Banda desenhada de 1957 previu a pandemia atual?

Nas redes sociais, anda a ser partilhada uma imagem de uma banda desenhada/quadrinhos chamada Fantasma.

Na história criada em 1957, o herói Fantasma diz para as pessoas utilizarem uma máscara à frente da boca para se protegerem do vírus da China.

Terá sido esta uma história visionária que previu a pandemia por COVID-19?

Ora, se isto fosse verdade, não seria surpreendente: já tinham existido outras pandemias antes (ex: gripe espanhola de 1918), que requeriam a utilização de uma máscara. Ou seja, ao contrário do que é proposto nas redes sociais, isto não é nenhuma previsão de futuro.

A grande questão aqui é chamarem de vírus da China.
Neste caso, funcionam as probabilidades. Por acaso, este vírus de 2019 foi primeiro detectado na China. Mas se tivesse sido detectado inicialmente na África do Sul, por exemplo, certamente que alguma história em banda desenhada/quadrinhos, em livro, em teatros, ou em cinema/filme, falaria de um vírus da África do Sul. Em triliões de histórias imaginadas por humanos, certamente que alguma delas já mencionou um vírus da China, um vírus da África do Sul, um vírus da Dinamarca, ou quiçá até um vírus de Portugal.

O mais interessante nesta história é que, na verdade, a fala do Fantasma é mentira!

A história real de 1957, intitulada The Valley of No Return, é com o Fantasma a dizer às pessoas para colocarem uma máscara (na verdade, tecido embebido em água a tapar a boca e o nariz), para se protegerem de “algo no ar” (não sabem dizer o quê) que põe as pessoas (e os animais) a dormir.

O “algo no ar” até pode ser um vírus.
Mas em lado nenhum é mencionado vírus da China.
A história original diz que é uma praga do sono: algo que provoca sonolência.

Conclusão: a vinheta que anda a ser partilhada nas redes sociais foi adulterada.

Fontes: Hora da Verdade, Observador.

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