Conversa Cósmica

No passado dia 16 de Novembro de 2019, a Fundação Francisco Manuel dos Santos patrocinou uma Conversa Cósmica entre os físicos teóricos Michio Kaku, Carlo Rovelli e Vítor Cardoso.

O português Vítor Cardoso moderou o debate entre Michio Kaku e Carlo Rovelli.

Uma das coisas que notei foi que ele fala muito bem inglês.

Realço a falha do jornalista: não soube pronunciar o nome de Michio Kaku.
Até por ser jornalista, devia ter-se informado antes sobre a forma como se pronuncia os nomes dos convidados da sessão.

Não gostei da palestra de Michio Kaku.

Como sempre – e como mostra nos seus livros -, ele é bastante especulativo e sai demasiadas vezes da ciência, que era o objetivo da sessão.

Não gostei da publicidade gratuita que faz aos seus livros, ao longo da palestra.

Pareceu-me demasiado “forçado” o elogio aos portugueses dos Descobrimentos.
Soou-me a pandering

Quando ele disse que vamos voltar à Lua, com Humanos, em 3 anos, pareceu-me uma afirmação delirante.

Quando Kaku afirmou que todas as estrelas que vemos à noite têm um planeta a orbitá-las… comecei a pensar nas várias estrelas que vemos.
Não precisamos pensar em cada uma das milhares de estrelas que vemos. Basta atentar na estrela mais brilhante: Sirius. Que eu saiba, não foi descoberto qualquer planeta a orbitar a estrela Sirius. Assim, a afirmação não é verdadeira.

Numa outra altura, ele diz que: “Existem muitas teorias sobre a origem do Universo”. Ora, a palavra Teoria tem outro significado. O que existem sim, são hipóteses e cenários sobre a origem do Universo, não teorias científicas.

Tendo a concordar com ele ao dizer que somos diferentes dos outros animais (nomeadamente dos dinossauros), porque somos inteligentes e temos um programa espacial.
A verdade é que também vamos desaparecer (a extinção é a norma), ou evoluir (deixando de ser Homo sapiens).

Adorei a palestra de Carlo Rovelli.
Foi uma palestra muito interessante.

Ele começou por criticar todas as especulações de Kaku!
E afirmou que a ciência já é fantástica e bela! Já nos devemos maravilhar com a ciência, sem serem necessárias as tretas especulativas.

E reiterou: “Na comunicação para o público temos que ser claros na distinção entre o que sabemos e o que é desconhecido.”

Gostei da surpresa: “quase tudo o que disse está errado.”

Rovelli explicou a Relatividade, com relógios, e afirmou que isto é factualmente correto. Existem diariamente experiências em laboratório que o comprovam.

De forma muito interessante, ele também explicou que nunca nos vemos como somos “agora”, porque quando olhamos para a outra pessoa, quer dizer que a luz se moveu da outra pessoa para nós. Ou seja, passou algum tempo para a luz viajar. Assim, vemos a pessoa como ela era há alguns nanossegundos atrás.

Não percepcionamos o tempo que a luz demora da outra pessoa para nós, porque o nosso cérebro demora mais do que isso a processar a imagem da outra pessoa.

Em escalas cósmicas, mesmo interplanetárias (da Terra para Marte), não existe o “agora”. Existe o passado e o futuro. Mas não estaremos no mesmo “agora” em termos de comunicação.

Seguidamente, Rovelli explica o passar do tempo.

E concentra-se na segunda lei da termodinâmica: a entropia aumenta com o passar do tempo.

O passado e o futuro são diferentes apenas se existir calor.

Existem Teorias Quânticas da Gravidade onde não existe a variável tempo. Ou seja, é ao nível quântico, e nas equações matemáticas.

Rovelli conclui que a passagem do Tempo tem uma carga emocional bastante forte para nós, Humanos. O tempo existe para nós. Mas pode não existir para a física.
Assim, devemos estudar o que o tempo é para nós, porque ele está intrinsecamente ligado a nós e às nossas emoções.
Não sei se concordo. Detesto este geocentrismo psicológico (ou Princípio Antrópico). A não ser que a resposta final seja de que o tempo, na realidade, objetivamente não existe. Aí sim, seria fantástico.

A parte da discussão foi bastante interessante.

Eles falaram sobre a proliferação de desinformação e notícias falsas na internet.
A interpretação mais interessante é que são dores de crescimento. Ainda estamos na era do faroeste da internet. Com o desenvolvimento, virá mais ordem.
A mensagem mais importante foi de que devemos reconhecer os especialistas num determinado assunto. A opinião das pessoas não determina a validade da informação.

Gostei bastante da ideia de que não existe nada estático no Universo. Tudo acontece desde sempre.

Por fim, Rovelli explicou como a variável tempo não aparece nas equações fundamentais.
Mas pode-se falar do tempo como uma relação entre eventos diferentes.
Ou seja, Rovelli esclarece o porquê da variável Tempo não aparecer. Excelente!

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