No início desta semana, foi noticiado que foi alcançado um acordo histórico para os oceanos.
Este acordo para proteção dos oceanos chama-se: High Seas Treaty – Tratado do Alto Mar.
No seguimento do acordo alcançado no COP15, aqui (criar áreas de proteção da biodiversidade em 30% do planeta até 2030), o mesmo objetivo de 30 por 30 foi alcançado para proteção da biodiversidade no alto-mar.
Assim, após 15 anos de negociações, 193 países concordaram em proteger 30% das águas internacionais até 2030: em águas internacionais, os países podem navegar, investigar, minerar e pescar à-vontade.
Sobretudo, a poluição, o comércio e o turismo humano têm se tornado um problema cada vez maior, afetando não só os números de vida marinha, mas também as suas migrações: as migrações anuais de golfinhos, baleias, tartarugas marinhas e peixes, têm vindo a ser comprometidas.
Apenas 1,2% dessas águas são protegidas.
Agora, ao acordarem proteger 30%, o salto quantitativo de áreas protegidas é enorme.
É óbvio que isto é importante, até porque os oceanos são grande parte do planeta (as zonas de alto-mar, águas internacionais, são quase metade da superfície do planeta), e onde existe uma maior quantidade e diversidade de vida (e onde se estima que se conheçam somente 10% de todas as espécies marinhas).
No entanto, como os Humanos vivem em terra, dão mais valor à vida terrestre. Desta forma, a vida marinha foi negligenciada. Mas esta vida sofre com o tráfego marítimo, com a pesca excessiva, com as alterações climáticas, etc.
Além de representarem 95% de toda a biosfera do planeta, os ecossistemas oceânicos produzem metade do oxigénio que respiramos e absorvem grande parte do dióxido de carbono.
Isto é extremamente importante em termos de alterações climáticas.
É verdade que este é um acordo bastante importante.
É sempre difícil ter 5 pessoas a concordarem com algo mundial. Ter quase 200 países a concordarem com tantos pontos que afetam tanta gente, é significativo.
Assim, é preciso dar os parabéns às Nações Unidas por mais este acordo histórico.
No entanto, tal como eu disse para os resultados do COP15, aqui, sou muito pessimista quanto a estes “acordos globais”, muito gerais, que raramente têm tradução prática.
Ou se calhar, sou eu que me tornei demasiado cínico: já não acredito em promessas generalizadas de políticos nem acredito que o dinheiro vai todo para onde seria suposto…
Duvido muito que os ansiados santuários marinhos por todo o planeta sejam uma realidade em 2030.
Note-se que o último acordo internacional sobre proteção dos oceanos tinha sido assinado em 1982. No entanto, nestes 40 anos, os desacordos foram enormes, sobretudo sobre financiamentos e direitos de pesca… levando a que as negociações estagnassem.
Por isso, também não fico particularmente entusiasmado com este novo acordo: é importante no papel, mas fico à espera para ver a sua aplicação prática…
Fontes: ONU, Diário de Notícias, Globo, Skynews, Skynews, BBC, CNN, The Guardian, Metro.
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