No centro da cratera Jackson

O pico central da cratera Jackson numa imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Esta espantosa imagem da cratera Jackson (lado mais distante da Lua) foi obtida recentemente pelo sistema de imagem de alta resolução da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter, quando o Sol se encontrava diretamente sobre a região, com um ângulo de incidência de apenas 21º. Esta geometria de iluminação é particularmente interessante porque torna mais evidente a diversidade de albedos geralmente observada nos picos centrais de crateras complexas como a cratera Jackson.

As variações de tonalidade nestas estruturas são em grande parte resultantes de diferenças na composição das rochas presentes na sua superfície. Os picos centrais exibem materiais provenientes das camadas mais profundas escavadas durante a formação das crateras, pelo que a paleta de albedos visível no pico central da cratera Jackson é provavelmente um reflexo da complexa história geológica do lado mais distante da Lua.

Esta magnífica paisagem foi formada em apenas poucos minutos, pelo violento embate de um objecto de grandes dimensões na superfície lunar, há aproximadamente 100 milhões de anos, quando os dinossauros dominavam ainda a Terra. As forças que a moldaram foram suficientemente poderosas para elevarem toda a estrutura cerca de 2000 metros acima do chão da cratera!

Podem explorar todos os detalhes desta imagem aqui.

2 comentários

    • Armando Graça on 12/01/2018 at 12:47
    • Responder

    Caros amigos

    É realmente uma imagem magnífica e que, creio, inspira um «certo terror» sem alarmismos fúteis, como será saudável…

    Se me permitem, gostava que me esclarecessem dois detalhes, pedindo desculpa pela eventual ignorância demonstrada:

    – Como se avalia que o impacto se terá dado «há aproximadamente 100 milhões de anos» ?
    – Presumindo que tal embate terá gerado a alteração da órbita lunar, será possível avaliar os seus efeitos, ou, dito mais simplesmente, de onde para onde se terá deslocado a Lua?

    Sempre grato pelas vossas informações e simpática atenção!

    1. Olá Armando,

      Não tem de pedir desculpa. São duas questões muito interessantes que terei todo o gosto em responder. 😉

      “Como se avalia que o impacto se terá dado «há aproximadamente 100 milhões de anos»?”

      Assumindo que uma superfície num objeto planetário sofre impactos de pequenos objectos a um ritmo constante, podemos usar a contagem de crateras para determinar com precisão a sua idade relativa. Os cientistas recorrem a este método para calcular a idade relativa de diferentes formações geológicas em objectos planetários com atmosferas muito ténues como é o caso de Marte, Mercúrio ou as luas de Júpiter.

      No caso da Lua, a datação radiométrica de amostras de rocha recolhidas pelas missões Apollo e Luna possibilitou a calibração deste método, o que por sua vez tornou possível determinar com rigor a idade absoluta de crateras e outras formações recorrendo apenas a imagens de alta resolução.

      Sabemos que a cratera Jackson é relativamente jovem porque os seus raios são ainda bastante proeminentes. Se fosse mais antiga, a exposição dos seus raios à radiação cósmica e ao constante impacto de micrometeoritos torná-los-ia menos visíveis. Assim, como são bastante brilhantes, sabemos que eles devem ser relativamente jovens, geologicamente falando. A contagem de crateras nas imagens de alta resolução da Lunar Reconnaissance Orbiter confirma que Jackson terá sido formada recentemente, há 100 a 150 milhões de anos (dependendo dos autores).

      “Presumindo que tal embate terá gerado a alteração da órbita lunar, será possível avaliar os seus efeitos, ou, dito mais simplesmente, de onde para onde se terá deslocado a Lua?”

      Para gerar qualquer perturbação, os seus efeitos dependeriam da direção e velocidade do projéctil. No entanto, o impacto que formou a cratera Jackson foi o equivalente ao embate de um mosquito num automóvel. Ou seja, não provocou alterações significativas na órbita da Lua.

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