Inundações Recordes no Sul do Brasil – O que a Natureza Quer Dizer?

Entre abril e maio, o sul do Brasil, mais precisamente o estado brasileiro do Rio Grande do Sul, foi acometido por enchentes que atingiram, de acordo com a Defesa Civil, mais de 400 municípios, tirou a vida de 169 pessoas (até o presente momento) e desabrigou mais de 600 mil.

Município sul-rio-grandense afetado pelas chuvas (créditos: REUTERS/Amanda Perobelli)

As fortes chuvas começaram no final de abril do ano presente, na Região dos Vales, centro-leste do estado. Sem qualquer trégua, se estenderam por mais de 10 dias consecutivos, sobrecarregando as bacias dos rios Taquari, Jacuí, Caí, Pardo, Gravataí e Sinos, que transbordaram e invadiram os municípios em seu caminho.

Como são interligadas, a água das bacias chegou ao Guaíba, em Porto Alegre, e à Lagoa dos Patos, em Pelotas e Rio Grande, que também transbordaram, inundando os municípios e tirando famílias de casa – a água chegou onde até então nunca havia chegado. A região serrana também foi atingida, porém os deslizamentos foram os que mais provocaram mortes e destruição.

No início de maio, o rio Taquari atingiu 30 metros de altura, atingindo o maior nível da sua história.

Algumas barragens se romperam parcialmente.

O nível dos rios e lagos continuam altos. A previsão, segundo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), é de 30 dias para os níveis começarem a cair, auxiliado com possíveis tempos secos.

Em 1941, houve uma enchente de proporções similares. Entretanto, demorou 20 dias – ao invés de apenas 3 dias, no caso atual.

– Uma Tragédia “Anunciada”, ClimaMeter e a Teimosia de Grupos “Conservadores” em Não Reconhecer as Mudanças Climáticas Provocadas pelas Atividades Humanas 


Ano passado, em 2023, este mesmo estado teve, ao todo, três enchentes com mortes. No mês de junho, 16 pessoas morreram após a passagem de um ciclone. Apenas dois meses depois, outro fenômeno similar deixou 54 mortos. Em novembro, mais mortes provocadas pelas chuvas.

Sobremaneira, nenhuma esfera governamental preparou seus cidadãos para enfrentar futuras enchentes. O departamento da prefeitura da capital do estado (Porto Alegre-RS), responsável pela área, fechou 2023 com R$ 428,9 milhões em caixa. Dados do Portal da Transparência mostram que desde 2021 os investimentos estavam em queda. E nada tem sido feito.

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Baixos investimentos e dinheiro governamental parado em caixa, mostrando um falso “superávit”: há quem acredite que isso é sinônimo de país no “caminho correto.”

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Bom, prossigamos.

Um consórcio de cientistas do ClimaMeter¹, divulgou um relatório onde mostra, – sem sombra de dúvidas, para qualquer pessoa com pelo menos dois neurônios – que as chuvas responsáveis pelas inundações devastadoras no Rio Grande do Sul foram intensificadas pelas mudanças climáticas provocadas pelo homem.

Os especialistas destacaram que, apesar do El Niño ter tido um papel relevante na intensificação das chuvas, o impacto das mudanças climáticas foi significativamente maior.

Os cientistas do ClimaMeter fizeram uma comparação com chuvas em décadas anteriores e concluíram que as alterações do clima desempenharam um papel crucial na potencialização das tempestades, maior do que a influência isolada do El Niño.

Uma das consequências das mudanças climáticas provocadas pelas atividades humanas é exatamente a intensificação dos fenômenos, extremos climáticos cada vez mais fortes e frequentes e aumento do número de dias do ano com recordes positivos de temperatura.

É exatamente isso que estamos presenciando.

O que os grupos ditos “conservadores” na sociedade afirmam nos redutos da Internet? Que a culpa é das antenas do HAARP² que, deliberadamente, foram apontadas para o Rio Grande do Sul, provocando assim as chuvas; deliberadamente, as barragens foram abertas pelo governo federal³ atual como “vingança”, e mais outros disparates.

Apontar os grandes lobbys do mercado é uma coisa que nenhum mero mortal admirador de grupos bilionários jamais fará.

Enquanto os negacionistas conservadores continuarem a não reconhecerem as verdadeiras causas, a natureza continuará dando recados.

A médio e longo prazo, caso continue esta problemática (enchentes frequentes associados a longos períodos de seca e estiagem), futuramente as indústrias buscarão outras regiões do país com menos extremos dessa magnitude, levando consigo empregos e desenvolvimento. Além, sobretudo, das vidas levadas por essas tragédias.

Fontes: Globo, UOL.

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¹O ClimaMeter é um projeto de investigação financiado pela União Europeia e pelo Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), sediado na França. A metodologia para este assunto pode ser vista aqui.

²HAARP. High-frequency Active Auroral Research Program. Site oficial.

³Para Saber Mais sobre barragens, empreendedores e monitoramento.

2 comentários

    • Jonathan 'Hamelin' Malavolta on 02/06/2024 at 18:46
    • Responder

    Estou acompanhando essa dinâmica toda pois tenho amigos no RS há mais de 40 anos (só em Porto Alegre, devo ter por volta de 12, 13 amigos; no estado inteiro, o número ultrapassa tranquilamente a casa da centena), ou seja, quando amizades à distância não dependiam da Internet, mas dos Correios. Vejo como desdém o que o governo brasileiro está fazendo pela população gaúcha neste momento pois, apesar de alegar falta de recursos para auxílio emergencial, SÓ EM 2024 (valores de janeiro a abril) o Impostômetro (sim, nós temos um) do Palácio do Planalto (sim, por ironia do destino, nós também temos um) registrou um acúmulo de UM TRILHÃO DE REAIS como arrecadação fiscal de um primeiro semestre que ainda nem acabou. O que está sendo feito com esse dinheiro o digníssimo Presidente Luís Inácio Lula da Silva não revela quando diz da boca pra fora que o governo não tem recursos para ajudar os gaúchos. E por que a portentosa Rede Globo, que adora chamar influenciadores digitais que foram pra linha de frente prestar socorro de espalhadores de fake news, faz a respeito dessa informação (oriunda do Impostômetro) que pode facilmente ser encontrada no Portal Transparência Brasil (de nosso Congresso Federal)? Por os pés na água como está fazendo a iniciativa privada (empresários de diversos ramos) ninguém da Globo quer, né? Mostrar que nosso Impostômetro DESMENTE a fala de Lula a Globo também não quer, né? Espero que a Rede Globo (seus jornalistas, em especial, Natuza Neri) NÃO AFIRME que estou passando fake news com essa menção que fiz acerca de nosso Impostômetro pois retirei esse valor do próprio Portal Transparência Brasil mantido por nosso Congresso Federal.

    Atenciosamente, Jonathan ‘Hamelin’ Malavolta, um brasileiro desiludido com o governo de seu próprio país.

    1. A bem da verdade, sr. Malavolta, tenho acompanhado quanto possível alguns “empresários” que mais “tocam trombetas” quando vão “ajudar”, do que efetivamente (ajudar), além, evidentemente, das fake news criadas por fãs e fomentadas por estes mesmos ditos “empresários”:

      https://www.estadao.com.br/estadao-verifica/falso-empresario-hang-havan-aeronaves-rio-grande-do-sul-fab/

      Contudo, as FFAA e os governos federal e estadual, têm deixado, em muitos quesitos, bastante a desejar.

      Os verdadeiros heróis dessa tragédia anunciada que, estão, de fato, fazendo a diferença, são a sociedade civil – milhares de pessoas anônimas, que passam “despercebidos” pela mídia comum e pelos holofotes.

      Estes sim fazem a diferença. E isto já é um começo de uma sociedade no caminho certo para a mudança… 🙂

      Abraços.

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