Sinais

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Sinais é um excelente filme de suspense de 2002. Tem temas bastante apelativos (extraterrestres, círculos nas cearas, religião, etc), mas no meu entender perde bastante ao “vender-se” como sendo sobre um assunto extraterrestre, mas na verdade é somente um filme religioso disfarçado, que promove as conspirações pseudo.

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O filme conta a história de uma família (pai, tio, filho e filha) que mora no interior dos EUA e que tenta se proteger de uma invasão alienígena.

Na verdade, o tema mais forte da história é o facto do pai ter sido reverendo, mas perdeu a sua fé em Deus quando a sua esposa morreu num acidente de viação.

Num certo dia, eles acordam e percebem que durante a noite foi feito um crop circle na sua plantação.
Pouco depois, os animais (cães) tornam-se agressivos e a filha (Bo) diz que viu um monstro da parte de fora do seu quarto (o pai também se apercebe de algo incrivelmente ágil no telhado da casa).
Entretanto, na televisão, veem nas notícias que os crop circles aparecem em várias plantações.
As pessoas passam a acreditar que o planeta está a ser invadido por extraterrestres.

Algumas pessoas fogem para perto do lago, porque existe o boato que os alienígenas não gostam de água.
O antigo reverendo decide ficar em casa com a sua família. Fecham a casa completamente, fazem-se reféns na sua própria casa, leem livros sobre ETs, veem a televisão e começam a acreditar nas histórias mais disparatadas.

Os alienígenas atacam. O pai vai-se lembrando de como a sua esposa morreu.
Um dos alienígenas pega no filho do reverendo e ameaça-o com um gás venenoso que já matou várias pessoas. O filho tem asma, e como estava assustado com asma, os seus pulmões fecharam e ele não inalou o gás.
O tio bate no alienígena com um taco de basebol. Um copo de água cai sobre o alienígena e ele fica ferido. O tio pega em muita água e atira-lhe, matando o invasor alienígena.

O pai acha que sobreviveu por milagre, volta a ter fé, e regressa à vida de reverendo.

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Existem várias coisas que não fazem qualquer sentido no filme:

– por que é que os alienígenas querem entrar na casa a todo o custo? Para quê tanto trabalho numa casa fechada? Com 7 biliões de pessoas no mundo, certamente que teriam outros locais mais fáceis.

– é uma completa falta de imaginação inventarem alienígenas humanoides.
Apesar disto, há algumas coisas que são interessantes: os alienígenas não gostam de água (água para eles é como ácido sulfúrico para nós) e estão a raptar pessoas (talvez para os comer).
De qualquer modo, é sempre a ideia de que os humanos são bastante importantes para os ETs.

– é ridícula a parte em que no noticiário na televisão se vê um vídeo amador gravado no Brasil que mostra uma série de crianças a apontar para um alienígena. E é ridículo porquê? Porque o ET não quer ser visto, mas passa mesmo à frente deles para poder ser visto, e porque uma das crianças fala simultaneamente em português e inglês.

Analisemos agora algumas citações:

“Graham: There is no one looking out for us. We are all alone.”
< --- o reverendo diz que não existe nem Deus nem Alienígenas para nos salvarem. Somos nós que nos temos que salvar a nós próprios. Esta parece-me uma mensagem importante: nós temos o poder para agir. Por isso, não esperemos por ajudas externas. "Merril: Morgan, this crop stuff is just about a bunch of nerds who never had a girlfriend their whole lives. They're like thirty now. They make up secret codes and analyze Greek mythology and make secret societies where other guys who never had girlfriends can join in. They do stupid crap like this to feel special. It's a scam. Nerds were doing it twenty five years ago and new nerds are doing it again." <--- o tio diz que estes círculos nas plantações são falsidades criadas por aqueles que estão frustrados com a vida. "Merril: Excluding the possibility that a female Scandinavian Olympian was running around outside our house last night, what else might be a possibility?" <--- o tio dá a entender que algo bastante estranho estava lá fora. "Morgan: The book says they're probably very good problem solvers. They'll find a way in." <--- o filho assume características humanas nos alienígenas, apesar de não ter qualquer evidência para isso. São crenças que nos põem num pedestal... somos tão bons, que eles têm que ser como nós. "Graham: People break down into two groups when they experience something lucky. Group number one sees it as more than luck, more than coincidence. They see it as a sign, evidence, that there is someone up there, watching out for them. Group number two sees it as just pure luck. Just a happy turn of chance (...) they feel that whatever happens, they're on their own. And that fills them with fear. (...) Group number one. (...) they're looking at a miracle. (...) And deep down, they feel that whatever's going to happen, there will be someone there to help them. And that fills them with hope. See what you have to ask yourself is what kind of person are you? Are you the kind that sees signs, sees miracles? Or do you believe that people just get lucky? Or, look at the question this way: Is it possible that there are no coincidences?" "Graham: As pessoas dividem-se em dois grupos. Quando tem alguma sorte, o primeiro grupo vê isso como mais do que sorte, mais do que uma coincidência, vê-o como um sinal, uma prova de que há alguém lá a cima a olhar por eles. O segundo grupo vê-o como simples sorte, como um feliz acaso do destino. As pessoas do segundo grupo sentem que, aconteça o que acontecer, estão sozinhas e isso aterroriza-as. Já as pessoas do primeiro grupo, pensam num milagre e sentem que, aconteça o que acontecer, haverá alguém que as ajudará, e isso enche-as de esperança. O que tens de te perguntar é que tipo de pessoa és. És daquelas pessoas que vê estes sinais como milagres? Ou acreditas que as pessoas têm sorte? Ou pondo a pergunta de outra forma: será possível que não haja coincidências?" <--- é uma citação que se compreende no contexto religioso do filme, mas com a qual não concordo nadinha. O que ele deveria dizer é que as pessoas do primeiro grupo não entendem a explicação estatística das supostas coincidências, ficam eternamente à espera que algo milagroso aconteça e que alguém as venha salvar, e têm medo de quem lhes é superior. Enquanto as pessoas do segundo grupo assumem a responsabilidade para si, não têm medo das situações, confiam em si próprias e nas outras pessoas, e tomam o controlo da sua vida.