Clarão de luz em Portugal

Todos os dias “caem” cerca de 2 toneladas de poeira na atmosfera terrestre: ou melhor, a Terra é que, na sua órbita, passa por locais onde existem estes pequenos restos de asteróides.
Sendo assim, estes eventos de meteoros a atravessar a nossa atmosfera são normais e recorrentes.
Todos os dias são registados meteoros a “rasgar” a nossa atmosfera.

Claro que a probabilidade de vermos um meteoro a partir de uma determinada localização é pequena.
Apesar destes fenómenos serem recorrentes, estarmos no “sítio certo” à “hora certa” com a câmera de filmar ligada é difícil de acontecer, já que não é possível prever estes fenómenos antecipadamente.

No passado dia 18 de Maio de 2024, cerca das 23h46m, um enorme clarão de luz azul foi visto nos céus de Portugal, praticamente de Norte a Sul.

Inicialmente, este intenso clarão deixou várias pessoas assustadas: seria um míssil? Seria a explosão de um paiol de munições pela Rússia? Seria a abertura de um portal por parte de um super-herói da Marvel?

Na verdade, foi somente a passagem de um meteoro pela atmosfera terrestre.
Como o meteoro se desintegrou na atmosfera, emitiu um forte clarão.
Como o meteoro devia ser rico em magnésio, emitiu a côr azul. Como alguns testemunhos também referem uma côr verde, o meteoro também devia ter níquel.

Crédito: accuweather

O pequeno fragmento de cometa ou asteróide, quando está próximo do planeta é chamado de meteoróide.
Quando esse meteróide entra na atmosfera terrestre, e a “rasga” produzindo o fenómeno luminoso, é chamado de meteoro.

O meteoro brilha porque ao entrar na atmosfera comprime o ar à sua frente. Nessa zona de grande pressão/choque, o ar aquece bastante: pode chegar aos 1500ºC.
Devido a esse elevado calor, o meteoro, o pequeno pedaço de pedra, vaporiza.
Ao se desintegrar, produz o rasto de gás ionizado que vai brilhando pela atmosfera e que popularmente chamamos de estrela cadente.

A côr do meteoro depende da sua composição química.

O meteoro teria cerca de 1 metro de diâmetro.

O meteoro atingiu a velocidade de cerca de 45 km/s ou cerca de 161 mil km/h.
Normalmente, estas pequenas pedras atravessam a atmosfera terrestre a cerca de 72 mil km/h. Neste caso, este meteoro tinha mais do dobro da velocidade da média.

A sua direção foi de sudeste para noroeste.

Sobrevoou partes de Espanha e praticamente todo o território português.

Durante várias horas, pensou-se que parte do meteoro poderia ter sobrevivido e assim teríamos um meteorito no chão.
De acordo com as testemunhas, a existir, provavelmente esse meteorito teria caído em Castro Daire, perto de Viseu.

No entanto, no dia seguinte percebeu-se que afinal o meteoro teve uma outra direção (no sentido do Oceano Atlântico) e deve ter-se desintegrado totalmente ao “rasgar” a atmosfera.
A “bola de luz” “apagou-se” sobre o Oceano Atlântico.

Os testemunhos que relatavam estrondos a acompanhar o clarão, devem-se ao meteoro produzir ondas de choque, neste caso sonoro.
O sonic boom deve-se ao objeto viajar a uma velocidade superior à do som. Esta velocidade é acompanhada pela desintegração gradual do meteoro, o que também pode produzir som.
Ou seja, o estrondo, ou os estrondos, não tiveram como causa a queda do meteoro no solo.

Foi, assim, “somente” aquilo que popularmente se chama de estrela cadente.

Vejam alguns vídeos do meteoro nos céus de Portugal:

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