As Supernovas AT2017eaw e AT2017ein

As imagens que se seguem registam duas supernovas que apareceram recentemente em galáxias particularmente fotogénicas e relativamente próximas da Via Láctea.

Crédito: Luís Lopes.

A supernova AT2017eaw foi descoberta na Galáxia do Fogo do Artifício, NGC 6946, no passado dia 14 de Maio.
A imagem anterior é o resultado da combinação de 7 exposições de 10 minutos capturadas remotamente com o telescópio “Elena” do Virtual Telescope, no dia 16 de Maio.
Esta supernova é uma tipo II típica, resultado da explosão de uma supergigante vermelha que foi já identificada em imagens de arquivo obtidas com os telescópios Hubble e Spitzer.

Alguns dias depois, no dia 20 de Maio, aproveitando uma trégua no mau tempo, eu próprio fiz uma imagem da supernova utilizando um telescópio bem mais modesto. A imagem seguinte é o resultado da combinação de 25 exposições de 5 minutos cada. No mesmo campo de visão da NGC 6946 e da supernova podemos ver o enxame de estrelas NGC 6939. Ambos os objectos podem ser encontrados na constelação de Cefeu, numa região de grande densidade estelar devido à proximidade do plano galáctico.

Crédito: Luís Lopes.

Entretanto, na 6ª feira passada, o famoso astrónomo amador inglês Ron Arbour, descobriu mais uma supernova para o seu portfolio. Designada por AT2017ein, o evento ocorreu na bela galáxia espiral NGC 3938, situada a cerca de 40 milhões de anos-luz na direcção da constelação da Ursa Maior. A AT2017ein é o resultado da explosão de uma estrela muito maciça que perdeu uma parte substancial das suas camadas exteriores na fase final da sua vida. Estas estrelas perdem massa a um ritmo tal que provavelmente nunca chegam a transformar-se em supergigantes vermelhas. As supernovas a que dão origem são de tipo Ic (“um-C”), sem hidrogénio nem hélio no espectro. São também relativamente raras. A AT2017ein é ainda mais peculiar, pois é pouco brilhante para o tipo e apresenta linhas espectrais muito largas, que implicam uma velocidade de expansão do remanescente extremamente elevada. O registo seguinte é o resultado da combinação de 6 exposições de 5 minutos cada capturadas remotamente com o telescópio “Elena” do Virtual Telescope, no dia 28 de Maio.

Crédito: Luís Lopes.

A NGC 3938 foi um dos milhares de alvos fotografados pelo telescópio espacial Hubble. Em baixo podemos ver um detalhe de uma imagem obtida com a Wide Field Planetary Camera 2. Assinalada com uma circunferência vermelha está a região da galáxia onde surgiu a supernova. Como no caso da AT2017eaw, talvez esta e outras imagens de arquivo permitam identificar a estrela progenitora.

Crédito: NASA/ESA, anotação pelo autor.