Acumulador de Orgónio

Wilhelm Reich era um médico e psicoanalista, seguidor de Freud.

A certa altura, interessou-se por pseudociência e orgasmos.

Antes da 2ª Guerra Mundial, ele fugiu para os EUA (ele era contra o fascismo).
Nos EUA, começou a ter ideias cada vez mais excêntricas.

Uma dessas ideias é que existe uma “energia vital” por todo o Universo, a que chamou orgónio.
Supostamente, esta força esotérica, fruto de crenças espirituais, poderia ser “presa” pelos Humanos.

Vai daí, ele criou uma cabina, a que chamou orgone accumulator, que supostamente absorvia essa energia. Segundo ele, quando uma pessoa ficava dentro da cabina durante horas, poderia sentir essa energia de forma tão forte, que até poderia ter orgasmos.

Em 1941, Reich convidou Einstein a testar a cabina. Einstein foi a casa de Reich e fez o que lhe foi pedido. Einstein esteve dentro da cabina. Não sentiu nada. Quando Einstein mediu os efeitos, percebeu que realmente havia um aumento de temperatura, mas ao medir essa temperatura, compreendeu que era perfeitamente explicada por processos físicos conhecidos, sem ser necessária qualquer energia esotérica desconhecida.
Einstein disse então a Reich que a cabina não funcionava, e pediu-lhe para nunca usar o seu nome (Einstein) na publicidade ao objeto.
Reich protestou, dizendo que os cientistas pensam que ele (Reich) é maluco por acreditar nisso. Einstein respondeu: “Consigo compreender porque os cientistas pensam isso.”

Depois disso, Reich ainda se tornou mais paranóico, passando a acreditar que existe energia má, e por isso inventou uma arma (parecida com uma espingarda) que desintegrava essa energia (que tinha o feliz efeito secundário de criar chuva).
Posteriormente, ainda chegou a pensar que estava sob ataque de naves extraterrestres.

Após vários artigos jornalísticos o terem definido como líder de um culto sexual, as autoridades americanas interessaram-se pelo seu trabalho pseudo, e ele foi proibido de vender o acumulador, já que as experiências demonstravam que ele era uma vigarice. Como ele continuou a vender essas cabinas, e com o intuito de acabar com a vigarice, um raide das autoridades norte-americanas à “sede do culto”, levou à apreensão e queima de vários dos seus livros. Reich foi preso e morreu na prisão em 1957.

Apesar de ser uma crença pseudocientífica, a verdade é que a ideia de “força de vida misteriosa que premeia todo o Universo”, continua até hoje.
Star Wars, por exemplo, tem uma força vital que fala com todos os seres vivos através dos midi-chlorians. A Cientologia tem os Thetans. Na filosofia oriental também existe o conceito de Chi (China) ou Prana (Índia), que é a suposta energia vital que existe por todo o Universo. E o Cristianismo tem a ideia de Deus em todo o lado (além da energia individual, chamada alma).
Assim, não é de estranhar que ainda hoje exista uma terapia orgónica, que se define como holística.

Mais recentemente, nas redes sociais, por vezes divulgam desinformação a dizer que Wilhelm Reich inventou uma forma de curar o cancro, as doenças cardíacas, a artrite e milhares de outras doenças. Mas, como é evidente, é tudo mentira.

O mais curioso é que, quando as autoridades norte-americanas invadiram o escritório de Reich, viram que a sua cabina tinha sido comprada por um professor universitário conhecido e cético.
Quando contactaram esse professor, de modo a lhe perguntarem se havia evidências de que a cabina funcionava, ele respondeu-lhes que a cabina era uma fraude em termos energéticos, mas que o ajudava a ele, porque a sua mulher se sentava dentro da cabina muito quieta durante 4 horas todos os dias, e durante esse tempo não o chateava.

3 comentários

  1. Aqui consigo falar com o Sr Carlos de Oliveira ? Gostei muito da Matéria!
    Ps: Sou um Curioso, nesses assuntos Mirabolantes!!!

    1. Oi Ivan,

      O que gostaria de perguntar?

      abraço

    • Jonathan Malavolta on 11/09/2023 at 16:49
    • Responder

    Concordo com o ilustre comprador da cabine. Uma mulher faladeira pode permanecer por horas dentro dessa cabine, dando um pouco de confortável sossego aos demais (tá, estou debochando de mulheres que falam demais, admito).

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