Há algumas semanas ouvi e li esta história em vários sítios – também falado no Governo Sombra, aos 34 minutos.
Decidi agora recuperá-la porque me parece importante em termos do “estado da educação”.
Alice Vieira é uma famosa escritora portuguesa.
Por mérito próprio, é por várias vezes convidada a dar palestras em escolas.
Numa dessas vezes, numa escola portuguesa, um grupo de alunos resolveu apresentá-la ao auditório: “Alice Vieira nasceu em Braga, cega de nascença, mãe solteira de cinco filhos, teve sempre grandes dificuldades de sobreviver, conseguindo apenas algum dinheiro que vai fazendo com o seu lugar na banca de peixe”. (página 7)
Nada disto corresponde à verdade.
No entanto, quando Alice Vieira perguntou ao rapaz que estava a ler se achava que aquilo corresponde à verdade (por exemplo, podia ver que ela não era cega!), o aluno respondeu que aquilo era o que estava na net.
Ou seja, os alunos (e não só) imaginam que pesquisar é copiar o que está na internet, sem existir qualquer responsabilização ou credibilização nessa pesquisa.
Mas o pior veio depois: quando Alice Vieira tentou apurar o porquê da biografia mentirosa dada pelos alunos, a professora respondeu: “Ah, sei! Mas coitadinhos, tiveram tanto trabalho na pesquisa…”
O “tanto trabalho na pesquisa” foi copiarem as palavras de um website sem saberem se era a Alice Vieira escritora que iria à sua escola. Foi uma pesquisa de poucos minutos e muito mal feita. Mas segundo a professora deles, “coitadinhos” que “tiveram tanto trabalho”.
Este é o péssimo sistema de ensino que alguns defendem (em que qualquer treta dita é uma opinião válida) e para o qual alguns (incluindo professores, opinadores de net, jornalistas e comentadores televisivos) contribuem.
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