Mentalidades anti-sistema

Esta é uma hipotética conversa que se vê muito nas redes sociais.

Existem pessoas a defender as ideias mais absurdas, só porque se auto-intitulam anti-sistema: se os especialistas dizem “não faça X”, então a pessoa vai querer fazer X. Se os especialistas dizem “faça Y”, essas pessoas vão logo dizer “eu não vou fazer Y, eles querem é $$$”.

Isto viu-se recentemente durante a pandemia.
Os especialistas diziam: tome a vacina. E os negacionistas, mesmo em face dos factos que comprovavam que as vacinas funcionavam, respondiam que era o sistema a querer impôr-lhes algo, que era o “Big Pharma” a ganhar dinheiro, etc.

Notem que são tudo argumentos falaciosos, porque nada têm a ver com o assunto em questão: as vacinas funcionam.
O sistema até podia querer impôr algo. Era indiferente. Porque a realidade é que as vacinas funcionam.
O Big Pharma até podia querer fazer dinheiro. Era indiferente. Porque a realidade é que as vacinas funcionam.
etc, etc, etc…
Todos os argumentos falaciosos que os negacionistas poderiam imaginar, nunca punham em questão o facto essencial sobre as vacinas.

Esta mentalidade anti-sistema está presente em muitos assuntos científicos.

A imagem retrata, de forma sarcástica, um desses assuntos.

Se a comunicação social diz que não se deve beber lava, e como por vezes eles mentem, então deve-se beber lava.
Entretanto, aparece um geólogo (especialista) que recomenda que a pessoa não beba lava.
E vem logo um conspiracionista dizer que é a “Big Geology” a oprimir a voz (as escolhas) do povo. E defende: ensinem a controvérsia! Bebam lava.

E pronto, as pessoas têm uma mentalidade anti-sistema, anti-conhecimento, anti-especialistas, só pelo facto de o serem.
Não há qualquer avaliação do assunto em causa. Há só a negação do que os especialistas disserem.
É o oposto de pensamento crítico.

5 comentários

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    • Jonathan Malavolta on 29/10/2022 at 12:41
    • Responder

    É assim que eles – supostos negacionistas (já explico esse “supostos”) – mantém o controle social, e é isso que me faz ter quase certeza de que eles não são negacionistas de verdade, apenas se fazem de para controlar as massas e tirar dinheiro destas.

    Existe um ditado antigo que talvez se enquadre aqui: “Faça o que eu falo mas não faça o que eu faço.” É como Donald Trump negando as vacinas em público mas tomando-as quando ninguém estava vendo (se fazendo “suposto” negacionista; ele não é um negacionista de verdade mas apenas finge sê-lo em público, uma vez que aceita para si as vacinas no privado, mas publicamente afirma rejeição a estas pois assim obtém o controle social sobre as pessoas). Outro exemplo, e aqui preciso ser justo e mencionar como referência a Doutora em Física de Partículas Gabriela Bailas pois ainda não assisti ao documentário (pseudo-documentário, na verdade) tão mencionado em seus vídeos (canal Física e Afins), é aquele famoso guru que DIZ levitar mas, quando tem alguém olhando – e melhor, filmando – a tal levitação nunca acontece. Ele não é um “guru” de verdade (até porque não existem DE FATO “gurus”, existem sim espertalhões de toda espécie), apenas quer manter o controle social em cima das massas que lhe dão crédito.

    Amplexos tupiniquins!

    1. Infelizmente, essa hipocrisia existe muito na política 🙁
      Nos EUA, mas também em Portugal, e acredito que no Brasil também.

      E existe muito na pseudociência, quer em quem vende livros, quer em programas de TV ou videos de YouTube.
      Eles querem visualizações, por isso dizem porcarias. Mas não seguem essas porcarias.

      Um dia, numa entrevista feita em segredo (ela não sabia) a um jornalista, uma famosa astróloga portuguesa (a mais famosa, provavelmente), disse que não acreditava em nenhuma daquelas tretas… mas fazia essas consultas para poder ganhar a vida.
      E os “tolos” continuam a “cair” e a pagar-lhe…

      abraço

        • Jonathan Malavolta on 30/10/2022 at 09:57

        Falando em entrevistas, me lembrei de outra, anos 90:

        Nos USA, uma suposta clarividente afirmava saber onde encontrar crianças desaparecidas. Uma jornalista e seu produtor resolveram desmascará-la, usando um ardil bastante comum: pegaram uma foto da própria jornalista quando criança, foto que ninguém sabia ser da jornalista, e o produtor, disfarçado, procurou a suposta clarividente. Apresentada a foto, a mulher alegou que sabia onde a criança havia sido enterrada. No dia seguinte, recebeu uma ligação do estúdio pedindo esclarecimentos. Lá, repetiu seu teatrinho para a jornalista. Calou a boca quando a jornalista afirmou: “Como a senhora afirma saber onde a criança está enterrada, se esta mesma criança está agora diante de você, já adulta? Esta sou eu aos 7 anos, em uma foto dos anos 70.” A tal clarividente ignorou a jornalista, saiu do estúdio e nunca mais se soube dela. Assisti isso na época em que mantinha TV por assinatura, pegava vários canais estrangeiros.

      1. Infelizmente, a situação (vigarice da medium) não me surpreende 🙁

        Parabéns para a jornalista que desmascarou a vigarista.
        Infelizmente, essa não é uma situação usual: normalmente, os jornalistas deixam-se levar pelas vigarices.

      2. Escrevi um post sobre isso 😉

        https://www.astropt.org/2022/10/30/vigaristas-apanhados/

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