Gostei bastante desta entrevista de Ricky Gervais, no site The Talks.
Obviamente, ele fala sobre a comédia.
No entanto, como é habitual nele, as palavras podem ser interpretadas sob a capa do pensamento crítico e do conhecimento, de modo à entrevista poder ser aplicada a discussões nas redes sociais, blogs, etc.
Eu li a entrevista, dando-lhe uma perspetiva de conhecimento científico.
Alguns excertos:
“The good thing — and the annoying thing — about stupid people is that they don’t know they’re stupid. Stupid is just funny. I don’t know why. Stupidity mixed with arrogance is even funnier.”
Por vezes, vemos isso nos comentários sobre pseudociências: as pessoas mostram ter certezas sobre tretas que não funcionam, com uma arrogância que se torna divertida.
Os comentários no artigo sobre o fim-do-mundo em 2012, também mostrou essa arrogância baseada na estupidez: muitas pessoas tinham a certeza que o mundo ia acabar, apesar de ignorarem conhecimento básico sobre o assunto.
“You can’t legislate against stupidity.”
Este, infelizmente, é um problema.
Daí Umberto Eco ter dito que as redes sociais deram voz aos imbecis.
“I think you can make fun of anything except things people can’t help. They can’t help their race or their sex or their age, so you ridicule their pretension or their ego instead. You can ridicule ideas — ideas don’t have feelings. (…) When people take offense, they’ve often mistaken the target of the joke with the subject of the joke: you can tell jokes about race, sex, and age without being racist, sexist, or ageist.”
Daí ser importante criticar-se o que as pessoas dizem, tendo em conta o conhecimento que existe sobre o assunto.
Infelizmente, muitas vezes as pessoas deixam-se levar pelo ego, em vez de reconhecerem os erros/a sua ignorância.
“You can’t worry about one person not understanding a joke — because some people will never get it! Someone misunderstanding you is not your problem, it is theirs.”
O mesmo se passa em termos de conhecimento científico.
É imbecil algumas pessoas defenderem a ideia da Terra Plana, por exemplo.
Mas o conhecimento está disponível. Se algumas pessoas preferem ignorá-lo, o problema é maioritariamente delas, que colocam crenças pessoais acima de conhecimento objetivo.
“Just because you’re offended, it doesn’t mean you’re right. And it has gotten to this point where if one person complains, they expect the world to stop.”
Em ciência, vê-se isto muitas vezes em temas fraturantes com a Igreja.
Ao longo da História, muita gente religiosa sentiu-se ofendida com certas ideias científicas.
Mas mais uma vez, esse é um problema das pessoas que colocam crenças pessoais acima de conhecimento objetivo.
“In art, the only valid form of censorship is your right not to listen.”
Obviamente, qualquer pessoa pode decidir não seguir o conhecimento científico.
Mas nesse caso, tem que negar praticamente toda a sua vida…
“You should be able to say anything you want as long as it’s the truth. (…)
The truth is more devastating than a lie”
O conhecimento científico deve estar sempre acima de qualquer pseudociência, religião ou ego pessoal.
E nesse sentido, o conhecimento científico tem uma influência na nossa vida muito maior do que qualquer outra coisa, desde que acordamos até que nos deitamos. Assim, também pode ser mais devastador, inspirador e arrebatador.
Podem ler toda a entrevista, aqui.

“Ao longo da Humanidade, já existiram cerca de 3000 deuses. Mas só o teu deus é que existe. Todos os outros deuses são estúpidos, são fantasias absurdas. Mas não o teu. O teu é real, claro.”
Crédito: Ricky Gervais, American Atheists
Últimos comentários