Maré bioluminescente

Na noite de segunda-feira, 29 de Julho, as ondas da praia de Vila Chã, em Vila do Conde, no distrito do Porto, Portugal, apresentaram uma surpreendente cor azul fluorescente.

Este é um fenómeno recorrente, que tem sido visto nesta praia praticamente todos os anos.

Como diz o NIT:

“A bioluminescência, o nome dado a este fenómeno, resulta de uma reação química gerada por um gene que emite luz. Esta reação ocorre em diversas espécies, tanto vertebrados como invertebrados marinhos, bem como em alguns fungos e insetos, como os pirilampos. O brilho observado na água é provocado por milhões de algas unicelulares, conhecidas como Noctiluca scintillans, que pertencem ao plâncton vegetal.
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“Graças a temperaturas elevadas e à presença de azoto na água, as algas Noctiluca scintillans reproduzem-se, apresentando-se brilhantes e fluorescentes quando agitados pelo mar”, esclarece o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA) de Vila do Conde.

A luz que estas algas emitem é conhecida como luciferina e apresenta um tom azul devido ao processo de oxidação que ocorre à noite.
Durante o dia, podem surgir indícios da aproximação das ondas luminosas: quando ocorre a floração das algas, elas acumulam-se e colorem a água de um tom castanho-avermelhado, fenómeno designado como maré vermelha.
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Este tipo de bioluminescência é encontrado em pouco mais de 1.500 espécies do ecossistema planetário atual. Os cientistas acreditam que a emissão de flashes serve para afastar predadores, mas não representa uma ameaça para os seres humanos.”

Como escreve o Público:

“Este fenómeno — que enche a água do mar de luz azul — não é novo nem fora do normal, como confirma Victor Vasconcelos, director do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e especialista neste tipo de microorganismos. Os pescadores (…) sabem que as algas que estão na base deste cenário quase mágico atraem peixe, em busca de alimento, e têm-na, por isso, em boa conta. Nas saídas para o mar no crepúsculo da tarde, ou aos primeiros sinais da chegada da manhã, os mestres seguiam essa luz, sempre que a viam.
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“Estas microalgas – chamadas Noctiluca scintillans – têm a particularidade de produzirem uma reacção de bioluminescência, ou seja, uma reacção química que quando são agitadas na água emitem uma luz”
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“Este fenómeno acontece por haver azoto nas águas. Como qualquer alga, precisam de nutrientes e como no Norte existem muitos desses nitratos, principalmente no verão, este fenómeno acontece”, conta Victor Vasconcelos. “Se tivermos esses nutrientes e dias muito quentes temos a solução para que estas espécies se reproduzam e exista este fenómeno”.
Apesar de nos países tropicais ser possível ver o mar iluminado o ano todo, “na nossa latitude é mais comum acontecer no Verão” e “são marés relativamente curtas”…”

As imagens são de Bruno Costa:

Há cerca de 1 ano, este fenómeno era notícia em Espanha, devido a este “mar azul” ter aparecido na costa da Galiza:

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