Eu tenho uma enorme dificuldade em perceber a eficácia dos comportamentos extremos de auto-proclamados ativistas ambientais.
Já refleti sobre isto, neste post, aquando das “tomatadas” a pinturas famosas.
Na altura, além de várias outras questões, deixei esta pergunta: Como é que vandalizar arte, protege o planeta?
Agora pergunto o mesmo sobre as ações que se passaram recentemente em Portugal: na semana passada, atiraram tinta vermelha contra as paredes da FIL e atacaram o ministro do ambiente Duarte Cordeiro com tinta verde, enquanto hoje decidiram bloquear a estrada mais movimentada de Lisboa (a Segunda Circular) tendo sido arrastados pelos próprios condutores frustrados que queriam chegar ao seu emprego para pagar as contas da sua família.
Em quê que isto melhorou o clima terrestre?
Uma das coisas que reparei neste grupo chamado Climáximo é que são muito jovens.
Provavelmente está aí grande parte da justificação dos seus comportamentos.
São jovens bem vestidos, com telemóveis/celulares, que certamente vivem bem, e que não têm ferramentas para lidar com problemas.
Vai daí, fazem birras, não interessando quem chateiam.
Fazem o mesmo que uma criancinha de 2 anos no supermercado, quando quer um chocolate e o pai não lhe dá: como não tem ferramentas emocionais, atira-se para o chão, a berrar, a fazer birra, à espera que o pai ceda motivado pelo embaraço.
Não há qualquer estratégia inteligente ou minimamente racional: é só uma atitude de curto prazo, baseada na incapacidade emocional de lidar com os problemas.
O que é que estes jovens conseguem com estas ações?
Conseguem certamente alienar parte da população. Obviamente, pessoas racionais olham para estas ações como drásticas, irracionais e extremistas. Mesmo pessoas que são a favor da transição climática não se revêem nestes comportamentos. E várias dessas pessoas ficam contra os chamados ativistas climáticos. Estas ações não persuadem ninguém para o movimento climático, mas repelem as pessoas sensatas e equilibradas.
Além disso, vários destes movimentos mais extremistas são financiados por milionários americanos, que fizeram fortuna precisamente à custa da exploração do petróleo e que viajam em jatos privados. Por serem tão jovens, estes ativistas são facilmente manipulados pelas grandes empresas petrolíferas. Assim, estes jovens conseguem realizar as ações que as grandes empresas petrolíferas querem: fazer com que a pessoa comum odeie os movimentos a favor do clima. Ou seja, estes jovens fazem o “trabalho sujo” das empresas que são a favor dos combustíveis fósseis.
Por outro lado, estes jovens elevam a ideia de “defender o clima” a uma religião. Ao não terem comportamentos racionais, mostram que isto é somente uma crença religiosa fundamentalista. E desta forma, tenho que dar os parabéns às grandes empresas dos combustíveis fósseis por conseguirem que jovens sejam tão enganados por eles, ao ponto de colocarem grande parte da população contra a “religião” dos movimentos climáticos, vendo-os como uma “moda”.
Esta ação na segunda circular colocou centenas de condutores contra eles.
A ação na FIL fez com que se gastasse imensa água e produtos industriais para se limpar os vidros.
Já as tomatadas na arte tiveram como único resultado o desperdício de comida.
Serão estes os objetivos destes jovens?
É que estes foram os resultados: desperdício de comida, gasto de água e condutores contra eles.
Quando é que estes jovens vão ganhar um pouco de consciência e inteligência para perceberem que não é assim que se combate as alterações climáticas?
Estes jovens mostram que:
1 – preferem o terrorismo político a soluções sustentáveis. As pessoas violentas deviam ser criminalizadas (artigo 333º do Código Penal, como afirmou Paulo Portas). Ao contrário do que afirmaram, desvalorizando esses comportamentos violentos, tanto a CNN Portugal como o ministro Duarte Cordeiro deviam ter chamado a polícia e imediatamente prendido as auto-proclamadas ativistas. Não é a “deixá-los à solta” que resolvem o problema.
2 – preferem o espetáculo a soluções racionais: eles fazem isto só para chamar à atenção. Mais uma vez, é o mesmo objetivo das crianças birrentas.
3 – demonstram não compreenderem o mundo: as empresas como a GALP e outras, mudavam logo para energias verdes se isso lhes fosse rentável. O problema das empresas não é a ideologia ambiental. É o dinheiro, o capitalismo.
4 – demonstram uma absoluta ignorância sobre quem polui: quem mais polui no mundo não é a União Europeia, e muito menos Portugal. A União Europeia está muito à frente doutros locais em termos de transição energética. Ou seja, os ativistas estão a acusar injustamente aqueles que melhor se portam nesta área. É um absurdo: atacam os países que fazem o que eles defendem!
5 – no seguimento do ponto anterior, eles apresentam-se como cobardes: atacam países que cumprem e onde existe liberdade. Mas falta-lhes coragem para atacar o governo em países que mais poluem, como na China, na Índia e na Rússia. É nesses países que eles têm que atacar os governos. São esses países que mais poluem o planeta. Se realmente dizem que isto são ações a favor do clima, então ataquem esses países. Sejam corajosos pelo clima!
6 – por último, realço a hipocrisia ao vê-los na televisão: usam roupa, muitas vezes feita na China ou no Bangladesh, com uma enorme pegada ecológica; utilizam telemóveis, que só na extração de materiais poluem imenso; etc, etc, etc. Querem defender o clima? Façam como os vegetarianos na defesa dos animais: liderem pelo exemplo! Da mesma forma que os vegetarianos deixaram de comer carne, deixem também de utilizar ferramentas (roupas, telemóveis/celulares, computadores, fogões, micro-ondas, tudo o que tenha plástico, etc) que utilizem materiais cuja extração, transporte, distribuição e eliminação produzam uma incrível pegada ecológica.
Mas se estes jovens são ignorantes e estão a ser manipulados, qual deveria ser a solução racional para eles?
Entrou uma ação no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, colocada por 6 jovens portugueses, contra 33 países europeus, bem fundamentada legalmente, precisamente devido à falta de resposta rápida contra a crise climática.
Isto poderá levar os governos a terem que alterar legislação, para que se torne a favor de “energia mais verde”, e levar a práticas administrativas e públicas que rejeitem combustíveis fósseis.
Isto sim, seriam resultados práticos e sustentáveis a favor do clima.
Por outro lado, em vez destas ações de terrorismo climático, para mim, seria muito mais vantajoso que estes jovens estudassem ciência, nomeadamente nas áreas de desenvolvimento da “tecnologia verde”.
Se criassem tecnologia verde verdadeiramente eficiente, acessível e barata, certamente que ela seria abraçada pela civilização. Isto levaria à falência das grandes empresas poluentes, ou, no mínimo, à sua obrigação de mudar de tecnologia (para a verde) se quisessem continuar a ter lucro.
Estes jovens, em vez de andarem a desperdiçar a vida em ações que só levam ao ódio contra eles, deviam era aproveitar para se instruírem cientificamente, se formarem em áreas científicas, e contribuíssem dessa forma positiva, para desenvolver a tecnologia e melhorar a forma como lidamos com a natureza.
Esta é a solução racional, humana, sustentável, ecológica, sapiente, e a favor do progresso da civilização.
2 comentários
“Além disso, vários destes movimentos mais extremistas são financiados por milionários americanos.”
Notastes bem. 😉
Entretanto, uma certa parte dos mais abastados não se mantém no topo da pirâmide graças a tão somente o controle, obscuro ou não, de um dos lados: é preciso ser, sapientemente, odiado por àqueles que você financia, e ser aclamado por àqueles que você nunca colocou um dólar, real ou euro, em seus bolsos, mas o veem como um empresário “de sucesso” a ser seguido, quase uma “divindade”. Um homem pertencente à elite que, um dia, um desses lados, sonha pertencer.
Enquanto Colbert se perdia em questões óbvias, Mazarino sempre teve razão. Sorte do Colbert tê-lo como “amigo”. 😉
Author
Fiquei perdido na última frase 😉
São políticos franceses, certo? 😉