Erupção da Estrela Delta do Escorpião?

Segundo um observador em Itália, há 2 noites, a estrela ẟ (delta) do Escorpião, conhecida por Dschubba, teve uma erupção atingindo a magnitude de 0.8 — anteriormente tinha magnitude 1.7 — , rivalizando em brilho com Antares — a estrela ⍺ (alfa) do Escorpião!

Entretanto, um outro observador utilizou imagens de uma câmara all-sky instalada na ilha de La Palma, nas Canárias, para tentar confirmar esta alteração no brilho de Dschubba mas sem sucesso.

A situação ainda não é clara. Dschubba teve já várias erupções documentadas no passado, mas esta seria um recorde.

Um modelo de uma estrela Be. É bem visível a forma oblonga da estrela com os pólos mais luminosos. Um disco de plasma rodeia a estrela na região equatorial. Crédito: Daniel Moser Faes.

Um modelo de uma estrela Be. É bem visível a forma oblonga da estrela com os pólos mais luminosos. Um disco de plasma rodeia a estrela na região equatorial. Crédito: Daniel Moser Faes.

Dschubba é uma estrela de tipo espectral B, quente e luminosa, cujo espectro apresenta linhas de emissão — para além das usuais linhas de absorção; por apresentarem esta característica espectral, estrelas como Dschubba são designadas por “estrelas Be” (lê-se bê-é). A presença destas linhas indica a existência de gás quente nas imediações da estrela.

A posição de Dschubba na constelação do Escorpião. Crédito: Torsten Bronger/Wikipedia.

A posição de Dschubba na constelação do Escorpião. Crédito: Torsten Bronger/Wikipedia.

As estrelas Be são maciças, quentes e luminosas. Têm também uma velocidade de rotação extremamente elevada, assumindo por isso uma forma elipsoidal, achatadas nos pólos; em alguns casos a distância do equador ao centro da estrela chega a ser 50% maior do que a distância do centro aos pólos! Devido à enorme força centrífuga, o plasma na região equatorial está preso “por um fio” à estrela e é ejectado ocasionalmente para o espaço. Este plasma forma um disco quente e luminoso em torno da estrela que parece estar na origem das variações de brilho. No caso particular de Dschubba, a passagem periódica de uma estrela companheira pelo disco provoca também modulações no seu brilho.

Outra característica pouco usual destas estrelas consiste no facto de os pólos serem mais quentes do que a região equatorial; num exemplar típico, a temperatura superficial nos pólos pode atingir 30 mil Kelvin comparados com apenas 10 mil Kelvin no equador. Este gradiente de temperatura poderá estar relacionado com o mecanismo de transporte de energia do núcleo da estrela para a superfície que parece não ser o mesmo nos pólos e no equador. A temperatura mais elevada dos pólos torna-os mais luminosos do que a região equatorial destas estrelas.

(Referências: The Astronomer’s Telegram; The Astronomer’s Telegram)

2 comentários

    • M Eunice F Silva on 06/02/2016 at 03:07
    • Responder

    Sim a 2 dias atrás vi a olho nu uma forma de estrela oblonga, me chamou à atenção exatamente pela forma achatada que é difícil, foi a primeira vez que vi uma estrela assim.

    • Maria Schetino on 05/02/2016 at 15:00
    • Responder

    Adorei a matéria! Obrigada

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