NASA pretende desviar um asteroide

Já aqui no AstroPT publicamos um artigo sobre as possíveis formas de desviar asteroides, sendo que parece simples desviar asteroides, bastando para isso utilizar uma pequena sonda e o resto é feito pela gravidade.

Crédito: ANSA

O grande problema é que ainda não desviámos qualquer asteroide.
Ou seja, falta passar da teoria à prática.
Temos que testar alguns métodos para saber como nos defendermos contra potenciais asteroides perigosos.

Claro que fazer isso comporta riscos.
Vamos desviar qual asteroide?

Neste momento, não temos nenhum asteroide com certeza que venha na direção da Terra. Logo, não temos imediatismo para testar métodos de desvio de asteroides.

Podemos obviamente testar alguns métodos em asteroides que não venham na direção da Terra.
Mas, e se ao testarmos um dos métodos num asteroide inócuo, falhamos algumas das variáveis e colocamos esse asteroide em rota de colisão com a Terra?

Esse é um dos perigos que faz com que alguns cientistas não queiram “brincar com asteroides reais”.

Crédito: NASA / JHUAPL

No entanto, a ciência faz-se… fazendo.
Por isso, a NASA decidiu passar um dos métodos de desvio de asteroides da fase de simples conceito/ideia para uma fase de planeamento (projeto escrito) preliminar.

Assim, a NASA pretende pela primeira vez desviar um asteroide.
O alvo será o asteroide Didymos.

Este asteroide passará a 11 milhões de km de distância da Terra em 2022.
Ou seja, a distância é perfeitamente segura e longe para se testar este método.
E ainda faltam 5 anos para que a missão se concretize, o que dá tempo suficiente para se criar uma missão robusta e segura.
Se por acaso a missão se atrasar, haverá nova oportunidade com o mesmo asteroide em 2024.

Assim, parece ser um asteroide “perfeito” para se testar um método de desvio.

O asteroide chamado Didymos (em grego quer dizer “gémeo”) é na verdade um sistema binário: são pequenos asteroides a orbitar-se mutuamente.
Didymos A tem cerca de 780 metros de comprimento.
Didymos B tem cerca de 160 metros de comprimento.

A missão chama-se DART – Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo.

A técnica para desviar o asteroide será a chamada Impacto Cinético: uma pequena sonda colidir com o asteroide de modo a mudar-lhe ligeiramente a trajetória.

Na verdade, a colisão será com o Didymos B, o menor asteroide.
A colisão dar-se-à a uma velocidade de 6 km/s, o que é nove vezes mais rápido que uma bala.

Os cientistas desta missão dizem que o facto deste asteroide ser binário é “o laboratório natural perfeito para este teste”, já que se espera que “seja mais fácil ver os resultados do impacto” e também se espera que este teste não mude a órbita do asteroide duplo (de ambos os asteroides) ao redor do Sol. Espera-se sim que a órbita de Didymos B mude um pouco ao redor de Didymos A. E isso poderá ser medido pelos cientistas a partir da Terra.

Por outro lado, o facto do asteroide impactado ter somente 160 metros faz com que, caso hajam consequências imprevisíveis e o asteroide passe a vir na nossa direção, o resultado da devastação seria regional. Não seria um asteroide capaz de acabar com a Humanidade.

No entanto, pessoalmente tenho algumas dúvidas quanto a isto. Não me parece que este seja o melhor candidato…
Sendo esta a primeira vez que se vai testar um método para desviar asteroides, colidir uma sonda com o companheiro do asteroide principal traz mais variáveis para a equação que caso o asteroide estivesse isolado não existiriam. Poderão existir consequências não previstas, devido à dinâmica do asteroide duplo. Colidir um míssil com a nossa Lua, poderia também trazer consequências para a Terra. Por isso, pessoalmente, não planearia uma missão que pode ter um risco de reação em cadeia, afetando o asteroide principal e quiçá ter consequências imprevistas na sua órbita.
Afinal, ainda nem sequer sabemos a composição do asteroide menor (o asteroide maior tem uma composição típica de asteroide rochoso).

Mas isto são preocupações teóricas.
Obviamente que os cientistas da missão irão tentar prever todas as consequências, irão simular todos os cenários possíveis e irão planear matematicamente todos os detalhes da missão, não deixando nada “ao acaso”.
Até porque parece que o impacto será “fraco”, não tendo força suficiente para desviar o asteroide menor da sua órbita normal como lua do asteroide maior.

Fonte: NASA

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