Um dos ideais de Star Trek era que as diferenças entre os Humanos não fossem um motivo para guerras (em termos de religião, racismo, sexismo, xenofobia, orientação sexual, etc), mas fossem sim celebradas.
Na verdade, na série Star Trek, as diferenças não eram celebradas.
Simplesmente, as diferenças não interessavam: a prioridade era serem todos humanos (ou meio-humanos, como o Spock).
Mesmo as incapacidades ou deficiências, não eram escondidas, mas eram sim acomodadas sem qualquer estigma associado. Ou seja, mais uma vez, não interessavam: não eram motivo de discriminação.
Infelizmente, mesmo na série Star Trek, as coisas não eram bem assim.
Mesmo em Star Trek (original), quem estava no comando era um homem branco dos EUA.
É verdade que o objetivo era ter uma sociedade multicultural a trabalhar junta, mas mesmo na tripulação a existência de homens brancos era dominante, sendo que as mulheres, por exemplo, tinham um papel subalterno (normalmente de assistentes ou como interesses românticos dos homens).
Além disso, a piada recorrente em Star Trek era que, aquando de missões a planetas, já sabíamos quem morria: os que vestiam de vermelho.
Não sei se isto constitui algum “racismo” nas cores das camisolas…
Quanto às deficiências, é estranho haver tanta tecnologia avançada, incluindo tecnologia que favorece os Humanos (como o Visor do Geordi), mas os cientistas eram incapazes de “curar” a pessoa. Não seria mais fácil restaurar a visão de Geordi do que criar esse visor especial que até lhe permite ver mais (noutros comprimentos de onda) que os Humanos?
Apesar disto, concordo com a ideia subjacente a esta mensagem: se um dia encontrarmos extraterrestres avançados, iremos nos unir como Humanos.
Porque a nossa mentalidade é muito de nós contra eles: nós (desta religião, deste tom de pele, deste género, desta equipa, deste país, etc) contra os outros que são do outro grupo.
Nessa altura, seremos nós (Humanos, do planeta Terra) contra eles (extraterrestres, do planeta XPTO).
1 comentário
Muito boa análise, como é hábito!
A mentalidade dominante nos States é muito dificil de mudar (e de gerir…).
Ao tempo, foi uma enormidade (quase a raiar a escandaleira!) o que se viu em Star Trek em termos de raças, credos e sexos.
Curiosa e lamentavelmente, a progressão que se vem vendo é inversa… O incremento dos racismos, da xenofobia, do conservadorismo, dos ultras em geral está a atingir níveis cujo resultado pode vir a ser gravíssimo …
Egoisticamente, termino afirmando que, certamente, já cá não estarei para assistir… E o que me sossega, é que este “pequeno ponto” do universo é irrelevante face à dimensão global.
Boa sorte, pobre e orgulhosa humanidade!