Culto da morte nas imagens

Nunca gostei de ver imagens (sobretudo esculturas) nas Igrejas. A razão é que desde pequeno aprendi (na própria Igreja Católica) que não se devia idolatrar essas imagens.
Uma das imagens que menos gosto é a cruz: percebo o simbolismo, mas não entendo o porquê da escolha desse símbolo.

Foram crucificadas dezenas ou centenas de milhares de pessoas ao longo da história, nomeadamente pelos Romanos.
Jesus não foi especial – não foi um caso único – em que a cruz mereça tanto destaque no seu caso.

Além disso, a cruz não é um símbolo de ressurreição, mas sim de morte, como o foi para tanta gente.
É um culto de um símbolo de morte…

Crédito: Carlos Oliveira

No entanto, ao visitar os Mosteiros Pintados na Roménia, aí sim percebi essa obsessão pelo momento da morte.

Eu sei que existe muita violência na Bíblia…
Mas não estava à espera que mosteiros retratassem essa violência.

Estava à espera de mensagens de paz, e não momentos de ódio entre povos.

As pinturas (internas e externas) nos Mosteiros retratam histórias completas, temas religiosos.

Fiquei totalmente surpreendido em certas zonas, ao ver inúmeras imagens de decapitações (infelizmente, não pude tirar fotografias nessas zonas).
Eu até entendo pintar-se a decapitação de S. João, e até se “falar” na dôr dos primeiros Cristãos decapitados, mas a ideia que me deu é que as imensas imagens de decapitações que vi pintadas também se referiam às Cruzadas com a decapitação dos chamados infiéis.

Parece-me assim que existe um enorme culto da morte, do ódio, que não está de acordo com a imagem teórica de paz que as Igrejas pretendem transmitir.

Eu ponho-me a imaginar o que um extraterrestre (externo a qualquer religião terrestre) pensaria ao ver este tipo de imagens: certamente que pensaria que os Humanos são violentos, assassinos, que odeiam os outros, etc. Certamente, o extraterrestre pensaria que os Humanos não são seres recomendáveis…
Obviamente, digo eu, não pensaria que estava num local de adoração de deuses, de introspeção, de paz.

2 comentários

  1. A Igreja associa a morte a uma vida futura paradisíaca.
    Como esteve quase sempre do lado dos poderosos, esta é uma forma de manter em sossego os fracos e os oprimidos.

    1. É uma forma fabulosa de controlo 😉

      “Não faças ondas agora, submete-te ao que dizemos… porque depois de morreres é que vai ser uma festa.” 😛 😀

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