Uma das características do pensamento crítico é confiar nos especialistas.
Não se faz isto porque os especialistas estão sempre certos, mas sim porque entre um especialista e um não-especialista, em 100 vezes, o especialista é o que está certo em 99 vezes.
Já expliquei algumas destas características, com que lidamos diariamente, neste post.
Uma outra razão para confiarmos nos especialistas é que nós próprios não temos tempo para estudar em detalhe todos os assuntos.
Teríamos que ter 20 vidas, e mesmo assim existiriam temas que não dominaríamos totalmente.
Por sabermos que não sabemos tudo, nem conseguimos saber tudo, é que somos obrigados a confiar nos especialistas na nossa vida diária.
Ninguém entra numa confeitaria aos gritos a querer saber exatamente os ingredientes que foram colocados no bolo, qual era a data de validade de cada ingrediente, quantos minutos o bolo esteve no forno, etc.
Ninguém entra num avião aos gritos, a perguntar quem construiu o avião (o nome de todas as pessoas, os seus CVs, quanto tempo passaram no avião, exatamente o que tocaram, quanto beberam em todos os almoços, etc), qual foi a última vez em que o avião foi inspecionado, etc.
As pessoas entram no avião sem sequer perceberem a física que explica como o avião voa…
Simplesmente, as pessoas confiam nas outras pessoas.
Se a pessoa levasse a desconfiança ao extremo, não conseguiria fazer nada neste mundo.
Daí não ser lógico, o argumento dos negacionistas de quererem saber tudo sobre as vacinas antes de a tomarem.
Esse é simplesmente um argumento enganador. O negacionista já sabe que não vai ter tempo nem capacidade de saber tudo sobre as vacinas. Aliás, o mesmo negacionista tomou várias outras vacinas, sem saber tudo sobre elas. Assim, este argumento serve só para tentar encobrir a sua negação da ciência e do pensamento crítico.
Seria o mesmo que uma pessoa com medo de voar em aviões, tentar encobrir esse medo argumentando: “eu só ando de avião, quando me explicarem direitinho a física do vôo dos aviões, todas as características de todas as pessoas que tocaram no avião, etc.”
Obviamente, esse argumento serviria só para encobrir a verdadeira razão.
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