“As origens do planeta Terra.
Nos primórdios ardentes de nosso jovem sistema solar, planetas surgiram e outros foram destruídos. Gigantes gasosos causavam o caos. E um “jovem Sol” emana a sua raiva.
Como é que a Terra sobreviveu contra todas as probabilidades?
Este documentário acompanha o trajecto do nosso planeta nos primeiros anos de vida…
Como é que a Terra se tornou um planeta vivo?
O quê que a sua história nos diz sobre nossas oportunidades de encontrar outros planetas semelhantes à Terra?”
Birth of Planet Earth é um excelente documentário do Spitz Creative Media e que passou na RTP.
O documentário contém imagens fabulosas.
No início escaldante do nosso sistema solar, mundos nascem e são desintegrados.
Uma estrela maciça relativamente perto explodiu no final da sua vida.
A supernova enviou ondas de choque e gás e poeira para uma zona onde se forma uma estrela: o Sol.
Um disco de poeira orbita o jovem Sol.
Essa poeira vai-se aglutinando, e formando pedaços cada vez maiores.
Vêem-se imagens belíssimas (feitas em computador) da formação planetária, com pequenos planetas rochosos perto da estrela e grandes planetas gasosos e gelados longe da estrela. Esta é a estrutura do nosso sistema solar.
Mas o estudo de exoplanetas mostra-nos que existem Júpiteres Quentes, grandes planetas gasosos perto das estrelas.
No nosso sistema solar, Júpiter teve um papel importante na hierarquia/estrutura orbital dos planetas.
O papel de Júpiter também explica o porquê de não existirem super-Terras.
Seguidamente, vê-se a colisão da Terra e de Theia, que deu origem à Lua.
Theia conseguiu arrancar cerca de um terço da Terra. Mas depois Theia passou a fazer parte da Terra.
A Terra fica com um eixo ligeiramente inclinado.
A Lua está muito perto da Terra inicialmente (tem uma órbita próxima).
Há mais de 4 mil milhões de anos, o sistema solar era um local bastante violento!
Depois, o documentário discute os planetas Marte e Vénus atualmente, para mostrar como a nossa Terra poderia ter sido bastante diferente.
Posteriormente, é explorado o surgimento da vida na Terra.
A fotossíntese começou em bactérias simples há mais de 3 mil milhões de anos: utilizavam a energia do Sol em seu proveito.
E o documentário explica a dinâmica do ATP nas células.
Por fim, é dito que a vida mantém o dióxido de carbono controlado, já que o fitoplâncton o utiliza e que depois passa a fazer parte de animais maiores.
Não gostei do narrador dizer, por algumas vezes, que os “cientistas acreditavam…”.
Em ciência, em conhecimento, não se trata de acreditar, mas sim de se ter evidências credíveis.
Também por várias vezes é dita a palavra teoria, por exemplo na expressão “teoria mais aceite”.
Na verdade, o que deveria ter sido dito é que era o modelo mais aceite…
O geocentrismo psicológico está presente no documentário, por exemplo quando é dito que a tarefa da Terra é dar origem à vida. Isto é um absurdo!
O planeta Terra é uma pequena rocha à deriva no espaço, enquanto orbita uma estrela. Não tem qualquer “tarefa” ou objectivo.
O mesmo geocentrismo psicológico, ou antropocentrismo neste caso, é dizer que o nosso planeta é um paraíso. Não, não é!
Não o foi no passado, não o será no futuro, e não o é agora.
Na superfície do planeta existem inúmeros ambientes diferentes. Alguns ambientes são o “paraíso” de algumas espécies, mas os mesmos ambientes são o “inferno” para a grande maioria das outras espécies. Além disso, para cada ambiente, podemos imaginar milhões de espécies que nunca poderiam proliferar nessas condições – ou seja, cada ambiente é o “inferno” para muitas espécies.
Eu entendo que o que eles querem dizer é que devemos preservar o nosso planeta, como ele está actualmente, porque é “único” – tem as condições ideais para podermos viver nele. Infelizmente, não é isso que eles dizem.
Também não gostei de ver o ênfase dado à Terra como se fosse um milagre. A formação da Terra e o estado actual da Terra não tem nada de miraculoso.
Há planetas que sobrevivem e outros que não sobrevivem. Dos que sobrevivem, uns passam a ter umas características e outros passam a ter outras.
É tudo uma questão de probabilidades.
A Terra não é especial. A não ser devido a uma falácia antropocêntrica.
Percebo que queiram rotular de “milagre” a série de acasos que foram acontecendo, em que bastava um não ter acontecido e o planeta já seria bastante diferente. Mas isso é só uma questão de probabilidades. Nada mais.
Aliás, se vários desses acasos não tivessem acontecido, o planeta seria certamente diferente. Mas poderia ter vida na mesma – vida adaptada a essas condições. Tal como deverá existir noutros planetas. Não somos especiais só porque estamos cá. Tal como outros não serão especiais só porque estarão lá. Simplesmente, a vida desenvolve-se adaptada às condições que existem.
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