O astrobiólogo Dirk Schulze-Makuch publicou um artigo interessante onde defende que os alienígenas serão muito provavelmente máquinas com inteligência artificial, e não os populares seres verdes humanóides.
O argumento é que as viagens espaciais em grandes distâncias não servem para os organismos biológicos: os corpos não são feitos para isso. Além disso, os corpos biológicos degradam-se rapidamente: em poucas décadas.
Por isso, segundo ele, civilizações biológicas avançadas irão desenvolver robôs com inteligência artificial.
Máquinas com inteligência artificial poderão percorrer enormes distâncias espaciais durante colossais períodos de tempo.
Assim, ele defende que deveríamos procurar por seres robóticos no Universo, e não por seres biológicos.
Além disso, ele defende que deveríamos procurar por mais planetas semelhantes a Mercúrio (com muito ferro, silício e grandes quantidades de energia solar recebida) em vez de que planetas como a Terra. Esses planetas teriam mais matérias-primas para o desenvolvimento de robôs.
Outros astrobiólogos famosos, como Seth Shostak, também defendem ideias similares: é mais provável encontrarmos robôs com inteligência artificial.
Esta ideia chegou ao jornal britânico Daily Star, aqui, que obviamente colocou algum spin, concluindo que extraterrestres Terminator serão mais prováveis que extraterrestres como o E.T.
Eu concordo que não vamos encontrar seres humanóides.
Mas discordo de tudo o resto. Compreendo os argumentos, mas discordo deles.
A minha discordância fundamenta-se na quantidade de assumptions que são feitas, baseadas no limitado geocentrismo psicológico: continuamos a pensar que os Humanos são a medida do Universo.
É verdade que na Terra, quase todas as espécies vivem menos de 100 anos terrestres.
No entanto, eu não conheço a biologia de espécies extraterrestres. Não tenho qualquer evidência que eles não possam viver 1000 anos terrestres, por exemplo.
A inteligência artificial está na moda atualmente.
Mas por hoje estar na moda na civilização dos Humanos, isso não quer dizer que seja o progresso natural em qualquer civilização tecnológica.
Assumir que seres extraterrestres, se querem ser inteligentes, têm que seguir a nossa evolução tecnológica é de uma incrível arrogância científica.
Além disso, a atual moda da inteligência artificial, pode ser como o telégrafo no século 19. Passados 200 anos, pode já ninguém utilizar, porque isso é “primitivo”.
Mais uma vez, assumir que se nós temos, então é porque somos muito inteligentes, e será o máximo que os outros podem alcançar, é de uma arrogância incrível.
A verdade é que não há qualquer razão – a não ser o ego, arrogância humana – para pensarmos que civilizações biológicas avançadas têm que desenvolver robôs com inteligência artificial.
As máquinas não têm um tempo de vida infinito. Todas as máquinas precisam de reparações ao fim de algum tempo.
Para que máquinas possam sobreviver durante colossais períodos de tempo, têm certamente que ser reparadas de tempos a tempos.
Mesmo que sejam outras máquinas a fazer trabalhos de mecânico, a verdade é que vão precisar de mecânicos, tal como os seres biológicos precisam de médicos.
Concluindo: parece que nada se aprendeu com as limitações de pensamento de outros séculos, quando se pensava que os Marcianos eram bons engenheiros que precisavam de certeza de água, que os Lunáticos viviam certamente nas florestas da Lua, ou que os extraterrestres comunicavam obviamente por telégrafo.
2 comentários
“As máquinas não têm um tempo de vida infinito. Todas as máquinas precisam de reparações ao fim de algum tempo.
Para que máquinas possam sobreviver durante colossais períodos de tempo, têm certamente que ser reparadas de tempos a tempos.”
Sim, e o nome dessas reparações é “manutenção”. Até nossos veículos precisam de manutenção, mesmo os que já vem elétricos e com autonomia na direção. Só nossa arrogância de seres humanos mesmo para imaginar que algo tão patético, astronautas robôs, possam vagar infinitamente pelo espaço sem o apoio e a manutenção dos seres biológicos inteligentes que os desenvolveram (ou dos descendentes destes, haja visto a superior quantidade de anos que um robô pode “viver e interagir”).
Robôs não têm parentes. Não precisam retornar para casa. Têm o seu importante papel na exploração espacial. Entretanto os robôs exploradores/rovers/sondas espaciais tem Ai bem limitada. São rigidamente controladas / comandadas por humanos aqui na Terra. 😉
No entanto, ao pensarmos em missões muito complexas, nada supera a inteligência biológica. É só lembrarmos do papel dos astronautas no sucesso das missões Apollo.
Além disso, O problema com ‘contatos imediatos’ é a distância gigantesca entre os sistemas planetários, além dos perigos inerentes do espaço. O autor comenta isso.
Mas, Concordo que temos que abandonar nosso egoísmo antropocêntrico ao discutir esse tema.
Abs