Infetados assintomáticos não contagiam?

Um estudo propagado nas redes sociais garante que os infetados com COVID-19, mas sem sintomas, não contagiam outras pessoas.
Uma epidemiologista americana da Organização Mundial de Saúde afirmou o mesmo, dizendo que havia indicações disso, apesar de não existirem provas desse facto.

A verdade é que esse estudo, publicado a 13 de Maio, teve como amostra uma única pessoa!
Uma mulher chinesa de 22 anos, que estava infectada e não tinha sintomas, esteve em contacto com 455 pessoas, não tendo contagiado nenhuma delas.

Assim, até em termos de amostra este estudo tem uma enorme limitação: não se pode extrapolar conclusões gerais a partir de uma só pessoa!
Mas o estudo tem outras limitações. Exemplos: conseguiu-se todos os contactos? Os potenciais doentes foram testados ao fim dos dias necessários? A doente tinha uma infeção demasiado fraca? Será que o teste da paciente foi um falso positivo? Etc, etc…

A verdade é que o que tem sido propagado nas redes sociais (defendendo a futilidade das medidas de prevenção) é falso!
Muitos outros estudos mostraram o efetivo contágio, sendo que alguns desses estudos até mostram que os doentes pré-sintomas contagiam um pouco mais do que aqueles que já têm os sintomas. O pico da transmissão parece ser no dia anterior à pessoa ter os sintomas.

Devido a ser um novo coronavirus, está-se a ver publicamente a ciência a trabalhar.
Não estamos a ler num livro, como a ciência chegou às suas conclusões há dezenas ou centenas de anos atrás – em que só lemos as conclusões após todo o debate científico.
Aqui estamos a ver o debate da ciência ao vivo, enquanto ele se desenrola. Por isso não podemos confiar em tudo o que lemos, mesmo aparentemente tendo validade científica.
Temos que deixar a ciência fazer o seu caminho, os cientistas debaterem, e depois confiarmos sim no consenso científico.
Neste caso, o consenso científico é: ainda há muita coisa que não sabemos, e todos os estudos contribuem para sabermos um pouco mais. Sobre este caso específico, o consenso científico é que pessoas infetadas (tendo ou não sintomas) contagiam outras pessoas.

Leiam no Polígrafo SIC, aqui.
E vejam este segmento do episódio, aqui.

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