(O planeta GJ504b fotografado pelo telescópio Subaru na luz combinada de dois comprimentos de onda no infravermelho. A luz da estrela foi removida quase na totalidade pelos instrumentos utilizados nas observações, e por software, para possibilitar a detecção do planeta. Crédito: NASA’s Goddard Space Flight Center/NOAJ)
Uma equipa de astrónomos utilizando telescópio Subaru, de 8.2 metros de diâmetro, no topo do vulcão Mauna Kea, no Hawaii, obteve a imagem acima reproduzida que mostra um possível planeta em torno da estrela Gliese 504 (GJ504), mais conhecida por 59 Virginis (a estrela número 59 na constelação Virgem de acordo com a numeração adoptada por Flamsteed, no seu catálogo produzido no século XVIII). 59 Virginis é uma estrela de tipo espectral GOV, muito semelhante ao Sol, apenas ligeiramente mais maciça, luminosa e quente. Difere no entanto num ponto importante: é muito mais jovem do que o Sol, com uma idade estimada de apenas 160 milhões de anos (o Sol tem 4.5 mil milhões de anos). Encontra-se a uma distância de 57 anos-luz e é visível a olho nú num céu escuro.
(A posição da estrela 59 Virginis no céu. Crédito: NASA’s Goddard Space Flight Center)
A técnica de detecção de planetas por observação directa, utilizada nesta descoberta, permite obter informação sobre a luminosidade, temperatura, composição atmosférica e órbita do planeta. O planeta encontra-se a uma distância projectada (segundo a nossa linha de visão) de 43.5 unidades astronómicas da estrela hospedeira. A distância real poderá ser no entanto maior pois não foi possível ainda estabelecer a inclinação da órbita do planeta relativamente à nossa linha de visão. A esta distância mínima, quase 1.5 vezes a distância de Neptuno ao Sol, o seu movimento orbital é lento pelo que o mapeamento da sua órbita demorará vários anos. A massa do planeta foi estimada em 4 vezes a massa de Júpiter. A estimativa é baseada em modelos teóricos para a evolução de planetas jovianos, tendo em consideração a juventude do sistema. Uma análise preliminar da luz do planeta revela que a sua cor deverá ser um rosa-magenta e a atmosfera parece ser desprovida ou ter poucas nuvens.
(A cor rosa-magenta do planeta GJ504b numa interpretação artística. Crédito: NASA’s Goddard Space Flight Center/S. Wiessinger)
Este planeta é “uma pedra no sapato” da teoria mais aceite para a formação planetária, designada de “core accretion”. Segundo esta teoria, planetas gigantes como este, ou como Júpiter e Saturno, deveriam formar-se muito mais próximo da estrela. À distância a que se encontra o planeta, o disco protoplanetário não deveria ter material suficiente para formar um planeta tão maciço.
Esta descoberta foi feita no âmbito do projecto “Strategic Explorations of Exoplanets and Disks with Subaru” (SEEDS) que tem como objectivo obter imagens de discos protoplanetários e possíveis planetas em torno de algumas centenas de estrelas na vizinhança do Sol, utilizando o telescópio Subaru. Para além do telescópio, o projecto baseia o seu trabalho em dois instrumentos: o “High Contrast Instrument for the Subaru Next Generation Adaptive Optics” e a “InfraRed Camera and Spectrograph”.
Podem ver a notícia original aqui.
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Gostaria que publicasem mais noticias sobre o telescópio subaro tive oportunidade de conhece-lo de vista na USP Luis Lopes , mande um alou para mim ,para me sentir mais alegre Obrigado
[…] planeta cor de rosa orbitando uma estrela chamada 59 Virginis já é abusar da boa vontade de qualquer fabricante de […]