente de alguém (que pode ser Deus), é preciso viver na ignorância. Na minha interpretação, era isso que Deus queria.
Deus tinha uma relação abusiva com Adão e Eva: eles tinham que fazer o que ele queria. E para lhes meter medo, disse-lhes que absorver conhecimento era pecado. Tal como para Jacob, o facto de Adão e Eva quererem ver “mais além” era considerado uma Maldade.
Existem dezenas destas histórias atualmente, em seitas religiosas por todo o mundo: os crentes são mantidos controlados e sem saberem o que se passa no resto do mundo, sob pena de “sucumbirem ao pecado” se não seguirem cegamente as regras. É somente uma forma de opressão.
(note-se que não penso que Deus, a existir, pense desta forma. Penso sim que os homens que escreveram a Bíblia queriam que os seus seguidores não fizessem muitas perguntas. E este tipo de parábolas era uma forma de lhes meter medo, dizendo que Deus não queria que eles questionassem as regras impostas. Ter seguidores ignorantes é a melhor estratégia para um controlo/opressão/submissão mais eficaz)
Ao comerem o fruto proibido, o fruto do conhecimento/ciência, Adão e Eva ficaram com algum conhecimento dos temas. No mínimo, ficaram com curiosidade em perseguir esse conhecimento, e a deixar para trás a ignorância e as superstições.
Ao perceber que já não os conseguia controlar totalmente como queria, Deus expulsou-os.
E eles, com a nova e excitante curiosidade que adquiriram, foram explorar o mundo à sua volta: foram “abrir os olhos”.
Comerem a maçã, foi o mesmo que retirarem uma venda sobre os olhos, ou o mesmo que destruírem as amarras da ignorância/superstições em que Deus os tinha preso, para melhor os controlar.
Adão e Eva passaram a ter conhecimento e opiniões próprias.
Passaram a ser livres.
Pelo menos, esta é a minha interpretação, que já sei que é polémica 😉
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