Cometa Nishimura

Cometa Nishimura visto sobre a Espanha.
Crédito: SomeAstroStuff

O cometa C/2023 P1 (Nishimura) andou pelos nossos céus nos últimos dias.
C: quer dizer que veio da Nuvem de Oort, e tem um período orbital de centenas ou milhares de anos.
2023 P1: quer dizer que o cometa foi descoberto em 2023, e foi o primeiro a ser descoberto na primeira metade de Agosto (P).
Nishimura: é o sobrenome do descobridor, Hideo Nishimura.

O cometa Nishimura foi descoberto pelo astrónomo amador japonês Hideo Nishimura, no dia 12 de Agosto de 2023.
Depois, analisou-se imagens anteriores do céu, e os cientistas perceberam que o cometa já aparecia em algumas imagens feitas em Janeiro de 2023 (mas na altura, pensou-se que era uma estrela)
Assim, com 7 meses de observações conseguiu-se determinar a órbita do objeto.

É um cometa com um período longo: período orbital estimado em 434 anos.
A próxima passagem deste cometa por esta região do sistema solar será, assim, no ano de 2457. Isto só acontecerá, caso o cometa não se desintegre nesta passagem atual.
A passagem anterior deu-se em Julho de 1588 (antes de Galileu ter virado um telescópio para os céus).

Ontem, 12 de Setembro, na sua órbita ao redor do Sol, ele passou o mais perto da Terra. Mesmo assim, passou a 126 milhões de quilómetros de distância da Terra (quase a distância a que está o Sol).
Ele estará mais próximo do Sol no dia 17 de Setembro.
Depois, se sobreviver à passagem perto do Sol, poderá ser visível a partir de países no Hemisfério Sul, mas será muito ténue.

Ontem, ele teve uma magnitude aparente de 2,6, o que é dentro da magnitude que permite que o objeto seja visto a olho nú.
Infelizmente, visto a partir da Terra, ele encontrava-se perto da direção do Sol. Consequentemente, o brilho solar fazia com que visualmente fosse bastante difícil de vê-lo. Mesmo com binóculos ou telescópio, era sempre necessário saber exatamente para onde olhar no céu.

Nas imagens feitas por astrofotógrafos, vemos o cometa com uma coloração verde.
Mas o cometa não é realmente verde…
O que se passa é que o cometa é composto por poeira, gelo de água e gases congelados.
Na sua órbita ao redor do Sol, quando está mais perto do Sol, devido ao calor vai sublimando alguns desses gases, formando uma coma (um invólucro atmosférico ao redor do núcleo) – já a cauda forma-se pelos ventos solares que empurram os gases e poeiras na direção contrária à do Sol. Os gases sublimados são de diferentes elementos. A côr que vemos no cometa é a côr da coma, que é uma côr temporária, e que depende do gás que está sublimando. Ao longo da trajetória, e dependendo da temperatura (mais alta quando está mais próximo do Sol), ele vai sublimando elementos distintos. Nesta altura da trajetória, este cometa está a receber radiação elevada do Sol, que quebra as moléculas orgânicas na sua coma, gerando dicarbono (dois átomos de carbono), que ao ser ionizado, emite luz esverdeada.

(por vezes, vemos meteoros com côr verde. Apesar de na essência também depender da composição química, o processo é diferente. Os meteoros – estrelas cadentes – brilham devido ao aquecimento provocado pela passagem pela atmosfera terrestre. Quando vemos um meteoro verde, é devido à sua camada exterior apresentar concentrações elevadas de níquel)

Este cometa é provavelmente a causa da chuva de estrelas Sigma Hydrids, que tem o seu pico todos os anos a 30 de Novembro.
Ou seja, numa passagem anterior, o cometa deixou muito gás e poeira na região da órbita terrestre por onde a Terra passa a 30 de Novembro.

Vejam agora algumas das melhores imagens do cometa, feitas por astrofotógrafos, enquanto passava pelos nossos céus:

Nick Bull, que faz imagens de Stonehenge, no Reino Unido, com um drone:

Petr Horálek, na República Checa, com a Eslováquia à distância:

Peter Kennett, a partir do Novo México, nos EUA:

1 comentário

    • Jonathan Malavolta on 13/09/2023 at 19:09
    • Responder

    Intrigante.

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