Luna-25 despenhou-se na Lua

Crédito: Roscosmos

A sonda Luna-25 foi lançada pela Rússia no passado dia 10 de Agosto de 2023 (UTC), com o objetivo de pousar próximo do Pólo Sul da Lua, perto da cratera Boguslawsky.
A missão em solo lunar iria durar mais de 1 ano terrestre.

Foi a primeira sonda a ser enviada pela Rússia à Lua em 47 anos: em 1976, tinha sido enviada a Luna-24, pela então União Soviética.
Seria a primeira sonda feita por humanos a pousar no Pólo Sul da Lua.

No dia 16 de Agosto, a sonda entrou com sucesso na órbita lunar.

No dia 19 de Agosto, colidiu com a superfície lunar após ter falhado uma manobra orbital de pré-pouso.

De acordo com o diretor da agência espacial Roscosmos, Yuri Borisov, um “propulsor de manobra” (maneuvering engine) esteve ativo durante 127 segundos, em vez dos esperados 84 segundos (terá sido um erro no código computacional ou problema nos microchips, que não eram de última geração). Isso levou a uma descida descontrolada até à superfície. Em vez da sonda gradualmente descer na sua órbita, tendo uma trajetória elíptica, a sonda foi “direta” à superfície lunar.

Todas as outras manobras de ajuste à órbita pretendida funcionaram perfeitamente. Mas esta não, o que levou ao falhanço da missão.

Perderam-se cerca de 25 anos de planeamento, mais de 130 milhões de dólares, vários instrumentos científicos que iriam analisar o solo lunar e recolher amostras, e muito conhecimento científico sobre o polo sul da Lua.
O conhecimento não se “perdeu”, mas foi sim adiado. Porque certamente no futuro outras sondas pousarão nesse local e nos darão esse conhecimento.

Apesar de obviamente, para nós, o objetivo ser o conhecimento (nomeadamente o potencial de água congelada – gelo – nas crateras do polo sul da Lua, para extrair água, oxigénio e combustível para futuras missões humanas), para a Rússia este era mais um objetivo político: mostrar que ainda é uma superpotência espacial, e assim meter-se na competição atual entre os EUA e a China.
Faço notar que no início da guerra na Ucrânia, em Fevereiro de 2022, devido às sanções impostas à Rússia, a ESA (Agência Espacial Europeia) anunciou que não cooperaria com a Rússia em missões espaciais (incluindo a Luna-25), o que levou a Rússia a substituir equipamentos/instrumentos da ESA por tecnologia russa. O objetivo russo era demonstrar que poderia conquistar o espaço de forma independente.

Devido a este falhanço, as próximas missões lunares que a Rússia tinha planeadas (Luna-26, Luna-27, Luna-28) ficam comprometidas, ou no mínimo, serão adiadas.
Lembro que a Luna-28 planeia recolher material da região do pólo sul da Lua e retornar à Terra, de modo a que se realizem análises detalhadas desse solo e subsolo lunares. Se esta missão se realizar, será só, quiçá, daqui a 10 anos.