“Este documentário aborda o ceticismo em relação à vacinação, um movimento originado por um número crescente de pais que pensa duas vezes antes de vacinar os seus filhos.
Deixando para trás a desconfiança e o debate improdutivo sobre os prós e contras da vacinação, o documentário lança um olhar objetivo sobre as vacinas, examinando os benefícios e perigos de cada uma.
Quais são os riscos? Com que frequência são atestados?
Pais céticos, pessoas que sofreram ou não efeitos colaterais da falta de vacinação partilham os seus pontos de vista nesta fascinante investigação dos múltiplos aspetos da vacinação.”
Fear of Vaccines: Why? é um documentário que pensei que fosse de promoção da anti-vacinação.
Mas não é.
É um documentário equilibrado, onde de um lado estão os especialistas (cientistas, médicos) e do outro lado estão pessoas com formação académica e da classe média, que têm dúvidas sobre a eficácia das vacinas.
Eles não são anti-vacinação, mas são céticas em relação às vacinas.
Como já escrevi, são pais bem-intencionados que colocam as suas crianças em risco ao tentarem ser tão protetores que são enganados pela enorme quantidade de desinformação que existe na internet. Estas pessoas procuram informação na internet e em grupos de Facebook… e encontram informação falsa, que elas pensam que é verdadeira.
A varíola, o sarampo, a poliomielite, a tosse convulsa, e várias outras doenças que matavam milhões, foram erradicadas devido à vacinação.
O grande problema deste tremendo sucesso é que estas doenças são agora abstractas para a população ocidental. As pessoas não entendem que é o sucesso das vacinas que faz com que estas doenças não existam.
Infelizmente, este documentário tem algumas falácias, como por exemplo uma mãe a perguntar, de forma retórica, porque há cada vez mais crianças doentes.
Ora, primeiro, não há mais crianças doentes. Existem crianças doentes, como sempre existiram. E se há mais crianças a nascerem e mais crianças a sobreviverem, então é natural existirem mais crianças a apanharem pequenas infecções. Mas proporcionalmente, existem muito menos crianças doentes.
Aliás, a resposta deveria ser: porque antes existia uma carrada de crianças mortas e agora não!
Outra falácia é quando o narrador afirma que na internet há muitas opiniões divergentes.
Ora, a discussão sobre as vacinas, como qualquer discussão científica, deve ignorar as opiniões! Os especialistas não dão opiniões! O que se deve discutir são as evidências científicas, os factos, e nunca as opiniões.
Este é um dos problemas para as pessoas serem levadas pelas vigarices: porque pensam que é uma questão de opinião.
Neste documentário existe uma discussão muito interessante e saudável, sobre o papel dos adjuvantes (devido ao alumínio), e sobre serem eles que normalmente provocam os efeitos secundários nas pessoas.
Mas esses efeitos colaterais são limitados e afectam um número reduzido de pessoas.
A verdade é que os benefícios superam enormemente os riscos, os ocasionais perigos menores.
Apesar disto, consigo perceber o dilema emocional da mãe que mais aparece neste documentário.
Mas parece-me paradoxal a mãe estar no hospital, com o filho em cuidados médicos intensivos devido ao bebé ter nascido prematuro, e mesmo assim essa mãe põe em questão as vacinas.
Ou seja, os médicos são bons para salvarem o filho nos cuidados intensivos, mas já não servem quando lhe dizem que ela deve vacinar o filho?
Curiosamente, são as famílias africanas (que vivem na Europa e em África) que mais querem vacinar os seus filhos.
Para estas famílias, as doenças não são abstractas. Eles sabem/vêem que em África ainda se morre de doenças como o sarampo, a poliomielite, etc. Por isso, é que eles sabem que é crucial protegerem os seus filhos com as vacinas.
O sucesso das vacinas na Europa faz com que os europeus percam a noção do que seria a vida deles sem as vacinas.
Umas das médicas sem-fronteiras diz mesmo que os ocidentais estão demasiado limitados: não vêem o mundo, não entendem história, e por isso não sabem que em várias partes do mundo ainda se morre destas doenças (devido à falta de vacinação).
Infelizmente, os europeus têm a memória curta.
O documentário termina discutindo a imunidade de grupo.
As pessoas são mais individualistas/egoístas, só pensam em si próprias, e não na imunidade de grupo.
A conclusão final é que: as vacinas são uma ferramenta barata, que pode ser usada por todos os habitantes do planeta para o seu bem pessoal e para o bem comum.
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