Civilizações

Civilisations é uma excelente série que recomendo vivamente.

Pensei que fosse uma série social e histórica, sobre a ascensão e queda de várias civilizações.
Afinal, não era sobre nada disso.
É sim sobre arte e sobre história: a história da arte.

E apesar de não ser a minha área, achei toda a série muito interessante!

Esta nova série, de 2018, produzida pela BBC e pela PBS, é baseada numa série com (quase) o mesmo nome de 1969.

A arte mexe com as nossas emoções.

A arte já existe há dezenas de milhares de anos.
É algo que fazemos que é maior e mais duradouro do que nós.

A arte regista a história, as mudanças no mundo que nos rodeia.

Com a arte, documentamos o mundo tal como ele é, mas também serve para escaparmos da realidade quotidiana.

A arte reforça o sentido de identidade de uma civilização: um símbolo pode unir várias pessoas com o mesmo propósito.

A arte é uma forma de comunicação.

A arte é uma expressão da Humanidade!

Episódio 1 – O Segundo Momento da Criação

Simon Schama analisa a importância que a arte e a imaginação criativa tiveram na criação da própria humanidade.
A criatividade e a imaginação são essenciais para a cultura humana.

Provavelmente somos o único animal que produz arte.
Isso faz-nos diferentes dos outros animais. A arte diferencia os seres humanos.
Nós possuímos o poder de representar e criar.

Temos arte, decorativa, há pelo menos 75 mil anos.
Foi uma revolução cognitiva no Homo sapiens que levou ao início da cultura.

Antes de existir linguagem, já existia arte (gravuras/pinturas rupestres): mãos humanas gravadas a vermelho numa caverna no Monte Castillo, Espanha, 37 mil anos antes de Cristo!
Passamos a ser criativos!

Além de pinturas, também passaram a existir flautas paleolíticas e rombos (corda e pedra), para música (sons).

Há 5000 anos (3000 a.C.), já existia uma escrita rudimentar (para registar os impostos), mas a arte já estava difundida, quer em grandes pinturas que representavam batalhas, grandes personagens, etc, na Mesopotâmia (Ur e Uruk), como em enormes estátuas.
Em “poucos anos”, a civilização floresceu!

Os Gregos antigos foram buscar ensinamentos, ideias, religião e inspiração à cultura Minoica.
É assim que as civilizações evoluem: com ideias de outras civilizações, que entretanto entraram em declínio.

Todas as civilizações querem aquilo que não podem ter: a conquista do tempo.
Constroem monumentos maiores, mais altos e mais grandiosos, na esperança que durem para sempre… mas não duram. Tudo acaba por desmoronar. E tudo acaba por ser abandonado.
A natureza acaba por cobrir tudo, com areia ou vegetação.
E essa civilização acaba por ficar invisível, esquecida.


Episódio 2 – Como é que somos? Como é que nos vemos?

Mary Beard dá-nos a conhecer imagens do corpo humano na arte antiga, do México, Grécia, Egito e China.

Todas as civilizações ascendem e caem.
Por vezes, a única coisa que resta delas é a arte que produziram.

Neste episódio, vemos a evolução da imagem do corpo humano, em pinturas mas sobretudo em esculturas.

O episódio analisa a civilização Olmeca, Egípcia, Grega e Chinesa.

O nosso ponto de vista altera aquilo que vemos.
A nossa cultura faz interpretações da arte de outras culturas.
Diferentes culturas fazem diferentes interpretações.

Esculturas gigantescas fazem com que os visitantes pensem que esse rei/faraó/presidente tinha um enorme poder e controlo sobre todos.

A história é feita pelos vencedores.
Nunca ninguém erigiu estátuas aos derrotados!


Episódio 3 – Imaginar o Paraíso

Simon Schama explora um dos nossos mais profundos desejos artísticos: a representação da natureza.

As paisagens ajudam a definir quem somos.
O episódio foca muito as pinturas e fotografias de paisagens.

Elas também são utilizadas para propaganda política/ideológica.

A arte paisagista foi criada na China ancestral.
A tecelagem de tapetes continha desenhos de jardins, flores e paisagens.
É a união da arte com o artesanato.

É referida a fabulosa representação da Villa Barbaro – uma fantasia escapista.

Pintar nas paredes dos edifícios e muros – graffiti – é expressão artística e local de diálogo.

No final do episódio, já no século XX, temos a fotografia de paisagens.
O episódio acaba com astrofotografia: Blue Marble (Apollo 17, 1972), Pale Blue Dot (Ponto Azul Pálido) e imagens feitas ao cosmos pelo Telescópio Espacial Hubble!


Episódio 4 – Deus e Arte

A professora Mary Beard explora o controverso tema: religião e arte.
A arte religiosa e a iconoclastia.
Como e a que custo as diferentes religiões tornam o invisível visível?

A arte tem sido usada para exprimir as nossas mais profundas ânsias espirituais.

As cavernas de Monte Castillo (Espanha) mostram pinturas com mais de 40 mil anos.
É a Capela Sistina da arte rupestre.
Este era um espaço sagrado que ajudava a unir as pessoas, que potenciava uma partilha de espiritualidade.

Nas civilizações humanas existe um culto da morte, e daí tantas histórias sobre a vida após a morte (after-life).
Estas histórias eram representadas na arte, em diversas civilizações.

Também existe um culto ao Sol.
Este culto também produz muita fé, espiritualidade.

Estes cultos religiosos, espirituais, são vistos na arquitetura, nos templos por exemplo.
E também nas pinturas e murais dentro desses templos.

A arte religiosa desperta emoções fortes.
As pessoas passaram a idolatrar estátuas!

A arte religiosa levou a muita propaganda e informação falsa (fake news).
As pessoas tomavam como certo o que viam nas pinturas, como se fossem livros, jornais ou a televisão da época.
A arte era muito poderosa na Idade Média – era vista como mágica e mística.
Daí ser fácil incutir informação falsa nas pessoas.
Por exemplo, Jesus não era branco, europeu. Mas é assim representado na arte…

O aspeto visual da caligrafia também pode ser arte.
No Islão, na religião muçulmana, isto era essencial.

Atualmente, a Catedral de São Paulo, em Londres, tem uma nova forma de arte: vídeo-arte.
Existem vídeos, imagens em movimento.
Existem imagens e vídeos, cristãos, espirituais, dentro da Igreja.
Continua-se a tentar lidar com a morte.
Exemplo: Maria (2016), um tríptico, de Bill Viola & Kira Perov.


Episódio 5 – Renascimentos: o triunfo da Arte

Simon Schama examina como as tradições se desenvolveram nos anos seguintes ao Renascimento.

A Humanidade passou a ser o centro do seu próprio Universo: artistas e arquitectos.

Nos séculos 15 e 16, a arte vê-se até nas abóbadas no topo dos edifícios religiosos.

Passou a existir um surto de criatividade no Oriente islâmico e no Ocidente cristão.
O Renascimento Europeu uniu-se à Era Dourada do Islamismo.
Eles influenciaram-se mutuamente.

Existiu uma enorme competição:
construção da Mesquita de Santa Sofia, Istambul, vs. construção da Basílica de São Pedro, Roma.

Renascimento significa renascer. O que renasceu foi a antiguidade clássica.
Isso passou a ser retratado na pintura, nos murais, e sobretudo na arquitetura.


Episódio 6 – Encontros

Este episódio concentra-se na globalização, na exploração do planeta, e de como isso impactou culturas distantes.

David Olusoga mostra como a arte estava sempre na linha da frente quando culturas diferentes se encontravam.
Quando se encontram, as civilizações influenciam a arte uma da outra.

Antes das conquistas, pilhagens, genocídio, etc, há sempre uma troca de ideias que fica contada na arte da época.
Os artistas tornam-se historiadores, relatando o que se passa naquela época.

Este episódio foca a Era dos Descobrimentos, com o império português em África e no Japão e o império espanhol nas Américas.

Portugal era uma sociedade multicultural (com pessoas de várias proveniências), assente em trocas comerciais.

A conquista violenta dos Espanhóis nas Américas levou à destruição de muitos templos e esculturas dos Aztecas: a destruição da sua arte e da sua cultura.

Os Japoneses têm dois conceitos fundamentais no Budismo: imperfeição (nada é perfeito) e impermanência (nada é permanente. A mudança é uma constante).

Depois, falou-se de Amesterdão, na Holanda, que se tornou o centro do mundo, no século 17, tendo uma grande influência na arte, retratando o mundo como realmente era: a realidade.

Nos séculos 18 e 19, relevou-se o império britânico na Índia.

Esta foi uma história de imperialismo dos europeus sobre os outros povos, mas também de uma globalização que criou interligações entre diferentes partes do mundo e que teve como resultado o mundo que conhecemos hoje.


Episódio 7 – Cor e Luz

Simon Schama fala-nos sobre cor e luz, através das grandes catedrais góticas de Amiens e Chartres. De seguida, leva-nos até Veneza do século XVI.

O poder da cor. A cor iluminava o divino.

Catedral de Amiens, França: é uma Catedral Gótica, que era o grande centro de comércio e adoração. Era o ponto central das cidades medievais da Europa.

Catedral de Chartres, França: a arquitetura servia para parecer que nos elevamos aos céus, ao Paraíso. Os vitrais têm cores vivas, a representar artesãos, carregadores de água, padeiros, etc. As pessoas comuns são elevados aos céus.

Os mais raros pigmentos (para fazer cor, como o azul ultramarino) eram importados do Oriente para a Europa, através de Veneza, Itália.
E foi aqui, em Veneza, que se deu uma revolução no uso da cor.

A arte ocidental captura um momento em tempo linear: só tem uma pessoa ou várias pessoas no mesmo momento.
Na arte oriental, a mesma pessoa pode aparecer várias vezes na mesma pintura, em diferentes momentos da sua vida (à medida que conta a sua história), porque no Oriente o tempo é cíclico: existem ciclos de tempo.

A arte moderna começou em Edo (Tóquio).
Era arte comercial, para as massas: Ukiyo-e.


Episódio 8 – O Culto do Progresso

David Olusoga fala-nos sobre a reação artística ao imperialismo e ao colonialismo no século 19.

No século 19, o mundo foi transformado pela Revolução Industrial.
A ciência e a tecnologia avançavam.

As culturas tradicionais (ex: nativos americanos) foram vítimas do progresso da sociedade moderna.

Alguns artistas retratavam este sonho de progresso científico.
Outros regressavam à natureza.

Os Europeus começaram a retratar os povos da Ásia e África.
Os Europeus achavam-se superiores, eram o mundo civilizado.
Mas estavam fascinados pelos mistérios e pela arte que vinha dessas regiões.
Daí que retratavam essas regiões exóticas.
Era o Orientalismo.
Mas grande parte não eram pinturas reais: eram fantasias do pintor europeu sobre o que encontraria nessas regiões: maioritariamente, belas mulheres nuas.

Pintores/artistas que já estavam fartos da Europa industrial, iam para os EUA selvagem retratar a natureza.

Entretanto, na década de 1830, foi inventada a máquina fotográfica.
As pessoas tiveram receio que a pintura fosse acabar.
Tal como se pensou muito mais tarde, que a televisão pudesse terminar com a rádio. Como agora, com o advento da internet, se diz que os jornais vão acabar.
Mas a pintura, adaptou-se.

Chegou o Impressionismo.

O episódio termina com as obras de Picasso.


Episódio 9 – A Faísca Essencial

Simon Schama explora o destino da arte no mundo das máquinas e do lucro, na perspetiva da ascensão da arte como uma mercadoria comercializável.

A arte contemporânea e o modernismo.

Fala-se de Abstracionismo: pinturas abstratas. Expressionismo abstrato.

Depois, foi descrita a Pop Art.

Arte serve para retratar os horrores da guerra, do racismo, etc.
Mas também serve para dar esperança.

No final, vêem-se novas formas de fazer arte: até com explosões de pólvora de várias cores.

Há 50 mil anos que os Humanos produzem arte, em cada material possível e em cada estilo imaginável.

A grande arte destrói o tempo e o espaço que nos separa do momento da sua criação.

Como já referi, esta é uma série muito interessante.

Visualmente, é fabulosa!
E transmite muita informação fascinante.

A série é brilhante na sua análise cultural.

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