Esta imagem anda a ser partilhada nas redes sociais:
Não sei se os valores mostrados estão corretos.
No entanto, a ideia subjacente à mensagem parece-me correta: os carros elétricos têm uma menor pegada ecológica, poluem menos, que os carros a combustão, como podem ler aqui e aqui. Mas a extração, transporte e processamento de matérias-primas que compõem o carro elétrico têm uma enorme pegada ecológica.
A visão romântica sobre a “energia verde” que preconiza “emissões zero” não é verdadeira.
A não ser que a ciência produza tecnologia muito mais eficiente e ecologicamente aceitável, a produção de baterias para carros elétricos (e outros exemplos similares) continua a ter um custo ambiental significativo.
3 comentários
Desconheço os valores exatos ou as médias de consumo industrial de matéria-prima para produção de baterias íon-Li. Porém, olhando superficialmente esta imagem, contendo as informações supostamente corretas (parece-me tratar dum hoax), já noto uma incorreção: no texto contido na imagem, afirma-se que “o lítio é refinado por meio do uso de ácido sulfúrico”.
Ora, o que é obtido para produção de baterias para carros elétricos é o LiOH.
Sua obtenção se dá por extração hidrometalúrgica do Li(s) (refino é uma etapa posterior do processo), contido no mineral denominado espodumênio, através de duas rotas químicas: ácida e alcalina.
Este mineral é um inossilicato do grupo dos piroxênios, que contém Li(s) na sua composição.
A rota ácida utiliza como princípio o tratamento térmico de alfa-espodumênio convertendo-o em beta-espodumênio. Nesta etapa, extrai-se o Li2SO4 pelo processo de lixiviação (etapa de concentração) com H2SO4.
Com a obtenção deste sulfato, é adicionado barrilha produzindo Li2CO3.
A rota alcalina passa pelo mesmo processo. Porém, com uma etapa a mais: o β-espodumênio sofre caustificação para formar o LiOH.
Também sinto-me “desconfortável”, ao ler, na presente imagem “500 toneladas de minério para (…) 12,5 kg de lítio.” Parece-me inviável industrial-economicamente. Trata-se duma média aritmética de extração/produção/eficiência?
Atualmente, há uma procura por novas rotas tecnológicas para produção mais eficiente de LiOH.H2O.
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Entretanto, com o tempo (e curiosidade) que me é devido, fui buscar, nos sítios da internet, algumas informações.
De acordo com o Argonnen National Laboratory, a extração de Li(s) a partir de minas à céu aberto precisa de seis vezes mais energia que a de lagos de água salgada.
Ou seja, é bem mais nocivo ao meio ambiente.
A extração por minas fica na Austrália. A extração em lagos salgados fica no Chile, Bolívia e Argentina. Contudo, a extração, digamos, mais “eficiente”, é a da Austrália: apesar das reservas totais desta serem bem menores, em 2022, foram extraídos 61.000 ton. frente 45.000 ton. dos 3 países latinos. (47% e 35% da demanda global, respectivamente) (Bloomberg, 2023)
Em larga escala, todo processo industrial consome altíssimos valores de água de processo e inevitáveis impactos ambientais. (maiores ou menores, a depender do modo que a empresa descarta os seus efluentes)
Contudo, sou um entusiasta que o ser humano, um dia, seja capaz de produzir, em larga escala, atendendo às necessidades da civilização, com a sustentabilidade necessária para o mantimento das próximas gerações que há de vir.
Author
Oi Cavalcanti,
Obrigado pelas correções e melhoramentos das informações.
Eu reconheço: não sou especialista nesta área.
abraço!
Sem problemas.
Entendi perfeitamente à inserção da imagem e a mensagem do artigo – que é o mais importante. 😉
Fiz apenas uma pequena complementação. 😉
Abraços.