Furacão Beryl

Imagem do furacão Beryl visto da ISS em 01 de julho.
Crédito: NASA

Bom. Beryl finalmente passou. Foi a primeira tempestade da temporada de furacões prevista para este ano [2024].

Porém, fez história. Como bem diz a CNN Portugal.

Beryl começou a se formar na última semana do mês anterior. Em 28 de junho, transformou-se em tempestade tropical, com ventos de até 60 km/h. Apenas dois dias depois, passou a ser classificado como um furacão de categoria 3 na escala Saffir-Simpson¹. Em algumas horas depois, foi elevado para o nível 4, com alerta emitido de extremo perigo e ventos de até 240 km/h.

O “curioso” não é o furacão ter se elevado de uma mera tempestade tropical para furacão em apenas 48 horas, mas ter sido o primeiro desde o início das medições a atingir categoria 5 no mês de junho – período que, historicamente, as águas do Atlântico não deveriam estar tão quentes. Mas estavam. E estão 3 ºC acima da média para o período.

– Como se Forma um Furacão?


Um furacão [nomenclatura para os ciclones formados no Atlântico] nasce quando as águas atingem temperaturas superiores a 26 °C e evapora. Ao subir, este vapor encontra camadas mais frias e formam grandes nuvens de tempestades. Durante o processo, a pressão atmosférica diminui e começa a atrair massas de ar para partes mais altas da atmosfera. Essas correntes de ar passam a se movimentar rapidamente em forma de círculos, desenvolvendo o olho do furacão.

Em toda a área do furacão chove e venta bastante. Contudo, em seu “olho”, faz muito calor, não há formação de nuvens e não chove. Portanto, é por essa região que a água continua evaporando e alimentando o furacão.

Ilustração da formação de um furacão.
Crédito: Kelvinsong, NOAA, wikipedia. Via Penn State University.

Os furacões apresentam um centro de circulação fechado, onde os ventos sopram em torno dele, para dentro. Dependendo do hemisfério, os ventos circulam em sentidos opostos: no hemisfério norte, os ventos giram no sentido anti-horário e, no hemisfério sul, giram no sentido horário.

Além disso, a formação dos furacões está associada à área onde se forma. Geralmente, esses fenômenos meteorológicos não se formam tão próximos à linha do Equador, já que é necessário se formarem um pouco mais distantes, a fim de sentirem os efeitos da rotação da Terra – o que colabora para que os ventos se movimentem em torno do centro de baixa pressão atmosférica.

– Beryl e o Cenário Futuro


É decerto conhecido pela comunidade científica que as atividades tropicais, geralmente, não dizem muita coisa sobre as tempestades subsequentes durante o período, como afirmou à CNN Portugal², Phil Klotzbach, pesquisador da Universidade do Colorado. Porém, esse padrão de pensamento pode mudar daqui para a frente. Nas condições atmosféricas e aquecimento anormal dos oceanos que criaram o Beryl, “quando as tempestades são fortes no Atlântico tropical e nas Caraíbas orientais, tendem a ser um prenúncio de uma época muito agitada”, conclui o pesquisador.

“A parte mais intensa da temporada de furacões no Atlântico só começa em meados de agosto e atinge o pico em setembro, mas o Beryl – que se formou inicialmente no final de junho – comportou-se como se já tivesse chegado. A água que o Beryl atravessou estava tão quente como deveria estar em setembro, pelo que se comportou como um furacão de setembro.”

A rápida e precoce intensificação do Beryl é indicativa dos tipos de fenómenos meteorológicos extremos a que poderemos assistir com maior frequência num mundo em aquecimento“, segundo Mona Hemmati, investigadora de pós-doutoramento da Escola do Clima da Universidade de Columbia. O Beryl “representa muitos dos receios que os cientistas têm em relação a esta época de furacões“, disse Hemmati à CNN.

“A tempestade aproveitou as águas extremamente quentes e acabou por se fortalecer, tornando-se no furacão de categoria 5 mais antigo de que há registo no Atlântico – um dos vários marcos que nenhum outro furacão do início de julho atingiu.”

Por hora, as areias históricas do Saara nos darão uma breve pausa nas atividades tropicais do Atlântico.

O cenário futuro não será, talvez, o aumento do número de furacões, mas um aumento na sua intensidade [mais furacões de categoria 4 ou 5 e menos furacões nas outras categorias]. Na melhor das hipóteses.


O saldo da passagem do Beryl: 18 mortos.

Não somente vidas humanas [estas são, de facto, incalculáveis]: os prejuízos já ultrapassam US$ 1 bilhão.

—————–

Notas:

¹Escala Saffir-Simpson de medição. NOAA-NWS.

²CNN Portugal. Furacão Beryl acabou de fazer história. E os meteorologistas estão preocupados com o que poderá acontecer a seguir.

6 comentários

Passar directamente para o formulário dos comentários,

  1. “Hurricane Beryl caused over $2.5 billion in wind damage in Texas, analytics company says”

    https://www.foxweather.com/weather-news/hurricane-beryl-damage-estimate-cost

  2. Agradeço ao Carlos pelas devidas correções e ao sr. Malavolta pela perspicácia em notar meu erro ortográfico.

    Atentarei nos próximos artigos..

    1. O Jonathan hoje está “on fire” 🙂

      Também corrigiu um post meu de ontem 🙂

      1. 🙂

    • Jonathan 'Hamelin' Malavolta on 13/07/2024 at 19:27
    • Responder

    É Beryl ou Berly o nome dado a essa tempestade?

    1. É Beryl.

      Eu tinha lido o post, e nem notei que por vezes tinha um nome e noutras vezes tinha outro 😉
      São tão parecidos que nem notei 😛

      Já corrigi nos locais onde estava o nome errado 🙂

      Obrigado!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.