Vi recentemente este filme: The Space Between Us – O Espaço que nos Une – O Espaço entre Nós.
Num futuro próximo, existe uma missão humana para colonizar Marte, financiada por Nathaniel Shepard – uma personagem semelhante a Elon Musk.
A comandante da missão, a astronauta Sarah Elliot descobre que está grávida. Não se sabe quem é o pai. Ela morre ao dar à luz em Marte. O filho bebé, Gardner Elliot, sobrevive, e torna-se o primeiro humano nascido em Marte.
Nathaniel decide manter a gravidez e o nascimento em segredo.
16 anos depois, Gardner Elliot é um jovem muito inteligente.
Como qualquer jovem nessa idade, é rebelde, querendo sair do sítio onde está – a colónia humana em Marte – onde só conhece 14 pessoas.
Enquanto não sai fisicamente, entra nas redes sociais (em chatrooms), e começa a conversar com uma rapariga chamada Tulsa, do Colorado, EUA.
Ele diz que gostaria de encontrá-la, mas não pode porque tem uma doença grave que não o deixa sair de casa e estar com outras pessoas.
Gardner decide então ir até à Terra.
Para isso, tem que treinar bastante fisicamente para se adaptar à pressão da atmosfera terrestre, e tem que se submeter a uma cirurgia para aumentar a densidade dos seus ossos.
Na Terra, ele foge e vai visitar Tulsa.
Ambos, vão tentar encontrar o pai, desconhecido, dele. Entretanto, têm várias aventuras.
Quando encontram o pai dele, na Califórnia, percebem que afinal é o tio.
O pai dele, na verdade, é Nathaniel.
Gardner está fisicamente muito doente, sobretudo do coração, por não conseguir se adaptar à pressão da atmosfera terrestre.
Assim, é enviado de volta para Marte.
Tulsa decide treinar para astronauta, de modo a ir para Marte ter com Gardner.
Passados uns tempos, em Marte, está Nathaniel, Tulsa, e Gardner, que se sente em casa.
Quando li sobre a ideia do filme, pensei logo que tinha um enorme potencial.
Pensei que fosse do género Stranger in a Strange Land.
Mas eu não podia estar mais errado. O filme é muito fraco, e falta-lhe praticamente tudo.
O início do filme é muito bom visualmente, e inclui imagens reais feitas a partir da Estação Espacial Internacional. Por exemplo, as auroras vistas a partir da ISS.
Gostei:
– que o filme tivesse uma personagem semelhante a Elon Musk.
– do robot Centauro, que fica com os sentimentos magoados porque Gardner deixou de lhe dar a atenção necessária.
– da rebelião de teenager: o que mostra que na Terra ou em Marte, as pessoas se comportam da mesma forma.
– do twist de que o pai afinal era o tio.
– de ele ignorar o que é o sarcasmo (como o Sheldon, de TBBT).
– da menção ao anjo caído do céu que se apaixona por uma mulher terrestre. É como Gardner fez no filme: cai do céu (Marte) devido a Tulsa. Gostei disto, porque me faz lembrar o filme City of Angels. No entanto, no próprio filme Gardner mostra que tem esta ideia ao ver o filme alemão Wings of Desire – Asas do Desejo, em que um anjo cai na Terra por amor.
Não Gostei:
– da conspiração, escondendo a gravidez e o nascimento. Não entendo porque isso foi escondido. Mas dá a entender que na NASA, por exemplo, existem conspirações.
– da comunicação entre a Terra e Marte parecer ser instantânea, o que é errado.
– do poster em português (em cima), em que se diz que é um “amor maior que o Universo”, quando na verdade é entre dois planetas que estão muito próximos no mesmo sistema solar.
– não entendo como Gardner viaja de autocarro na Terra, se não tem dinheiro para comprar os bilhetes.
– de ser uma simples de história de amor bastante lamechas.
Detestei o facto de ele não morrer.
Para ser realista, ele deveria morrer no final.
Há algumas coisas que me fizeram pensar:
Quando Gardner chega à Terra, diz que se sente muito pesado, o que é normal cientificamente.
Mas depois, os seus movimentos não mostram nada disso. Pelo contrário.
Gardner diz a Tulsa que tinha medo de não saber ser humano, mas que ela o torna humano. Aliás, ele diz que sempre foi um ser humano nascido em Marte.
Ou seja, humanos nascidos em Marte não serão realmente marcianos, serão somente humanos nascidos em Marte: humanos não-nascidos na Terra.
No final, Gardner diz que é bom voltar para casa. Para ele, a sua casa sempre foi a colónia marciana onde nasceu e cresceu.
O filme promove a ideia de que, para sermos felizes, devemos dizer às pessoas os nossos sentimentos. Partilho desta ideia!
O filme argumenta que quem está na Terra quer ir para Marte e quem está em Marte quer ir para a Terra. Ou seja, nunca estamos bem no sítio onde estamos. Queremos ir sempre para “a relva no jardim da vizinha, porque é mais verde que a nossa“.
Já António Variações dizia: “Eu só estou bem onde eu não estou, eu só quero ir para onde eu não vou.”
Apesar de um trailer que deixa antever um excelente filme, a verdade é que este é um mau filme. É um filme demasiado lamechas e chato.
Mesmo a ciência incluída no filme tem inúmeros problemas. Pela ciência, também não se deve ver o filme, porque se sai do filme com mais conceções erradas sobre ciência do que quando se entrou no cinema.
2 comentários
Não entendi a questão de um humano nascido em Marte. P ensino que um humano nascido em Marte será um marciano e os nascidos na terra são terráqueos ou estarei errado?
Author
O Telmo será um Humano terráqueo.
Já alguém nascido em Marte, será um Humano marciano.
Por isso, tem razão: a aparente contradição entre ser humano e ser marciano não existe. Os termos não estão em oposição. Ele é Humano e Marciano ao mesmo tempo. Mas não é terráqueo. No filme, ele não deveria ter dito que não sabia ser humano, deveria sim ter dito que não sabia ser terráqueo 😉