Astrônomos identificaram 8 novos mundos candidatos em zonas habitáveis. Todos os 8 orbitam em uma distância que a água líquida pode se sustentar em suas superfícies.
Além disso dois destes mundos (Kepler-438b e Kepler-442b) são os mais similares à Terra já encontrados, conforme exposto pelos pesquisadores no 225º encontro da American Astronomical Society (AAS).
Um método para confirmar a existência de um exoplaneta em trânsito é executar uma verificação da sua velocidade radial para saber se a estrela hospedeira sofre efetivamente os efeitos gravitacionais causados pelo exoplaneta. No entanto, em diversos casos, as estrelas-mães residem a distâncias demasiadamente grandes para permitir uma medição precisa da massa do exoplaneta. Agora, Guillermo Torres (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics) usou o BLENDER para analisar 8 novos candidatos que orbitam em zonas habitáveis. BLENDER é um poderoso software de análise planetária desenvolvido por ele e Francois Fressin, executado no supercomputador Plêiades do centro AMES da NASA.
A análise a partir do programa BLENDER pode determinar se os candidatos estatisticamente são, de fato, exoplanetas ou falsos positivos. Torres e a sua equipe já aplicaram este método para os casos dos mundos pequenos Kepler 20e e Kepler 20f, importantes descobertas pois são exoplanetas com o tamanho próximo ao da Terra.
Através do software os pesquisadores conseguiram criar uma gama de cenários de falso-positivos que permitem reproduzir o sinal observado. Por exemplo, o trânsito em um sistema binário próximo pode causar uma redução da luz estelar que pode ser confundida com a presença de um exoplaneta. O supercomputador Plêiades permitiu à equipa trabalhar com quase um bilhão de diferentes cenários, demonstrando que no caso de Kepler 20e tem 3.400 vezes mais chances de ser efetivamente um exoplaneta que um falso-positivo.
Após aplicar as mesmas técnicas aos 8 novos candidatos a exoplanetas, Torres e Fressin trabalharam por um ano fazendo verificações a partir de dados de imagens de ótica adaptativa, espectroscopia de alta resolução e “speckle interferometry” (astronomia em vídeo) para caracterizar esses novos sistemas.
Sabemos que os 8 mundos atendem os padrões de verificabilidade da equipa. Todos os 8 orbitam em uma distância que a água líquida pode se sustentar em suas superfícies. Além disso dois destes mundos são os mais similares à Terra já encontrados, conforme exposto pelos pesquisadores no 225º encontro da American Astronomical Society (AAS).
A similaridade em questão se refere ao tamanho e composição química dos dois exoplanetas, e não sobre outras características mais amplas tais como as estrelas hospedeiras. Diferentemente do nosso Sol, uma estrela anã amarela classe G, a estrela primária do sistema Kepler-438b é uma anã vermelha, enquanto que Kepler-442b orbita uma estrela anã laranja classe K.
Kepler-438b recebe cerca de 40% mais luz que a Terra (lembramos que Vênus recebe duas vezes o fluxo luminoso solar que a Terra), enquanto Kepler 442b é iluminada com dois-terços da luz que a Terra recebe. Assim, a equipa estima que Kepler-438b tem 70% de chance de estar na zona habitável enquanto que para Kepler-442b o cálculo sobe para 97%.
Kepler-438b reside a 470 anos-luz do Sol e leva 35 dias-terrestres para completar uma órbita. Kepler-442b reside a 1.100 anos luz e completa uma órbita a cada 112 dias-terrestres.
Assim, as estrelas em causa são menores e mais frias que o nosso Sol, mas como os planetas estão mais próximos delas que a Terra do nosso Sol (a Terra leva 365 dias-terrestres para completar uma órbita), então esses exoplanetas estão na Zona Habitável dessa estrela.
Quatro dos oito candidatos estão em sistemas estelares múltiplos, embora, de acordo com o artigo da CfA, as estrelas companheiras estão longe o bastante para não exercer influencias significativas nos exoplanetas observados.
Uma questão crucial é se esses mundos são rochosos ou não. Sem sabermos a massa planetária, sua composição é inteiramente desconhecida. Torres e sua equipe pensam que Kepler-438b, com um diâmetro apenas 12% maior que o da Terra tem 70% de chances de ser rochoso. Já Kepler 442b, 33% maior que a Terra em diâmetro, tem 60% de probabilidade de ser rochoso.
Afinal, estas são apenas possibilidades intrigantes e mais, habitabilidade é só uma mera inferência. Estar na Zona Habitável não faz do planeta habitável e ‘habitável’ é muito diferente de ‘habitado’. No caso destes exoplanetas, não sabemos grande parte das suas características para podermos concluir algo. Como disse o coautor David Kipping (CfA):
Nós certamente não sabemos se quaisquer destes exoplanetas são verdadeiramente habitáveis. Tudo o que podemos afirmar é que são apenas promissores candidatos…
Fontes
Centauri Dreams: AAS: 8 New Planets in Habitable Zone
CfA: Eight New Planets Found in “Goldilocks” Zone
PHL UPR Arecibo: HEC: Graphical Catalog Results
._._.
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Eu tinha tanta esperança no Gliese 581g e já se ficou pelo caminho 🙁
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