Michael Jennings é um génio da tecnologia que desenvolve softwares fantásticos (sobretudo através de engenharia inversa/reversa).
Após ser contratado temporariamente por mega-corporações para os desenvolver, a sua memória desses meses é apagada, de modo a manter secreta a fórmula do produto (a forma como se faz) e para a propriedade intelectual desses softwares revolucionários ser das corporações.
Ele aceita um trabalho de 3 anos, em que recebe quase 100 milhões de dólares.
No final desses 3 anos, após completar o trabalho, a sua memória é apagada.
Quando volta à vida normal, percebe que um mês antes tinha abdicado dos 100 milhões de dólares. Em vez disso, trocou o dinheiro por objetos pessoais aparentemente irrelevantes. O que é incompreensível!
Ele não entende o que se passa. Porque não sabe o que aconteceu, já que lhe apagaram a memória.
Um grupo de agentes do FBI persegue-o e apanha-o.
Michael consegue fugir aos agentes do FBI e investiga as pistas que encontra nos seus objetos pessoais.
Michael Jennings percebe que construiu uma máquina que vê o futuro.
Os objetos pessoais aparentemente banais servem para ele conseguir fugir de situações em que iria morrer. Cada objeto tem uma função numa determinada situação.
Basicamente, ele planeou tudo com antecedência porque conseguiu prever o seu futuro.
Paycheck (Pago Para Esquecer / O Pagamento) é um bom filme de entretenimento.
A premissa é muito boa.
No entanto, a execução do filme deixa muito a desejar.
Pessoalmente, gosto mais do título (da tradução) em português do que no original.
Tem mais a ver com o sumário do filme.
Gostei do foco que foi dado numa das cenas ao livro: “From Naked Ape to Super Species“.
Também gostei do relevo que foi dado às profecias auto-realizáveis.
Michael Jennings passou a ser contra a máquina que inventou porque vê o futuro: o futuro será de guerra extrema, com aniquilação total.
O que se passa é que passa a ser uma profecia auto-realizável: quando a máquina prevê uma guerra, os EUA criam a guerra para prevenir que ela aconteça; quando a máquina prevê uma praga, os líderes juntam todos os doentes para prevenir a praga, criando a praga ao juntar tanta gente; etc.
Seja qual o futuro que é previsto, nós é que fazemos com que ele aconteça. Abdicamos do controlo das nossas vidas, em favor da previsão da máquina.
Infelizmente, no final, como quase sempre nos filmes, os “bons” ganham. É irrealista.
Também é irrealista os “maus” terem sempre tão má pontaria, e os “bons” ganharem todas as lutas.
Durante todo o filme, vemos uma defesa do determinismo.
No entanto, no final, ele consegue mudar o seu destino. E sobrevive.
Assim, o final não está de acordo com a filosofia do filme…
No final, existe esta citação: “Se mostrarmos a alguém o seu futuro, essa pessoa não terá futuro. Retiramos o mistério… a esperança.”
Não concordo nada com esta afirmação. A pessoa continua com um futuro… mas fica a saber qual será esse futuro.
A “explicação” sobre a máquina que prevê o futuro é uma lástima.
Supostamente, a máquina utiliza uma lente a laser tão poderosa que “consegue ultrapassar a curvatura do Universo”. Isto é uma completa treta.
No filme também é dito que: assumindo que o Universo é esférico, então ao vermos ao redor do Universo, acabaríamos onde começamos: a olhar para nós próprios. Tal como se andássemos à volta da Terra, voltaríamos ao ponto de partida. Esta é uma explicação muito “insossa” para uma máquina que supostamente consegue prever o futuro.
Na prática, não existe sequer uma tentativa de explicar cientificamente como a máquina consegue prever o futuro.
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