Dark City é um filme estranho de 1998.
A realidade não é o que parece.
Vivemos numa “matrix”, sem nos apercebermos.
O filme passa-se numa cidade, onde é sempre noite.
John Murdoch é um homem com amnésia.
É suspeito de ter assassinado pessoas, e por isso é perseguido por um inspetor de policia, Frank Bumstead.
Enquanto tenta compreender a situação, começa a ser perseguido por misteriosas entidades com poderes extraordinários (“Strangers”).
Murdoch percebe que à meia-noite toda a gente fica em coma, inconsciente.
Os Strangers param o tempo, mudam fisicamente (prédios) a cidade, e mudam as memórias e identidades das pessoas.
O Dr. Daniel Schreber explica que os Strangers são uma civilização extraterrestre perto da extinção. Os alienígenas têm uma consciência coletiva, e as suas experiências com humanos visam tentar perceber como pode a sua raça sobreviver.
Murdoch foi uma anomalia, uma pessoa que acordou durante a sessão em coma da meia-noite, quando lhe estava a ser incluída uma identidade de assassino em massa.
Murdoch, Schreber e Bumstead tentam fugir à cidade, mas quando fazem um buraco num muro que envolve a cidade, do outro lado só veem o espaço.
A cidade é uma colónia espacial envolta num campo magnético.
Eles são apanhados pelos Strangers, que entretanto apanharam a mulher de Murdoch, Emma.
Os Strangers forçam o Dr. Schreber a incutir memórias falsas em Murdoch, mas o Dr. Schreber dá-lhe conhecimento sobre os Strangers e dá-lhe capacidades psicocinéticas (as mesmas que os Strangers).
Com as novas capacidades, Murdoch luta contra os Strangers e vence-os.
Ele cria uma nova cidade, menos cinzenta e com mais praia, onde o Sol/dia existe.
A sua anterior mulher, Emma, chama-se agora Anna e tem novas memórias.
Ele vai tentar reconquistá-la de novo…
O filme vive da questão: o que é a realidade?
Em parte, move-se no mesmo grupo do famoso filme Matrix…
Claro que já vem tudo da Alegoria da Caverna, de Platão: será que somos somente sombras, será que somos somente prisioneiros, sem sabermos que o somos? Será que aquilo a que chamamos “realidade” é somente uma limitação da nossa perceção do Universo em que vivemos?
Curioso é que no final Murdoch torna-se “deus”. Ele próprio cria uma nova cidade, da forma como ele quer, e os habitantes da cidade continuam a ser “sombras”, prisioneiros, sem terem noção do sítio onde vivem.
O filme claramente promove as conspirações e a paranoia, não só sobre existirmos numa falsa realidade, mas até sobre grupos ocultos que nos controlam e poderes sobrenaturais a que não temos acesso.
Detesto a ideia dos humanos (neste caso, Murdoch) ganharem sempre, apesar dos alienígenas serem claramente muito superiores a nós.
Detesto a ideia de que os humanos são tão importantes que os extraterrestres andam sempre muito interessados em nós.
Porque os avançados alienígenas precisam do Dr. Schreber para os ajudar? Não faz sentido.
Como é que não há acidentes quando os humanos adormecem ao volante?
Porque os alienígenas precisam compreender e ser como os Humanos para sobreviverem? Que antropocentrismo…
Os alienígenas querem compreender o que nos faz únicos no Universo. Mais uma treta antropocentrica que é dita no filme.
Eles têm uma mente coletiva; nós temos muitas mentes individuais.
Supostamente, eles estão a morrer, como espécie, e precisam dessa individualidade humana que eles não têm.
Porquê? Não se sabe…
Eles próprios têm diferentes entidades que executam diferentes tarefas, que têm ideias opostas, e que têm papeis diferentes no coletivo.
Ou seja, eles têm individualidades, mesmo pensando coletivamente (por maioria?). Logo, mais uma vez, não faz sentido que procurem essa característica nos Humanos.
Gostei da ideia de ciclos: uns prédios colapsam e outros aparecem. Como em tudo na vida, é tudo feito de ciclos. Se em 3 minutos pudéssemos ver as mudanças que se processaram em 3.000 anos, certamente que veríamos esses ciclos de destruição e criação.
É sem dúvida um filme original.
Mas é bastante estranho e complicado… Como entretenimento, deixa muito a desejar…
Pessoalmente, das vezes que o vi, no final do filme fiquei sempre com a sensação de ter sido um filme chato.
2 comentários
A trilha sonora de Dark City (autor: Trevor Jones) é fantástica!
Eu tenho o CD, comprei na Amazon
http://www.amazon.com/Dark-City-Inspired-Motion-Picture/dp/B000005ZD5
Apreciei o filme. É uma historieta repleta de intriga e mistério em que os vilões são extra-terrestres e o amor acaba por vencer. Snif, snif!
Afinal os ET’s necessitavam de descobrir a alma humana para se salvarem da extinção…
Mais um caso típico de egocentrismo humano, ou “more of the same”.