Captain Fantastic é um excelente filme que retrata algumas famílias nos EUA, com um estilo de vida alternativo, que preferem se isolar e fazer uma educação “caseira”.
Ben e Leslie vivem há 10 anos nas florestas selvagens do estado de Washington, com os seus 6 filhos menores.
Eles estão separados do mundo, e vivem em harmonia com a natureza.
No início do filme, matam um veado para poderem comer.
Eles são auto-suficientes.
Todos eles fazem treinos de sobrevivência no wild (floresta selvagem).
A mãe Leslie vai-se apercebendo que os seus filhos não desenvolveram outras capacidades – capacidades sociais -, e ficaram a perder com isso.
Infelizmente, a mãe fica doente, vai para o hospital, e devido a uma doença mental, suicida-se.
Eles saem da floresta e vão ao funeral da mãe.
É curioso que as crianças nunca brincam – pelo menos, que se veja.
Percebe-se que as crianças não têm noção dos perigos que correm.
Os pais não percebem que as crianças pequenas não têm idade para compreenderem algumas coisas.
Foi bastante interessante quando, pela primeira vez, as crianças vêem pessoas gordas.
A sua interpretação foi de que essas pessoas estão doentes, daí serem gordas.
A família rege-se por alguns princípios.
Por exemplo, existe uma forte defesa dos valores familiares.
A família também defende o poder para o povo, em forma de anarquia.
Em consequência, eles defendem a posição de “Stick it to the Man” – desafiar a autoridade hierárquica, são contra o sistema.
Eles são contra o capitalismo e contra o consumismo.
Eles acham que os poderosos controlam a vida dos impotentes. Isto faz com que o mundo seja injusto. E temos de aceitar isso. Ou então dizemos: “isso que se lixe” (ou como eles disseram no filme: “Fuck that“).
Eles acham que têm de fazer as coisas por eles própios, porque ninguém os vai salvar.
Só eles próprios poderão se salvar.
O pai fala de tudo com os filhos, incluindo de sexo com a filha de 6 anos.
Ele não esconde as coisas aos filhos. Ele diz a verdade, nua e crua. Não inventa pequenas mentiras para proteger os filhos ou por achar que não é apropriado ou por pensar que eles não compreendem.
Os pais e os filhos utilizam muito o pensamento crítico.
Os filhos aprendem, através do pensamento crítico, através da análise daquilo que vão lendo.
No início, eles parecem uns hippies selvagens. Ao longo do filme, vai-se percebendo que são inteligentes, bastante cultos e muito instruídos.
Isto mostra que as pessoas têm várias dimensões.
Por exemplo, o filho mais velho é bastante instruído, e até conseguiu entrar nas melhores universidades do mundo.
O problema dele é que não tem ferramentas sociais para falar normalmente com os outros.
Ou seja, os filhos têm muito book knowledge (aprendem o que está nos livros), mas falta-lhes competências sociais.
Eles lêem e analisam excelentes livros, como: Armas, Germes e Aço; Tecido do Cosmos; etc.
Eles discutem a Teoria M, o entrelaçamento quântico, entre outros assuntos complexos.
Além disso, os filhos sabem falar diversas línguas estrangeiras.
Ainda dentro do pensamento crítico, o pai afirma que está aberto a mudar as coisas (e a mudar o seu pensamento), se os argumentos dos filhos forem válidos e convincentes.
Filosoficamente, eles seguem Noam Chomsky e a liberdade de pensamento.
Daí que preferem celebrar o aniversário de Chomsky, que é uma pessoa real, um humanitário, que lutou pelos direitos civis e pela paz.
Mas não celebram o Natal nem duendes mágicos fictícios.
No seguimento de não celebrarem o Natal, eles são contra as religiões organizadas.
Segundo eles, as religiões organizadas são os contos de fadas mais perigosos alguma vez criados. Eles foram concebidos para promoverem a obediência cega e encher de pavor os corações dos inocentes e dos ignorantes.
É excelente a cena em que eles utilizam a religião (uma canção cristã) para manipularem um polícia.
Sobre a morte, eles dizem que a única coisa pior que a morte da mãe era saberem que o corpo da mãe ficaria preso num caixão e enterrado debaixo da terra. Eles são a favor da cremação.
Eles também defendem que o funeral devia ser festivo: devia ser a celebração do ciclo da vida.
Este filme promove várias reflexões sociais.
Em termos de educação, é muito interessante a promoção do pensamento crítico.
No final do filme, existe a defesa do equilíbrio na vida.
Eles continuam a instruir-se e a ser auto-suficientes, mas já têm uma casa, já vão à escola, etc.
Ou seja, são mais sociais, mesmo continuando a ser bastante instruídos e a pensar por eles próprios.
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