2024 é um ano bissexto: tem 366 dias.
Assim, neste ano de 2024, existe o dia 29 de Fevereiro: o dia a mais deste ano.
Para que os Humanos soubessem quando semear, quando fazer as colheitas, etc, tinham de ter um género de calendário agrícola.
Tinham de saber quando fazer essas atividades, tendo em conta as condições climáticas e as condições do terreno (com mais ou menos água).
O problema é que as convenções humanas, apesar de necessárias, são sempre limitadas.
É muito difícil conciliar as convenções humanas com os ciclos naturais terrestres.
Assim, criar um calendário que tenha uma harmonia total com o ciclo solar é praticamente impossível.
Daí que sempre houve necessidade de ajustes: a convenção humana (calendário) utilizada, tinha sempre que ser ajustada temporariamente ao ciclo solar natural.
Se isso não fosse feito, a agricultura poderia ser caótica… e consequentemente, ineficaz.
Sem surpresa, existem registos desses ajustes há milhares de anos atrás.
Antes dos Romanos já existiam calendários bastante bons, como o Grego, o Egípcio, o Babilónico ou o Persa. Por exemplo, os calendários Hebreus, Chineses, Budistas já eram luni-solares, que continham um “mês a mais” para se ajustarem aos ciclos lunares e solares.
No entanto, como em termos históricos se dá prevalência à Europa e ao Ocidente, o que é mais conhecido popularmente é o calendário Romano.
O primeiro calendário romano foi implementado pelo fundador de Roma, Rómulo, cerca de 753 a.C.. Era um calendário lunar.
Esse primeiro calendário era tão mau (tinha só 304 dias), que a primeira reforma ocorreu com Numa Pompílio, cerca de 713 a.C., adicionando dois meses ao calendário. Passou a ser um calendário luni-solar.
Mesmo assim, o pontifície máximo de Roma tinha que, de forma subjetiva, adicionar um mês extra de 22 dias, a cada dois anos.
Vários outros ajustes, menores, foram sendo feitos ao longo dos séculos, incluindo em 324 a.C.
Apesar de todos os ajustes, os desfasamentos iam se acumulando.
No ano 46 a.C., o calendário já estava desfasado 90 dias (3 meses!) em relação à Primavera. Basicamente, o desafasamento era já de uma estação completa! Mesmo as festas sofriam com isso: as festas Romanas da Primavera, com muitas flores, que aconteciam no mês de Março (que era o primeiro mês do Ano), por altura do Equinócio da Primavera, já não tinham as flores coloridas e vibrantes.
Então, no ano seguinte (45 a.C.), o sábio Sosígenes de Alexandria organizou o calendário de uma forma mais eficaz, e deu-lhe o nome de Calendário Juliano, em honra de Júlio César. Este calendário solar era baseado no calendário Egípcio: 365 dias, divididos em 12 meses, com o acrescento de 1 dia a cada 4 anos, e a começar a 1 de Janeiro. Assim, era tudo muito mais simples.
Para que o calendário ficasse ajustado com o Sol, esse ano teve 445 dias!
No entanto, por erro, foi implementada a regra de ano bissexto a cada 3 anos.
Isto levou a que no ano 10 a.C. já existia um desfasamento acentuado. Por isso, os anos bissextos foram suspensos durante 18 anos.
No ano 8 d.C., o imperador César Augusto implementou a regra de Júlio César (1 dia a mais, a cada 4 anos) e tudo ficou bem.
Mas, como já foi dito, mesmo assim não foi possível uma harmonia total: continuou a existir um ligeiro desfasamento, que se ia acumulando ao longo dos séculos.
Em 1582, o Papa Gregório XIII institucionalizou o Calendário Gregoriano. A primeira medida foi fazer “desaparecer” 10 dias: as pessoas foram dormir a 4 de Outubro (quinta-feira), e acordaram no dia seguinte, que era uma sexta-feira, dia 15 de Outubro. E a medida mais importante foi calculada pelo matemático Cristhovan Clavius: continuamos a ter anos bissextos, exceto em anos que terminem em 00… a não ser que sejam múltiplos de 400. Por exemplo, o ano 2000 foi bissexto. Assim como foi o ano 1600 e serão os anos 2400 e 2800. Mas o ano 1900 não o foi, nem será o ano 2100.
Apesar de muito mais preciso, este calendário continua a ter um pequeníssimo desfasamento.
O ciclo solar (ano trópico) é definido como o intervalo entre o início de duas primaveras consecutivas no hemisfério Norte. Assim, o ciclo completo da Terra é de 365 dias, 5 horas, 48 minutos, 45 segundos e 216 milésimos de segundo (quase 6 horas).
A cada 4 anos, existe um desfasamento de quase 24 horas (1 dia): daí o ano bissexto. Mas na verdade, o desfasamento é de 23 horas, 15 minutos e 864 milésimos de segundo.
Por isso, existe a inclusão das exceções aos anos bissextos e aos múltiplos de 400. Isto faz com que o calendário fique mais preciso.
O ciclo solar (ano trópico) tem a duração média de 365,24219 dias. A duração é média, porque existem “perturbações da órbita da Terra por ação da Lua e de outros planetas do Sistema Solar, em particular Vénus, Júpiter e Saturno, que a desviam de uma elipse perfeita“. Isto torna as contas ainda mais complicadas.
Já no Calendário atual, Gregoriano, por cada 400 anos, o ano tem uma duração de 365,2425 dias.
Os ciclos são quase iguais. Mas não são bem iguais. A precisão é incrível, mas não exata.
Por isso, vai sempre existir um desfasamento de 26 segundos a mais por ano, ou 1 dia a cada 3223 anos.
No ano 4800, teremos que fazer um novo ajuste de 1 dia. Provavelmente, o ajuste será não o considerar como Ano Bissexto.
Isto claro, se nessa altura ainda utilizarmos este calendário.
Pessoalmente, espero que no ano 5000 seja utilizado um calendário baseado em stardates…
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