Elon Musk está a criar buracos na atmosfera?

Crédito: SpaceX

O astrofísico Jeffrey Baumgardner criou alguma celeuma na comunicação social ao dizer que o lançamento de foguetões por parte de Elon Musk provoca buracos na ionosfera.

A ionosfera é “a camada da atmosfera que se localiza entre 60 km e 1000 km de altitude e é composta de iões e plasma ionosférico” (in wikipedia).
A ionosfera “é uma das camadas da atmosfera característica por sofrer ionização da radiação solar. Assim, ela é bastante ativa e seu tamanho diminui conforme a energia que absorve do Sol.”

Apesar de parecerem, isto não são auroras boreais…

Após o lançamento do foguetão Falcon 9, da SpaceX, no passado dia 19 de Julho, o fotógrafo Jeremy Perez fez esta imagem dos efeitos desse lançamento na atmosfera (imagem em cima).

Jeremy disse que este fenómeno ficou visível durante cerca de 20 minutos, e afirmou também que o brilho fluorescente vermelho expandiu-se “para Sul”, tendo “cruzado a Via Láctea”.

Esse brilho vermelho é o tal “buraco” na ionosfera, devido aos iões de oxigénio reagirem com os eletrões dos gases de escape do foguetão.

Em entrevista ao conhecido website Spaceweather, aqui, o professor Baumgardner disse que quando os foguetes queimam os seus motores cerca de 250 quilómetros acima da superfície terrestre, é provável que nessa altura o foguetão utilizado por Elon Musk provoque fendas ionosféricas. Ou seja, durante o seu lançamento, o foguetão abre um buraco na ionosfera.
Obviamente, quanto mais foguetões forem lançados, mais ruturas ionosféricas se abrem.

No entanto, o cientista disse que estes “buracos” são temporários: quando o Sol nasce, a sua radiação torna a reionizar essa zona atmosférica, efetivamente fechando o “buraco”.

Crédito: SpaceX

Na verdade, não é um “buraco” físico como estamos habituados. Simplesmente, existe uma diminuição da densidade ionosférica, ficando mais ténue.

À noite, sem a radiação solar, essa diminuição ionosférica é real. Essa diminuição é diária, natural e estende-se à parte noturna da atmosfera terrestre. Notem que a ionosfera não deixa de existir! Mas devido à diminuição da ionização pelo Sol, então essa camada ionosférica na atmosfera vê a sua densidade reduzir: fica mais ténue.

Já a diminuição provocada pelo Falcon 9 é criada pelos Humanos, é súbita e é concentrada no local do lançamento do foguetão. Durante o lançamento, os gases expelidos pelo foguetão (água e dióxido de carbono) reduzem a formação de partículas carregadas até 70%, e as ondas de choque provocadas pela velocidade do foguetão causam perturbações na camada de iões e plasma.

Os efeitos reais para os Humanos são a nível das comunicações rádio, podendo até levar a erros nos sistemas de GPS.

Crédito: SpaceX

Um estudo científico (aqui), de 2008, já tinha mostrado que o lançamento de foguetões provoca enormes “buracos” na ionosfera, que se mantém durante algumas horas.

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