Um entrevista muito interessante do Doutor Manuel Pinto Coelho, aqui.
Alguns excertos:
“O sistema imunitário relaciona-se muito com o estilo de vida.”
“Aquilo que estimula o sistema não são só as vitaminas, é ter um intestino saudável – 80% do nosso sistema imunitário está na parede do intestino – e há imensas estratégias para conseguir esse objetivo.
Praticamente todas têm o denominador comum, que é o estilo de vida.”
“Nós vivemos rodeados de milhares de micróbios, porque é que umas pessoas ficam doentes e outras não?”
“Dentro do nosso intestino temos 100 triliões de micróbios (sabe que temos 10 triliões de células?).
Nós não somos o que comemos, somos o que aqueles 100 triliões de micróbios digerem. (…) os benefícios de uma microbiota bem tratada.
Vivendo nós rodeados de micróbios, as doenças que nós temos têm por detrás os desequilíbrios que acontecem dentro do nosso organismo que permite que esses micróbios se tornem violentos e agressivos, virando-se contra o hospedeiro, a propósito sobretudo das doenças autoimunes.
São esses desequilíbrios que têm de ser estudados.”
“Nos países mais desenvolvidos é onde existem mais casos de covid-19. Em África, onde se pensava que seria uma lástima (…) Porque lá não se comem hambúrgueres com batatas fritas, e certamente as pessoas têm o intestino melhor tratado, à custa da fome, infelizmente, à custa da situação precária que existe nas populações mais pobres. Comem pouco, mas comem raízes, vegetais, frutas, não há dinheiro para mais, e os solos não estão envenenados com pesticidas. A microbiota é, certamente, mais saudável, pois não é assediada pelos alimentos que a inflamam – açúcar, glúten, caseína. Veja-se o caso da covid-19 no Brasil… o principal consumidor de açúcar no mundo.”
“Os alimentos processados, os conservantes que se usam para os adoçar e conservar, melhorar o sabor. A alimentação que privilegia os hidratos de carbono, indo completamente contra o nosso equipamento genético, porque os nossos genes são os mesmos que no paleolítico, só mudaram 1%.
Na altura, consumia-se 70% de gorduras, 20% a 30% de proteína e só 5 a 10% de hidratos de carbono, e hoje é ao contrário. É 70% de hidratos de carbono, totalmente inflamatórios para a parede do intestino.
A propósito do sistema imunitário, tudo isto é gritante.
Os lacticínios e os cereais só foram trazidos pela Agricultura há 10 mil anos…
Por isso é que de há 10 mil anos para cá dispararam as doenças, não só o cancro, como do sistema metabólico e autoimunes.
Todas elas têm por detrás um destes três, ou os três fenómenos: intestino poroso, inflamação e resistência à insulina.
É essa mudança de hábitos que nós hoje praticamos que deixa os nossos genes “atarantados”, não tiveram tempo de se acostumar a estas circunstâncias novas.
E as pessoas mexiam-se, corriam, coisa que hoje não se faz.”
“E as pessoas apanhavam sol…
Não estavam fechadas nos seus gabinetes como acontece hoje. As pessoas faziam uma vida ao ar livre.
As pessoas estão em casa, em pânico, mais fraco fica o seu sistema imunitário. O medo é imunossupressor.”
“Nós temos um elefante na sala, que são as doenças crónicas, a obesidade, a diabetes, a hipertensão, a maior parte das pessoas que morrem com covid-19, morrem com estas situações.”
2 comentários
Isto é muito interessante, e eu obviamente não tenho conhecimento científico para contradizer. Mas fazem-me confusão algumas passagens:
“Nos países mais desenvolvidos é onde existem mais casos de covid-19” – Tenho dúvidas a este respeito. A Covid está provavelmente sub-reportada nos países em vias de desenvolvimento. Além disso, outros factores (idade da população, % de população urbana, densidade populacional, etc.) também terão impacto.
“Por isso é que de há 10 mil anos para cá dispararam as doenças, não só o cancro, como do sistema metabólico e autoimunes.”
Como sabemos isto? Não há registos médicos tão antigos. Os de há 100 anos podem existir, mas não são fiáveis. Além disso, o cancro por exemplo tem mais prevalência depois dos 50 anos, e as pessoas não viviam depois dos 40 há 10,000 anos atrás.
Author
Concordo em absoluto com as suas críticas.
Há várias frases que me parecem demasiadamente generalizadas, sem evidências.
“Por isso é que de há 10 mil anos para cá dispararam as doenças, não só o cancro”
Além da sua crítica, também refiro que antes podiam existir estas doenças (como o cancro), mas não eram reportadas porque não se sabia o que era. Simplesmente, escrevia-se que as pessoas tinham morrido “de causas naturais”.
abraço