A equipa do Event Horizon Telescope, que tenta obter a primeira imagem de Sagittarius A* — o buraco negro supermaciço localizado no centro da nossa galáxia — , publicou um artigo onde são analisadas observações obtidas em 2013, quando o EHT contava apenas com 4 estações (actualmente tem 7). Os resultados obtidos mostram que a performance dessa configuração mais antiga é já extraordinária, tendo sido possível inferir a existência de estrutura no interior de uma região com um raio de apenas 36 milhões de quilómetros, ou seja, apenas 3 raios de Schwarzschild (o raio do horizonte de eventos) do putativo buraco negro. De facto, as observações mostram inequivocamente que o objecto que se encontra no interior dessa região não é pontual e é assimétrico. Ainda não foi possível obter a tão desejada foto da silhueta do horizonte de eventos do buraco negro, rodeada por um anel de luz devido ao intenso campo gravitacional, mas estamos lá perto, muito perto.
Para ter a noção da verdadeira proeza tecnológica que constituem estas observações do EHT — 36 milhões de quilómetros pode parecer muito — Sagittarius A* encontra-se a uma distância de 27 mil anos-luz, cerca de 250 mil milhões de milhões de quilómetros! Em Março do ano passado escrevi sobre novas observações de Sagittarius A* levadas a cabo pela equipa do EHT. Aparentemente, as imagens resultantes dessas observações ainda não foram sintetizadas a partir dos dados obtidos das 7 estações que, em conjunto, têm uma sensibilidade e resolução espacial bem superior à configuração de 2013. Resta esperar e (para os mais apaixonados) não desesperar…
9 comentários
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Radio telescópios geram imagem com base em comprimentos de onda fora do espectro de luz visível (no qual os fótons fazem parte), é nesse sentido que eu quis dizer.
Impressionante!!
A foto mais proxima de algum buraco negro que vi ate’ aos dias de hoje foi feita pelo NuStar, a 23 de Outubro de 2012 (https://www.nustar.caltech.edu/news/nustar121023).
Aguardo ansiosamente por essa imagem fantastica!! 🙂
Acham que ainda conseguiremos tirar uma foto dele ‘negro’ ou seja, sem que seja envolto por uma luminosidade?
Nesse caso, que fotões chegariam até nós? 😉
Não necessariamente fótons mas algum comprimento de onda eletromagnética resultante dos eventos em ação no mesmo, talvez.
Para tirar uma foto, precisa de fótons…
Carlos, não precisamos necessariamente ver um objeto pra obter uma imagem do msm, temos como exemplo câmeras sensíveis a outros comprimentos de onda eletromagnética além da luz visível e radiotelescópios que também constroem imagens a partir de ondas de rádio, portanto uma “foto” pode até nâo ser, mas uma imagem sem a emissão de fótons é possível sim.
Totalmente de acordo.
Mas quando se fala em “fotografia”, fala-se em luz visível.
Não é detectar noutros comprimentos de onda…
É tudo luz. Mas neste caso da fotografia, pretende-se dizer luz visível… porque já há luz visível do seu redor…
abraços
Isso é mesmo uma fascinante perspectiva para podermos no futuro estudar melhor o grande mistério que são os buracos negros