A Fundação Francisco Manuel dos Santos realiza a rubrica Fronteiras XXI, com alguns programas de debate sob o tema “Os Temas que desafiam Portugal e o Mundo”.
O último programa foi sobre a transição energética.
“A transição energética ganha nova urgência a cada ano que passa.
2022 começou com uma situação de seca que obrigou à suspensão da produção de energia hidroelétrica em cinco barragens, no país. E cenários como este tenderão a multiplicar-se.
Mas só alguns países estão a trabalhar em contrarrelógio para tentar travar os impactos do aquecimento global. Portugal é um deles.
A nível mundial, ocupa a 19.ª posição no Índice de Transição de Energia 2021 – à frente dos EUA. E na Europa destaca-se entre os que consome mais energia limpa: 58% – acima da média de 37%.
Ainda assim, os sucessivos aumentos nas faturas da eletricidade e dos combustíveis podem ameaçar as campanhas pela sustentabilidade ambiental.
Será que Portugal tem capacidade financeira, tecnológica e humana para aproveitar as condições naturais do seu território e capitalizá-las em forma de energia solar, eólica ou do mar? As energias renováveis acarretam riscos? Será o hidrogénio a resposta para os desafios de armazenamento? Devemos considerar outras fontes, como o nuclear? Poderá o país integrar a cadeia de valor das baterias na União Europeia? Quanto vamos pagar pela energia?”
Foi um debate interessante.
A primeira parte do programa (os primeiros 40 minutos) foi muito interessante, em que se falou de energias renováveis, do lítio, de baterias, das células fotovoltaicas, de barragens (e da seca), de parques eólicos, de gás natural, e das tensões políticas com a Rússia.
No resto do programa, o mais interessante foi o debate sobre as centrais nucleares, e a entrevista do economista Hans-Werner Sinn que criticou a forma como a “energia verde” está a ser fomentada.
Vejam todo o debate, no website da RTP, aqui.
1 comentário
Neste assunto é preciso ter uma noção da big picture. Além das questões da sustentabilidade ambiental, custos para a economia e desenvolvimento das sociedades, é preciso ver e ponderar sobre as fontes e as estratégias energéticas, também na perspectiva de Portugal ter uma posição confortável de independência energética de outros países.
A conjuntura geopolítica actual e o que se está a passar na Europa (Russia – Ucrânia, etc), permite ver isso, claramente, e lembrando que de tempos a tempos há uma crise energética motivada por razões políticas e fracturas nas relações com países fornecedores.
António Costa Silva, especialista em energia, fez também uma análise interessante sobre este assunto aqui (a partir do minuto 51:17): http://www.rtp.pt/play/p9723/e601342/360-o-/1020225