No passado, o maior problema no que se refere à democratização do conhecimento era o acesso a informação; no caso, a falta de acesso, uma vez que conhecimento era sempre compartilhado entre poucos privilegiados. Com a internet a democratização plena do conhecimento se tornou um sonho possível, mas que acabou, em certa medida, se tornando um pesadelo: como filtrar o volume absurdo de dados que a humanidade (ou só a ciência, para ficar mais restrito) acumula, assimila e transforma ao longo dos tempos?
Em tempos em que o maior problema da democratização do conhecimento é justamente o excesso de informação, surge uma alternativa bem interessante para disponibilizar dados científicos e compartilhá-los de forma um pouco mais inteligente: Academic Torrents, iniciativa desenvolvida pelos estudantes da Universidade de Massachusetts, Paul Joseph Cohen e Henry Z Loe, que usa a tecnologia P2P (Peer to Peer) para compartilhar documentos e bases de dados que nasceram da pesquisa científica. A ideia é que todos os acadêmicos possam compartilhar com colegas de trabalho e interessados o trabalho que desenvolvem.
É claro que os acadêmicos já compartilham dados. O problema é que grandes volumes de dados se tornam impraticáveis de se compartilhar a não ser com um sem número de truques (que chamamos por aqui de “migués” – um coloquialismo divertido apenas) e muita complicação. Academic Torrents facilita o compartilhamento de grandes volumes de informação usando o protocolo bitTorrent, que permite a indexação de arquivos e maximiza o desempenho dos downloads. Na rede BitTorrent, os arquivos são divididos em pedaços pequenos que podem ser reconstituídos mais tarde para formar o arquivo final. Em outras palavras, o usuário baixa um arquivo torrent com o conteúdo que ele quer indexado (o arquivo torrent tem apenas alguns kb) e depois vai “semeando” pedaço por pedaço até receber o arquivo completo.
É claro que, num primeiro momento, o Academic Torrents é um serviço mais útil para pesquisadores, e eu não sei ao certo se eles fazem algum tipo de filtro nos trabalhos (por exemplo, se há papers rejeitados por falhas graves na metodologia, por exemplo). Mas é uma iniciativa em seu início, e parece ter bastante potencial. Vale a pena conferir.
Confira o site Academic Torrents para saber mais (em inglês).
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