A investigadora Amanda Cook desenvolveu uma forma de utilizar as Fast Radio Bursts (FRBs) – Explosões Rápidas em Rádio (no comprimento de onda de rádio) – como se fossem holofotes, para melhor se detectar o gás existente na Via Láctea.
Os enigmáticos FRBs (leiam aqui e aqui) geram ondas de rádio de alta frequência e de baixa frequência (se fosse na luz visível, veria-se em cores: azul ou vermelha). Como é tudo radiação, assume-se que chegam ao mesmo tempo à Terra. Mas não é isso que acontece. Normalmente assumimos a velocidade da luz no vácuo. Mas no espaço interestelar, existe gás. Ao passar pelo gás, a radiação desacelera: o travão é mais forte nas frequências mais altas. O resultado final é que os telescópios terrestres detectam um sinal distorcido da rajada de rádio: existe um atraso entre as frequências do mesmo sinal rádio. Isso é chamado de dispersão.
Ao estudar essa dispersão, é possível inferir a quantidade de gás que existe na Galáxia, na parte do trajeto que levou o FRB desde a origem até à Terra.
No entanto, não é possível determinar, para já, como esse gás está distribuído ao longo do caminho: não é possível dizer se o gás está mais perto da origem, mais perto da Terra, etc – não se consegue dizer onde ele está no trajeto.
Independentemente dessa distribuição, é importante saber a quantidade de gás na Galáxia.
Amanda Cook usou este método para inferir a quantidade de gás que existe no halo da Galáxia.
O resultado foi surpreendente: o halo da Via Láctea contém muito menos gás do que os modelos previam.
O artigo científico tem um título muito interessante: An FRB Sent Me a DM – Um FRB enviou-me uma mensagem privada. 😀
Fontes: artigo científico, University of Toronto, Phys.org
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