A temporada 9 da aclamada série de comédia Modern Family lida bastante com pseudociência.
A prova disso são os episódios: 9º; 10º; 14º; 17º; 3º e 22º; 13º, 16º, 19º e 21º.
No décimo-sétimo episódio, Mitchel e Cam vão a um retiro para casais.
O retiro está cheio de atividades pseudo, com a buzzword “mindful” a ser dita várias vezes.
É verdade que existem atividades mais normais, como yoga. Mas, sem surpresa, também tem atividades mais ridículas, como yoga com cabras.
Existe um workshop com xamãs que supostamente alinham os inexistentes chakras.
Os participantes são encorajados a tocarem numa taça supostamente tibetana, porque alegadamente relaxa e promove o silêncio.
Também existem tanques de isolamento dos sentidos: o objetivo é que os participantes alcancem um estado de descontração/relaxamento profundo. Infelizmente, Mitchell acha que os tanques são caixões cheios de água. Dentro do tanque, ele só criou mais ansiedade.
Durante um período de meditação silenciosa, Cam e Mitchell discutem um com o outro, só com gestos, e não falando. Ambos assumiram que o outro estava a assumir as culpas pelo desentendimento. Obviamente, ambos estão errados.
Aparentemente, a comida cheirava mal, tinha um sabor estranho e provocou problemas gástricos em vários participantes. Mas as autoridades do retiro dizem que não há problema, já que é suposto ser assim para as pessoas exorcizarem os seus problemas.
Uma das coisas que se ficou a saber é que eles foram para o retiro com a opção “tudo incluído”, mas todas estas atividades ficaram excluídas desse pacote: foram todas pagas à-parte.
Até as refeições eram pagas à-parte. O pequeno-almoço, por exemplo, que consistiu em somente linhaça e bagas, custou 55 dólares!
Isto levou Mitchell a insinuar que era tudo uma vigarice para retirar mais dinheiro aos participantes.
Sem surpresa, Cameron e Mitchell detestaram o suposto retiro espiritual… que era caríssimo, porque davam valor à parte material.
Neste mesmo episódio, o contraponto à pseudociência é a presença do astrofísico Dr. Arvin Fennerman.
O inteligente namorado de Haley, Arvin, vai visitar os pais de Haley.
Isso faz com que Phil e Claire compitam entre eles para saberem quem é mais inteligente: Claire responde corretamente a mais perguntas.
No episódio, Phil e Claire ficam a saber que Plutão não é planeta.
Arvin é um totó, é um nerd.
Ele faz uma piada sobre ser uma superestrela e não uma supernova. No entanto, ninguém percebe a piada (se fosse uma supernova, explodiria, morreria).
Durante o episódio, Arvin ficou a saber que a sua teoria tinha sido invalidada. Corretamente, ele diz que este é o processo da ciência: quando ele pensou nesta teoria, ele também invalidou outra teoria anterior.
Na verdade, isto não são teorias, mas sim hipóteses e modelos. E um modelo ou hipótese não invalida outro. O que invalida as ideias científicas são as evidências.
Durante a competição entre Phil e Claire, uma das perguntas foi: quantas luas tem Júpiter?
Arvin diz que a resposta é 27. Mas a resposta correta naquela altura (2018), era 67 luas confirmadas ao redor de Júpiter.
Arvin confundiu o número de luas em Júpiter com o número de luas de Urano.
Como Arvin deu uma resposta errada sobre a sua área, ficou deprimido o resto do dia (não soube lidar com o erro).
No final do episódio, Arvin diz que Phil e Claire podem não ter inteligência académica, mas têm uma enorme inteligência emocional.
Na sequência da competição entre Phil e Claire, e sobretudo na comparação com Arvin, Alex percebe que o seu namorado bombeiro chamado Bill é um ignorante e adepto de conspirações.
Bill acredita que Einstein é o pai de Alex.
Bill não acredita que o Homem foi à Lua.
Bill acredita em alienígenas que nos visitam e em zombies.
Quando Luke chega à sala, confunde Arvin com Bill, pensando que Bill é um génio.
Então Luke pergunta-lhe sobre a existência de alienígenas, e Bill confirma que existem.
Depois pergunta-lhe pelo apocalipse zombie, e Bill responde que os cientistas deviam começar a trabalhar na imunidade contra dentadas de zombies.
3 comentários
No Brasil, nascedouro de “gurus” de toda a espécie, nunca se viu um país mais prolífico para os “picaretas”. Um deles levou um grupo de dezenas de pessoas a uma montanha para um “teste de resistência”, servir de experimento para se aprender que tudo é possível com “persistência, coragem e fé”. Porém, tiveram de pedir socorro ao Corpo de Bombeiros para descer a montanha devido ao mau tempo da hora.
O mais impressionante é como a pseudociência aportou nas universidades de uma forma tão fácil, e também no Sistema Único de Saúde, órgão público responsável pelo atendimento básico à população com vacinas, cirurgias, etc.. Dá suporte aos hopitais universitários, entre outros.
Nas universidades existem agora os “centros de práticas integrativas e complementares em saúde”, que nada mais é que um pacote de pseudociências aplicado nos pacientes. No SUS, a situação é mais preocupante, pois as “terapias alternativas” são aplicadas em larga escala: Reiki, bioenergética, a bizarra “Constelação Familiar”, ozonioterapia, florais, etc…
Ou seja, onde a referência deveria ser a ciência, as provas, a evidência que algo funciona, o que vale agora é o “atendimento holístico”, “humanizado”, palavras bonitas para esconderem o fato que são pseudociências, logo, não funcionam, é placebo.
Ao invés de a academia proteger a população dando orientações de como escolher atendimento médico adequado, e inclusive apelar para a Justiça e à polícia para penalizar práticas de saúde enganosos, não, nada disso, passa a ser ela mesma o instrumento de apoio desse mundo bizarro, ou por ideologia ou por ignorância, não por fatos. É irresponsabilidade profissional, de chorar.
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🙁
Infelizmente, nas universidades, incluindo nos cursos de ciência, não ensinam pensamento crítico.
Por isso é que se vê tantas pessoas a serem levadas por banha de cobra 🙁
João, nem por ideologia nem por ignorância, é por pura ganância. Pseudocientistas (na boa, só estou sendo politicamente correto; pessoalmente, prefiro usar o termo “charlatães” mesmo) ganham verdadeiras fortunas das pessoas. E nem adianta um babaca iludido qualquer vir com o papinho: “Ah, mas o curso dele é tão baratinho, só paguei R$ 10,00 o curso inteiro.” Oh iludido que prefere permanecer criança a CRESCER, retorne ao Ensino Fundamental I, mais precisamente ao 1º ano, e peça ajuda ao “tio” que ensina Aritmética. Essa conta é basilar demais e você, caro iludido, já deveria saber executá-la: “O Brasil tem 200 (DUZENTOS) milhões (Leu direito, iludido? MILHÕES!) de habitantes; o tal pica das galáxias vende o curso dele para pelo menos 9 décimos da população brasileira em questão de NO MÁXIMO 1 ano. Nada, nada ele LUCRA (em cima de otários como você) 1 bilhão de reais POR MÊS. Então é isso, João, as universidades, o MEC, a Polícia, a Justiça, os hospitais e clínicas só estão de olho no dinheiro (comissãozinha básica) que podem “ganhar” do charlatão para este ministrar seus “cursos” em suas instituições de ensino, ou seus “tratamentos” em suas unidades de saúde. No caso da Polícia e da Justiça, elas sequer investigam o charlatão simplesmente porque ele é RICO.
Observação ao leitor: Não estou chamando o João nem de charlatão nem de iludido, trouxa (o politicamente correto me forçaria a usar o termo “ingênuo”, óbvio), estou chamando é o “professor” e/ou o “doutor” de charlatães e você (e todo o resto que os segue) de trouxas; e se você que me lê se irritou com os termos, sinto muito lhe informar mas a carapuça serviu direitinho – e é por isso que você está irritadinho comigo.