Provável Oceano Líquido em Plutão

Durante muito tempo, pensou-se que somente a Terra teria oceanos no Sistema Solar.

Porém, de alguns anos pra cá, sabe-se que, por exemplo, a lua Europa de Júpiter, possui um vasto oceano em sua subsuperfície e proporcionalmente tem mais água que a própria Terra. Além disso, Encélado, Titã e Ganimedes são outros objetos (luas) onde os oceanos são comuns, embora nem todos sejam de água.

Mas será que existem outros objetos no nosso Sistema Solar que possuem oceanos?

Quem está ajudando a responder essa pergunta é a geofísica, que recentemente mostrou que o planeta-anão Plutão pode ter um oceano no seu interior.

Cientistas usaram dados obtidos pela sonda New Horizons e um modelo de evolução térmica de Plutão para mostrar que o planeta-anão pode ter um oceano ou um líquido no mínimo com a consistência de lama, no seu interior.

Os dados da New Horizons foram usados para atualizar o modelo de evolução térmica de Plutão que mostrou que se o interior de Plutão estivesse congelado, o gelo formado seria o chamado Gelo II: uma forma muito mais densa de gelo, que levaria o planeta-anão a uma contração, que ficaria marcada na sua superfície.

Mas os dados da New Horizons mostraram a ausência de contração da superfície de Plutão. Ao invés disso, os dados mostraram até mesmo uma expansão. Através de imagens feitas pela New Horizons, foi possível identificar feições extensionais que indicam uma expansão global do planeta-anão.

Outro ponto que pode ser uma evidência da existência de um oceano em Plutão, é o facto da sua crosta ser mais espessa do que se pensava, com cerca de 300 km de profundidade. Somando a isso o facto dos gelos exóticos de nitrogênio e metano agirem como excelentes isolantes térmicos, e dificilmente Plutão perde seu calor para o espaço.

Calor? Nos confins do Sistema Solar?

Isso mesmo, a presença de elementos radioativos no núcleo de Plutão e o seu decaimento, além da queda de braço de Plutão com seu enorme satélite Caronte, fazem com que o interior de Plutão seja quente, o que manteria o oceano no estado líquido, e sem perder calor para o espaço.

Assim, todas essas evidências somadas estão ajudando a fortalecer a ideia de que deve existir um oceano nos confins do Sistema Solar.

Outro estudo feito num mundo congelado do nosso Sistema Solar, e usando a geofísica como ferramenta, mostrou que Encélado possui uma crosta mais fina do que se pensava anteriormente.

A sua crosta teria cerca de 3 km de profundidade.

Os pesquisadores usaram os dados gravitacionais obtidos pela sonda Cassini para criar o modelo crustal de Encélado.

Esses novos resultados animam muito os astrobiólogos que já colocavam Encélado como um mundo provável para se procurar vida, e agora com esses novos cálculos fica praticamente viável perfurar a crosta de gelo de Encélado para acessar o seu oceano, além do facto de ser possível estudar com radar o que se passa no interior dessa intrigante lua de Saturno.

Mas o que já está fazendo os astrobiólogos perderem o sono é o facto de se poder pensar que Plutão pode ser colocado nesse radar onde se procurar vida como a conhecemos, algo que nem o mais fantasioso roteiro de ficção científica chegou a imaginar.

Fontes: Comunicado de Imprensa, Astronomy, Sci-news