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Temos vários artigos publicados a promover o pensamento crítico, o pensamento racional.

Por vezes, até se pode pensar que o pensamento crítico só se aplica a assuntos de ciência.

Ora, isso não é verdade.
O pensamento crítico é transversal.
Alguns estudos publicados na área da educação mostram que se a pessoa conseguir desenvolver pensamento crítico numa determinada área (ex: científica), consegue aplicar esse pensamento crítico noutras áreas: assim, a pessoa vai adoptar um pensamento racional noutros assuntos da sua vida do dia-a-dia.

Uma das características do pensamento crítico é saber identificar os especialistas.
Se eu quero saber algo sobre medicina, falo com médicos. E não com eletricistas, por exemplo.
Se eu quero saber algo de eletricidade, falo com um eletricista. E não com pintores, por exemplo.
Se eu quero saber algo de pintura, falo com um pintor. E não com astrónomos, por exemplo.
E assim sucessivamente…

Ora, se eu quero conselhos financeiros, devo falar com um especialista em finanças. Não devo acreditar em concorrentes de reality-shows, por exemplo.

Vem isto a propósito desta reportagem na RTP, sobre pessoas terem sido alegadamente burladas por um casino online, só porque acreditaram em auto-proclamados influencers que apareceram num programa de reality-show.

Os auto-proclamados influencers, normalmente, não são especialistas em coisa nenhuma.
Eles são pagos para dizerem algo sobre os produtos que promovem. Mas não porque esses produtos funcionem.
As pessoas não se devem deixar enganar pelas promoções de auto-proclamados influencers.

As marcas gostam muito de usar caras conhecidas, figuras públicas.
Porque as pessoas tendem a pensar: se a pessoa usa X, então eu também posso usar X.
Cristiano Ronaldo, por exemplo, dá a cara a várias marcas. É normal. Mas Ronaldo é um excelente jogador. Não é investigador em marcas de champô, por exemplo. Por isso, ele deve ser um exemplo (de trabalho e talento) a seguir no futebol, mas não deve ser exemplo sobre champôs.

A maioria dos concorrentes de reality shows não são exemplos a seguir em área nenhuma. Nem ganharam os programas em que entraram, nem são profissionais de topo nas áreas de trabalho.
Assim, não entendo o fascínio que as pessoas têm em “segui-los”.

O pensamento crítico diz-nos que: devemos sempre procurar informação sobre os assuntos, e não acreditarmos em algo só porque algum idiota da aldeia (como lhes chamou Umberto Eco) assim o afirma.

Vejam a reportagem da RTP, na Prova dos Factos, aqui.

E leiam o artigo no site Fraude.pt, aqui, sobre esta alegada fraude, que escreve: “Seguir influenciadores que só promovem esquemas, fraudes e outro tipo de porcarias, acaba sempre por terminar assim.”

2 comentários

    • Nuno José Almeida on 04/10/2022 at 09:06
    • Responder

    Bom dia. O termo promoção é um false friend de promotion. Neste contexto a palavra correcta seria Divulgação, publicidade, propaganda, anuncio, etc. Em Marketing, a palavra Promotion, dos 4Ps do Marketing Mix, por exemplo é traduzida como comunicação. Estraga os 4Ps em Português mas é o correcto.

    1. Tem razão.

      Promoção, em português, pode levar a pensar em descontos…

      Vou corrigir.

      Obrigado 😉

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