Este é mais um mosaico de 4 imagens, cada com 1024 x 1024 píxeis, obtidas com a câmara de navegação da sonda Rosetta, a NAVCAM. As imagens foram obtidas no dia 26 de Setembro quando a sonda distava 26.3 km do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. O mosaico mostra de forma espectacular os jactos de gás que emanam do “pescoço” do cometa, resultado da sublimação de gelos vários. Os jactos de gás impelem também poeira cometária para o espaço.
Luís Lopes
Luís Lopes é professor no departamento de Ciência de Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Astrónomo amador há mais de 25 anos, interessa-se pela ciência em geral e pela sua divulgação. Acompanha com especial atenção os desenvolvimentos nas áreas de exoplanetas e da evolução estelar. Gosta de estar com a família, de ler um bom livro, de plantar e ver crescer árvores e de passar noites a observar o céu. Também escreve para o AstroPT de vez em quando ;-)
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6 comentários
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De que sitio especifico no cometa originam os jatos? Do nucleo? E qual a composição do cometa 67p? Cumprimentos.
Author
Olá Pedro,
Nota que o núcleo do cometa 67P é o que a Rosetta está a observar e a fotografar. Não nos referimos à zona mais interior desse objecto em forma de altere ou amendoim.
Os jactos têm origem provavelmente em zonas junto à superfície do cometa mais ricas em gelo de água, monóxido de carbono e outras espécies químicas. Estas regiões, expostas à radiação solar, aquecem até o gelo sublimar e escapar sob a forma de jactos, como se tratasse de geysers, através de fendas na superfície.
Quanto à composição do cometa, os dados preliminares obtidos pela Rosetta permitiram identificar as seguintes espécies químicas: água, amónia, dióxido e monóxido de carbono, metano e metanol.
Podes ver mais informação aqui:
http://blogs.esa.int/rosetta/2014/10/03/measuring-comet-67pc-g/
Ab.
Luís
Agradecido pela resposta. A razão principal da minha pergunta deve-se à aparente forma rochosa do cometa. Parece que é bastante sólido, quase como um asteroide. Alguma ideia sobre isso? Cumprimentos.
Author
A aparência é ilusória. Os cometas são amálgamas de rocha, gelo e poeiras. O material tem uma coesão muito fraca. Vê também a densidade do cometa na ligação que enviei — 0.4 g/cm^3 — é pouco maior do que a da cortiça. Imagina o cometa como uma escultura abstracta feita numa mistura de gelo e rocha muito suja.
Faz todo o sentido. Mas não consigo deixar de reparar nas crateras presentes no cometa. Haverá possibilidade de terem sido produzidas por qualquer outro processo que não um impacto? (Sendo eu um leigo na matéria, não sei se esta pergunta fará sentido) Ab.
Author
Olá Pedro,
Desculpa o atraso na resposta, vi a tua pergunta, não pude responder logo e depois esqueci-me 🙁
Depois da formação do cometa no disco protoplanetário primordial, a paisagem superficial é esculpida principalmente pelo desgaste que o cometa sofre quando atravessa o Sistema Solar interior. A amálgama de materiais não é homogénea, existem bolsas de gelo sob a superfície que se desgastam mais rapidamente do que o material em redor, o que pode provocar o aparecimento de depressões na superfície semelhantes a crateras de impacto. Longe do Sol, o vento solar e os raios cósmicos interagem com os gelos e poeiras na superfície formando compostos de carbono complexos que cobrem o cometa de uma película escura, tão escura que um típico núcleo cometário tem um albedo semelhante ao alcatrão.