Acreditar ou não
A SIC tem um programa intitulado Essencial, em que a jornalista faz investigação mais a fundo sobre um determinado tema.
Recentemente, aqui, esse programa focou-se nos testemunhos de 3 alegadas vítimas de abusos sexuais na Igreja portuguesa.
A frase que mais me “marcou” foi esta:
Isto realmente faz-nos refletir sobre a relatividade das crenças: o porquê das pessoas acreditarem mais numas coisas do que noutras. Neste caso, porque se acredita mais nos testemunhos de determinadas crianças, em detrimento de outras.
As crenças são extremamente subjetivas.
As pessoas tendem a acreditar mais em algo (do que noutras coisas), por fatores externos ao objeto da crença. Ou seja, os fatores da crença têm a ver com a pessoa em si (o crente), independentemente da validade do fenómeno em que se crê.
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Carlos Oliveira
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica.
Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
4 comentários
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Em abono da verdade, e agora não sei bem as história de cor por isso corrijam-me se estiver errado, as crianças da cova da iria, foram acusadas de serem mentirosas pela igreja. Só depois do “milagre” do sol é que a igreja fez a vontade à população, ou algo assim parecido.
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Pelos livros que tenho lido a respeito de Fátima, eles realmente foram inicialmente contra as crianças. Porque percebiam que as crianças estavam a mentir.
Mas depois a pressão popular é que os fez mudar.
Não foi tanto o chamado milagre do Sol (que na verdade se manteve igual para o resto do mundo, incluindo Leiria ou Lisboa), mas sim o facto de centenas de pessoas ocorrerem ao local, já com “business ventures”, empreendimentos comerciais de venda de mezinhas para se assistir a mais uma “vidência”.
Como penso que já disse num outro artigo: a Igreja foi excelente em termos de marketing nessa altura: “vendeu” a sua imagem associada a Fátima, conseguindo alastrar por Portugal, em detrimento da verdade que só os levaria a estarem contra a população ignorante da altura.
Pelo menos, é esta a minha interpretação 😉
Os grandes responsáveis pelo marketing da Fátima foram os jornais de Lisboa, principalmente O Século. A igreja já mais tarde é que entrou no barco porque já eram imensas as pessoas que acreditam. O “milagre” do Sol foi o culminar de tudo isto. Na prática este foi o avistamento que ganhou mais força entre os que iam havendo. Agrada-me a lógica da história ser uma invenção da Lúcia que tinha acabado de ler um livro sobre Lourdes. A história é quase igual, nunca saberemos. Mais interessante ainda é que foram principalmente as pessoas de fora que deram força a tudo isto. Mais uma vez estou a falar um pouco de cor. A igreja local e o bispo inicialmente quiseram mesmo acusar a Lúcia de estar a mentir. A população de Aljustrel ria-se de tudo enquanto pessoas de fora e principalmente das cidades iam cada vez mais a Aljustrel e a Cova da Iria, os terrenos que eram do pai. As ideia pré concebidas que temos da altura de que eram todos muito probrezinhos e atrasadinhos não corresponde à verdade. Os locais tinham mais cabecinha para entender o engodo que os citadinos que começaram a ir ao magotes. Como em Lourdes ou Efaso no sec. X em AEC, o negócio venceu. Não podendo parar a onda, a Igreja agarrou-a com todas as mãos.
Após a criação do Catolicismo e de suas primeiras Igrejas, a frase “negócio da China” começou a perder sentido; agora é mais lógico falar “negócio do Vaticano”.